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domingo, 4 de abril de 2010

Bandeira, o símbolo?


Uma bandeira não é um símbolo qualquer. Uma bandeira é o grande símbolo. Uma bandeira é a instância máxima de um país, estado, município, de uma organização, de um movimento, enfim... É a bandeira que é hasteada nas ocasiões mais nobres. E também todo dia. A bandeira é a própria imagem do que ela representa. Quando um rei ganhava uma guerra, lá em outros nobres tempos, a bandeira vencedora subia bem alto na fortificação derrotada, para mostrar quem era o novo rei. E a bandeira derrotada era enrolada, ou queimada, ou rasgada, em ato de humilhação aos derrotados . Isso porque a bandeira representava o próprio rei posto, representava o seu próprio povo. A bandeira é sim muito importante, e ela deve ser sagrada para os seus defensores.

Quando alguém, ou alguma instituição levanta uma bandeira, na minha humilde opinião, essa bandeira deve ser o motivo real desse movimento. A bandeira é tão importante, que ela não pode ser usada levianamente, ou por interesses pessoais, porque interesses pessoais nunca fecham com os interesses de um país, ou de uma causa, ou do que quer que seja. Porque tudo isso é grande demais para ser usado por uma pessoa em nome de tudo que a bandeira representa. Bom, pode haver um exército de um homem só, mas nesse caso, ele que levante e cuide sozinho de sua própria bandeira.

Eu fico temeroso, realmente temeroso, quando uma bandeira é tomada por interesses pessoais, ou pior, indo até a interesses financeiros, porque isso expõe uma grande idéia, um grande movimento, a algo que não tem sua total representatividade. As vezes. Porque as vezes pode funcionar, mas não sem oferecer algum risco à sua própria bandeira. Recorro então, mais uma vez, a um programa de televisão que acompanho já há anos, para exemplificar a utilização de uma bandeira muito importante e de muita luta em dois casos, distintos, e com desfechos igualmente distintos. Mas ambos fizeram uso de um bandeira para fins pessoais, fato inegável. Alguns anos atrás, o Big Brother Brasil apresentava um participante homossexual assumido. Nada demais. Porém, na primeira vez que votado pela casa, ele iria enfrentar votação popular, esse participante disse ao vivo que foi votado justamente por ser homossexual. Reduziu todo o programa a essa questão, à perseguição à um participante homossexual. Se isso aconteceu ou não, não é agora importante o mérito da questão. O fato é que a bandeira foi usada em razão pessoal. Desta vez a bandeira colorida acabou sendo bem representada, o participante venceu o programa e não comprometeu a causa. Mas usou a bandeira, e poderia tê-la comprometido caso cometesse algum erro mais forte. Porque afinal, ele hasteou a bandeira, se auto-denominou seu representante e a colocou lutando ao seu lado, em jogo que valia 1 milhão.

Em nova edição, a décima, o Big Brother Brasil trouxe três homossexuais, e novamente senti o uso dessa bandeira em pról de objetivos pessoais. Mas fato curioso, não por todos. Um deles, nem usou, foi o que foi, fez sua participação, íntegra, correta, ele mesmo sem apelos. Defendeu sua ideologia, seu modo de viver, ouviu e se fez ouvir. E ganhou respeito, e foi sim respeitado. Outro flertou de leve, mas não abusou, não hasteou, muito. Já um terceiro hasteou. E foi além. Em nome da bandeira, perseguiu, caluniou e acusou outro participante. O acusador, homossexual, visivelmente esperava que fosse atacado e perseguido justamente por quem ele acusou e perseguiu. Usou de conceitos de homofobia bastante perigosos, já que pelas linhas que definiu para assim rotular o participante que acabou como o vencedor do programa, muitos que não amem e defendam a causa pudessem ter alguma, mesmo que muito leve, identificação. Um movimento via de regra injustiçado e que sofre preconceito através dos tempos, e ainda hoje luta por seus direitos dia a dia no mundo todo, na minha visão, luta por respeito, igualdade, e reconhecimento. Mas isso não inclui que todos devam hastear a sua bandeira e ficar na obrigação de amar todo seu modo de vida, que na verdade não é absoluto ao movimento, já que é sim muito pessoal para cada um. Usar de argumentos tênues, em um programa de tanta audiência, pode dar a impressão que um movimento tão sério e que luta por respeito e espaço, pode usar de argumentos que ele mesmo combate: Obrigação de gostar de um modo de vida, exigir comportamentos, rotular e acusar... Entre outros. Mas é claro, e disso não tenho dúvida, que isso é ato isolado, foi uma opção de um participante, que estava em um jogo disputando prêmio de 1,5 milhão de reais, e não a representação oficial de seu sério e justo movimento. Até porque, um movimento desse porte não tem presidente, nem embaixador, nem rei. Há de cuidar portanto, quando se hasteia uma bandeira que representa milhares. Porque uma bandeira, é demais, é demais mesmo, para qualquer pessoa hastear e se julgar representante, e em nome dela acusar e rotular, e pedir que o movimento o defenda, e condene seu oponente pessoal. E isso aconteceu quando se estava em um jogo, onde o prêmio é um cheque pessoal, nominal, e intransferível. Um cheque de 1,5 milhão de reais. Não seria responsabilidade demais fazer uso de uma bandeira tão importante para um fim dessa natureza?

Uma bandeira é muito grande. Uma bandeira é responsabilidade demais. Que as bandeiras sejam sempre respeitadas, e que sejam sempre objeto de sua luta justa e legítima, e que não sejam utilizadas para fins que não sejam justamente os seus, e nada mais. Nada mais.



Amanhã, complementando o fechamento do BBB 10, temos a análise das melhores e piores jogadas desse BBB. Lá na Artigolândia no BBB.

18 comentários:

  1. Caramba, puta texto! Um artigo assim merece circular na NET e ser lido por muitos! Voltou afiado. Parabéns, Rico!

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  2. Arti,

    belíssimo post, como sempre.

    E não é "amor de mãe", já que os do blog te admiramos muito, você sabe, mas é pelo seu talento indiscutível de colocar em palavras assuntos muitas vêzes periclitantes de uma forma séria, objetiva e extremamente elegante.

    A bandeira como slogan, como campanha, como definição. Foi realmente a "arma" que o participante Dicésar tentou utilizar, e felizmente o tiro saiu pela culatra, porque seria injusto agora colocar em tela de juizo a outro participante, o Dourado, que em outra edição ironicamente foi ele sim julgado e condenado por sua condição de "moicano", transgressor, irreverente e muitas vezes descarado.

    Creio que a situação forçada por Dicesar ainda vai dar muito o que falar, vão jorrar rios de tinta a respeito.

    Mas felizmente neste imenso Brasil são poucos os que se deixam levar por falsas bandeiras, ou bandeiras e slogans que são utilizados pelo oportunismo de alguns.

    A luta de Dourado nesta edição foi titanica, porque ele SIM que teve que lutar durante todo o programa contra o preconceito dos demais participantes, cuja atitude e opinião formaria a atitude e opinião dos votantes aqui fora da casa.

    Foi uma luta ter que demonstrar cada dia que ele SIM era digno de ser mais um participante, que ele SIM era digno de uma segunda chance não deles, os demais participantes, mas da VIDA.

    Isso é muito mais duro do que vocês imaginam.

    Passei eu mesma durante uns anos por situação parecida: vivi no exterior, na Europa, e quando lá cheguei, já casada, com minha profissão liberal, tanto como meu ex-marido (ele sim era de lá), me encontrei com a opinião do povão de que Brasileiro ou era jogador de futebol ou prostituta.

    Preconceito.

    Duro, na pele.

    Você ter que demonstrar a cada minuto do seu dia a dia quem você é para pessoas que não estão nem aí preocupados contigo, apenas o prazer de tentar humilhar.

    Escutar frases como "Tu não é Médica nada, deve ser esses cursos que se fazem e que depois tem que vir para a Europa para validar"

    Ou

    "As Brasileiras são todoas umas "calienta braguetas" expressão utilizada para denominar as mulheres que apenas estimulam as reações sexuais masculinas.

    E conviver com esses preconceitos sem perder minha identidade foi uma das coisas mas duras de conviv~encia.

    Por isso entendo o Dourado das primeiras semanas, a dureza de ouvir uma e outra vez palavras descorteses, olhares de desprezo, ser ignorado sistematicamente, e depois ver a cruzada desumana de Dicesar com relação a isso, para desmoralizar Dourado.

    Espero que esta situação não perdure, porque não é justo nem Humano que Dourado tenha que estar demonstrando uma e outra vez que ele não é Homofóbico.

    Em isto acontecendo, teremos que forçosamente acreditar que ele está sendo alvo de preconceito.

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  3. Nossa,Rico,dizer o que,depois dos comentários do Rubens e da Nalvaclara sobre o seu fantástico texto?
    Está uma pintura,está perfeito!
    Parabéns mais uma vez e sempre !
    M.Laura

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  4. Aportando por aqui....

    Leio e comento mais tarde !

    Gotas.

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  5. Oi Rico/Arti! (Tem preferência? :D)

    Delicioso o seu texto! Eu postei ontem, lá no tópico "Percepção" no Artigolândia no BBB, um comentário pequeno no qual eu esbocei exatamente esta visão de levantar a bandeira no BBB de forma equivocada. Vi no Faustão ontem o representante do grupo Arco Íris colocar no mesmo saco todas as "variantes de homossexualismo" (se é que realmente existe esta classificação). Segundo ele vai desde chamar alguém de veado/viado no transito até matar homossexuais. Achei péssimo para o movimento gay pq como vc bem expôs no post "Usou de conceitos de homofobia bastante perigosos, já que pelas linhas que definiu ... muitos que não amem e defendam a causa pudessem ter alguma, mesmo que muito leve, identificação."

    E para piorar dois destes ex participantes homossexuais continuam batendo na mesma tecla, cometendo os mesmos erros de confinamento com o objetivo único de se manter na mídia, por motivos PESSOAIS. Se antes eu tinha motivo para "perdoá-los" devido a visão conturbada do jogo, agora me dá raiva ler/ouvir suas declarações.

    Estava pensando em exemplos de causas prejudicadas por ter pessoas e/ou organizações levantando a bandeira de forma errada ou por motivos pessoais. Achei tantos que deu até preguiça de escrever!..rs

    Minha opinião é que o ato de "levantar a bandeira" deve ficar hoje restrito a cerimônias oficias. As campanhas devem ser informativas e de alerta. Para ter efeito nada melhor do que dar o exemplo. Atitudes e comportamento exemplar no dia-a-dia. Tenho um filho de 5 anos. No dia-a-dia de minha família ele não tem este exemplo de atitude homofóbica. E sempre que vejo algum comentário preconceituoso de algum parente explico ao meu filho que não é legal. Vale o mesmo para campanhas ecológicas, de saúde, etc. De que adianta levantar a bandeira contra o preconceito e ter atitudes preconceituosas, de falar da campanha de combate ao câncer e não fazer os exames necessários, de fazer coleta seletiva de lixo e jogar lixo pela janela do carro?

    Hoje amanheci tão inspirada em causas sociais que estou até com orgulho de mim!....rs

    Agradeço a oportunidade de me expressar (mesmo não tendo a habilidade do Rico/Arti)!
    Grande abraço a todos!

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  6. Poxa meu comentário não foi aceito... deu erro... de qualquer forma parabéns, continuaremos juntos no pós BBB

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  7. Art,
    Belissimo post

    "Porque uma bandeira, é demais, é demais mesmo, para qualquer pessoa hastear e se julgar representante, e em nome dela acusar e rotular, e pedir que o movimento o defenda, e condene seu oponente pessoal."

    Comentei la no Artigolandia BBB o quanto estava de saco cheio justamente com essa atitude de alguns individuos, sim, de alguns!
    Não posso levar a serio o levantar dessa bandeira por um individuo claramente sem carater, fofoqueiro e mentiroso.Ah, e extremamente preconceituoso e complexado.
    Se a pessoa não gosta dele, é porque ele é gay. Muito simplista esse pensamento.As pessoas não gostam dele e não o respeitam pelas suas "qualidades" já relatadas acima. As pessoas que o defendem, o fazem pelo politicamente correto, por preconceito contra Dourado e nunca por atitudes homofobicas.Que grupo ou movimento se sente representado por esse individuo? Se alguem o faz , esta abrindo mão de posturas que o fariam ser respeitado como individuo, como ser humano, independente de conotação sexual, de credo ou de raça.

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  8. Art,

    Puxa vida..que texto....vc sempre consegue ser certeiro nas sua posicoes sobre tudo que escreve.parabens! Quem bom ter descoberto seu blog e vc!.

    Voltando ao Dicesar, lembro bem que nos primeiros dias do programa, ele comecou falando de Dourado com todos, mas primeiramente com Morango..que tinha odiado o Dourado no BBB4, que nao gostava dele...e foi ele que foi minando a todos com seu preconceito contra Dourado.

    lembro dele falando mal de Dourado pelos cantos da casa, mesmoq do Dourado nem falava com ele..logo no inicio. Pra mim..quem colocou todos la contra Dourado..foi Dicesar. Ele veio com esse odio dentro dele..e resolveu se vingar.

    Morango tenta se colocar contra Dourado pelas atitudes dele na casa e no jogo, mas qdo pode tb afirma ser homofobico.

    Hoje na AMB so pude comprovar que Morango realmente nao era a pessoa que me parecia ser na casa. No momento da ruptura com Dourado, ela mostrou sim..como ela é. A postura dela aqui fora nao querendo nem pronunciar o nome de Dourado mostra a inveja e a dor de cotovelo que sente por nao ter conseguido seu intento....ja que naquele paredao ela tinha certeza que ele ia embora e nao ela.

    Errar tem perdao...mas nao reconhecer o erro nao merece consideraçao. veremos agora qto tempo vai durar os 15 minutos de fama da Morango.

    Dimmy, como pessoa da noite, vai trabalhar bem mais com certeza, mas a visibilidade dele tera 2 pontas..pois revelou o que ha de pior dentro dele.

    Beijos..volto mais tarde..

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  9. Meu Deus!!!!! Arti, que maravilha de texto! Não há nada para acrescentar, sòmente para comentar:Nalvaclara, eu também morei na Europa, na Itália, e foi muito difícil pelo preconceito com os brasileiros. Milão é uma cidade fria, tanto de clima como de afetos, foi muito difícil. Isso porque meu ex-marido era diretor de Banco, consul, e a nossa vida era de padrão médio alto. Mesmo assim, morri de saudades do Brasil. Pelo que vi hoje, até a Preta Gil ficou com medo, das cobranças (ameaças???) dos coloridos, porque ela falava que estava quieta... meio assim... e olhava para o Dicesar. Eu espero, que tudo isso passe o mais rápido possível. Bandeira, como disse o Rico, é coisa muito séria.
    É crime vilipendiar a bandeira, qualquer bandeira. Um ser humano sem categoria, sem honradez, como o Dicesar, usar da bandeira dos gays, para exigir, vencer um programa de televisão, uma Morango, preconceituosa, ela sim, idem, idem??? A troco do quê? Quem defende realmente, essa bandeira, deveria envergonhar-se ao ver pessoas como essas enroladas e pretendendo serem protegidas pela bandeira da causa dos gays.

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  10. monica-amo dourado e dourado sempre5 de abril de 2010 às 17:02

    belissimo texto, mais uma vez, me curvo aos seus pés. nada a falar ja falaram tudo aqui o que penso.

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Excelente texto, Arti.

    Porém, devo acrescentar que a atuação de Dicésar e Morango fez revelar o que há de pior no movimento GLBTT. A ala mais fascista, radical e manipuladora deles.

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  13. Rico, como sempre perfeito!!!
    Querido, acho que bandeiras devem ser levantadas, mas com seriedade e pelas pessoas certas.
    Uma bandeira não é o estandarte de um só homem...
    Não se deve usá-la para proveito único ou para camuflar intenções escusas..
    A ditadura da obrigação me assusta e aborrece...
    Luto pelos meus ideais; e, estes podem não ser os dos outros...
    Abs

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  14. Uau!!!!Caramba, maravilha de texto!!!!

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  15. Rico
    Q maravilha!!!!
    Bandeiras hasteadas devem ser , acima de tudo honradas, dignas de respeito .
    Hj em dia, é uma frase tão comum!!!! Tds levantam uma bandeira!!!!
    Facil falar, dificil honrar!!!!

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  16. Ainda é muito recente o fato ocorrido no BBB10 para que a gente consiga dissociar e deixar de comentar nessa discussão sobre a responsabilidade no desfraldar de bandeiras.

    Dicesar, o auto-intitulado representante do movimento gay, empunhou acintosamente a bandeira do arco iris e se mostrou disposto a usar de todas as armas para desestabilizar e destruir a imagem de Dourado. No final do jogo, provocou Dourado com discussões de alta agressividade. Chegou a dizer que tentaria provocar uma agressão física para conseguir uma desclassificação. Jogo sujo. Mas Dicesar mesmo perdendo já consideraria uma vitória se conseguisse tirar Dourado do serio, abalando sua estrutura e conseqüentemente tirando-o do jogo. Ele estabeleceu esta disputa pessoal durante o jogo todo, mesmo quando Dourado por diversas vezes buscou a aproximação. E essa fixação pode ter nascido porque Dourado não teve para com ele a reação, esperada inclusive pela produção, homofobica, rude, segregadora, agressiva, do estigmatizado lutador machão pitbull tatuado. Essa era a jogada esperada para se consagrar como o homossexual perseguido publicamente, e por conseqüência atrairia a simpatia de todo o publico do BBB. Seria um Jean Willis mais agressivo e combatente. Esta atitude provocativa de Dicesar causou um embate entre as torcidas, com acusações infundadas de ambas as partes. Criou-se uma animosidade nunca vista, que chegou a preocupar grande parte dos espectadores, da produção e dos movimentos sociais envolvidos.
    No dia do paredão entre Dourado e Dicesar, Bial demontrou essa preocupação e buscou uma aproximação entre as duas figuras principais. Utilizando-se de cenas protagonizadas por eles mesmos durante o programa, Bial apresentou os erros e acertos de convivência entre os dois, pedindo que se cumprimentassem a moda dos lutadores, que ao final do combate se congratulam respeitosamente, deixando para traz, na arena, toda a agressividade e confronto.
    Dourado respeitosamente se posta diante de Dicesar e o cumprimenta. Dicesar, visivelmente incomodado, retribui timidamente o cumprimento.
    Bial finaliza:
    .”O jogo impediu que essa compreensão fosse feita de forma expressa mais vezes. Mas foi feita. "A guerra de vocês acabou. Bandeira branca, amor. Eu peço paz. Vem fazer o que você sempre fez aqui fora. Vem lutar aqui fora, Dicesar"

    Essa bandeira de paz foi levantada também em rede nacional, e quando se esperava que a trégua se transformasse em boa convivência, Dicesar magoado, continua a levantar a bandeira do homossexual perseguido, tentando se manter permanentemente na mídia.

    Mais uma bandeira desrespeitada unicamente para atender aos interesses pessoais de um individuo inescrupuloso.

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  17. Sem muito o que acrescentar.

    Só uma leve discordância; eu achava que só o Dicésar, com uma visão estreita na casa, pudesse enxergar o que enxergava. Mas vi homossexuais aqui fora defendendo ferrenhamente a idéia de que o Dourado era um homofóbico fascista - e eles tinham 90 câmeras pra ver se isso era fato ou mentira. Até o Presidente de um Grupo de defesa aos gays disse isso.


    Agora o mais importante, que é quando a coisa sai da esfera do programa de TV: eles são assim no dia a dia? Eles enxergam homofobia onde não existe? Arqueam uma bandeira pra se proteger de defeitos pessoais que independem de orientação sexual, e sim de caráter?

    Esse é o perigo. Porque eu vi muito homossexual amargo e ressentido proliferando palavras de extremo ódio a um Dourado de conduta impecável; um Dourado que, confessava, não era um S de GLS - não era um simpatizante. Mas simpatizante não pode ser obrigado, ou pode? Respeitar deveria bastar. Não agredi-los deveria bastar. Será que no dia a dia reclamam e julgam aqueles que não os abraçam ou beijam? Aqueles que não tratam homens como se mulheres fossem? Porque pra mim, homem ser tratado como mulher, só se for um transsexual pós operado; de resto, pra mim, é homem e com H. Não vai ter o H se tiver desvio de caráter, e não pelo que faz na cama.



    Então fica a reflexão: de qual lado parte o preconceito? Há tantas campanhas públicas contra a homofobia e o preconceito contra os homossexuais; mas não há nenhuma que ensine a viverem harmoniosamente. Até onde vai o preconceito e o ódio que os homossexuais, cansados de terem sido agredidos, sentem?

    Um Dicésar, que se assumiu em outros tempos, se porta diferente de um Serginho, filho da modernidade, de boa família, que não deve ter sofrido tanto quanto o drag queen maquiador e mais velho.

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  18. ufa! tolerância zero pra quem esteou a bandeira em causa própria, eu me permito.
    .
    tolerância zero para o presidente da arco-íris q entrou de gaiato no navio afundado do companheiro de opção sexual, mas nunca um companheiro com o caráter que gostaríamos de ver na telinha.
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    temperância! essa não tem bandeiras ao léo em nome de uma categoria só. seja ela qual for.
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    temperância, a aceitação da alteridade.
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    belo texto, art. abrs

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