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domingo, 11 de abril de 2010

Depreciou? Chama o Síndico!

Uma coisa que me deixa maluco em conversas de buteco, é a tal da depreciação. Quanto é difícil elogiar alguém, sem depreciar outro alguém! Como é difícil! Chega um chefe novo, e todos dizem: Caramba, como esse cara é legal! Muito diferente daquele outro safado que se achava o máximo! Que diferença! E isso vale, com o professor, com o colega de aula, com o vizinho, com o goleiro do time do coração... A lei da depreciação no elogio é tão válida que um elogio sem depreciar outra pessoa soa até estranho!

Então ontem, chegando na portaria do edifício onde moro, encontro o novo síndico, eleito 3 meses atrás. E já chego feliz, elogiando, falando da nova cerca elétrica (já que moro no Brasil, país onde os cidadãos moram no presídio e os bandidos fora dele), das modificações que ele anda fazendo, e claro: Criticando a ex-síndica! Porque agora sim o prédio tem pulso, antes parecia tudo abandonado, ninguém se importava com nada... Enfim. Segui uns 15 minutos naquele caminho que vivo criticando, o elogio depreciativo. Afaga de um lado batendo no outro. Parece que elogio é um artefato finito, que para entregar algum, você precisa fabricar ele retirando de outro lado através da depreciação. Parece que para entregar com a mão direita, precisa tirar com a mão esquerda. É algo que realmente me intriga e me incomoda.

Findada a sessão elogios ao novo síndico, que ouvia tudo em um silêncio perturbador, segui prédio adentro. Mas segui caminhando quase em dúvida, intrigado com a indiferença com a qual o síndico que vinha fazendo um excelente trabalho ouvia a tudo que eu falava. Todos adoram elogios! E esse senhor parecia ficar cada vez mais contrariado ao ouvir o quanto ele era mais competente que a antecessora dele, aquela mulher que ninguém sabia que existia! Então já quase no elevador, o porteiro me chama todo sem jeito:

- Senhor, senhor!
- Fala Zé Mario! Mas senhor não, por favor!
- Então, é só para avisar, que quando for elogiar o síndico, não fale tão mal da esposa dele! A ex-síndica!

É. É moleza ficar intrigado e irritado com o que os outros fazem. Portanto, é como eu digo: Depreciou? Chama logo o síndico!


sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O disjuntor e os três patetas

Foi lá no 302, naquele fabuloso primeiro ano de Capitolândia, que aprendi alguma coisa sobre instalações elétricas. Os personagens ainda eram o Cresponildo, o Gorducho e eu. O 302 era aquela residência caricata que já descrevi, mas ainda tinha algumas particularidades extras, que ainda vou contando...

Uma delas era o quadro de disjuntores do apartamento. Ele ficava atrás de um espelho todo cheio de estilo, talvez indiano, ou algo oriental não bem definido. Ele estava na lista mas não me lembro da origem dele, e nem do preço. Sim, existia uma lista, anexada ao contrato de aluguel, que citava cada item do apartamento (que era realmente mobiliado de cima a baixo), e informava o seu preço. Em dólar. Nunca esqueço das almofadinhas. 6 dólares cada. Esse item era caro. As pistolas árabes custavam em torno de 100 dólares, e confesso que quase "comprei" uma quando saímos. Mas lá estava o espelho. E atrás dele, aquilo... Um emaranhado de fios tão cretino que nem vou exemplificar visualmente agora, pois não cairia bem considerando minha profissão. O fato é que volta e meia esse monumento a segurança elétrica criava vontade própria. Se comunicava com a gente. Manda sinais de fumaça, sinais luminosos, e até sinais sonoros. Muito tranquilos, os dois estudantes de Eng Civil, o Gorducho e eu, administrávamos aquela entidade.

Em uma daquelas sexta-feiras, sempre muito movimentadas, a entiade quadro de disjuntores resolveu se manifestar de forma mais contundente. Emitiu sinais sonoros, luminosos e de fumaça. Todos ao mesmo tempo. E traduzindo elas com o protocolo de comunicação que desenvolvemos com a entidade concluímos: Este curto-circuito foi muito forte. Então nos pegamos literalmente de mala na mão, porque estávamos indo os três para a Interiorlândia. Não havia tempo de chamar um eletricista. Na verdade, se tivesse também não iríamos chamar. Mas também não havia tempo de conversermos a entidade a não queimar nossa casa. Então algum dos três genios, que não consigo lembrar qual foi, sugeriu: Desligamos a chave, e quando voltarmos domingo a noite, tentamos alguma coisa. Feito.

Viagem tranquila, 6 horas através da noite, para ficar menos de dois dias na Interiorlândia. No sabadão almoço de família reunida, conto feliz da vida da nossa perspicaz idéia de desligar tudo, eliminando assim o iminente risco de incendiar meio centro da Capitolândia. Então meu pai, que é do tipo quietão, mas quando fala ou é muito engraçado ou tem razão, pergunta: Desligaram é? Então imagino que tenham esvaziado a geladeira, porque na semana passada vocês levaram caixas e mais caixas de resfriados e congelados para lá...

Ops...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O milho do piá

Essa foi outra pós festa. Era tudo o que havia pra fazer lá no Balneário, o que podíamos inventar se não era possível entrar na água? Festa ué. O dia pertencia ao sono. E a noite... Bem a gente tomava conta da noite. Em uma dessas noitadas, pegamos o tradicional bondinho da barra para casa. Dessa vez claro que eu estava muito esperto e não cheguei perto de trailer nenhum. Desci no lugar certo. Como o dia estava amanhecendo, sentamos na frente do prédio e ficamos esperando notícias do outro parceiro que já tinha vindo mais cedo.

Então o Babus morto de fome foi pegar um milho. Eu admiro quem acorda cedo para trabalhar. Na boa, eu odeio acordar cedo. Agora imagine sair as 5 da manhã de casa para vender milho verde. A senhora do milho verde era uma guerreira. As 6 da manhã o milho da senhora já estava na beira da praia, esperando os virados chegar das festas. E vinha o Babus atravessando a rua feliz da vida, babando grãos de milho para todo lado. Só que aparecem dois argentinos. Eu gosto da Argentina. Sei que a maioria dos brasileiros odeia argentinos. Mas eu amo tanto Buenos Aires, que não me importo com eles não. Até admiro o sangue quente deles, que tanta falta faz no nosso povo molenga que aceita tudo. Mas vinha lá aquela dupla de hermanos, grandes, eram grandes mesmo. Mas o fato é que os argentinos também tinham fome. E eram grandes. Como eles tinham fome, um deles pediu uma mordida do milho Babus. O Babus estranhou, respondeu que não, que ele é que tinha fome, e seguiu andando. Ou tentou. Porque o maior deles parou o Babus e disse em bom português: "Magrão, você não está entendendo, me dá o milho!"

E lá veio o Babus, ainda com um grão de milho no dente esbravejando: "Fui roubado, me roubaram o milho! E você seu filho da mãe, pára de rir! Eu fui roubado! Roubaram o milho do piá!".

Ainda sem conseguir parar de rir, entramos no elevador. Eu vivia zoando aquele elevador. Como sempre dei um cascudo na porta com ele em movimento. Ele deu aquela parada brusca mas muito legal, como sempre. O Babus furioso, porque dizia ele estar precisando comparecer ao Wilson Carlos (WC) para o número 1. Mas depois do episódio do milho, sinceramente duvido. Devia ser o número 2. Certamente o 2. Já que ele tinha tanta pressa dei a segunda porrada no elevador, que via de regra colocava ele de novo para funcionar. Via de regra, porque dessa vez não funcionou. Eu quase passei mal. De rir. O Babus ficou tão furioso, e eu ria tanto que mal podia ficar de pé. O cara ficou mesmo furioso, certo que era o número 2. Certo. Várias porradas depois, e nada do elevador se mexer. Não tinha jeito, tivemos que pagar o mico de soar o alarme e acordar o prédio todo as 6 da manhã para sermos resgatados. E fomos, depois de quase 20 minutos soando o alarme... E o Babus lá, enquanto eu ria, segurando o número 2!





O divã do 302.

Como sempre, as coisas são deixadas para a última hora. E assim foi na questão do ap da Capitolândia, quando Cresponildo, Gorducho e eu saímos da tranquilidade de casa para encarar a tal da faculdade. As aulas começavam meados de março. E já era dia primeiro de março e ainda não tínhamos onde morar. Então do dia para a noite achamos esse ap. Cheio das particularidades, todo mobiliado e com um estilo nada convencional. Era no coração do centro, um movimento maluco, mas bem localizado perante os endereços dos amigos e futuros colegas. Fomos lá para a Capitolândia fazer o contrato e ficou acertada a data da entrada: Na segunda-feira, uma semana antes do início das aulas, para efeito de deixar mês fechado no contrato. Mas como as aulas só iniciavam na semana seguinte, falamos que iríamos na sexta.

Eu quis aproveitar as férias até o último minuto. Só iria no domingo. Mas os guris resolveram organizar as coisas antes e pegaram o trem ainda na quinta-feira. O trem bala leva 6 horas até a Capitolândia, e chegava as 5 da manhã. Então chegaram ao novo lar as 5 meia, cansados e loucos por uma cama. Contam eles que ficaram quase 1 hora, com todas as malas e caixas adequadas a uma mudança de casa tocando a campainha e batendo na porta. Eles tinham a chave, a chave abriu, mas a porta ainda tinha uma tranca interna, que curiosamente estava fechada. O ap já estava a nossa disposição, mas como falamos em chegar na sexta poderia haver alguém ainda lá. Apesar que ele já estava desocupado...

Finalmente alguém veio abrir a porta. 1 hora depois, quando os guris já estavam imaginando chamar um chaveiro. E quem abre a porta, toda se desculpando era uma moça enrolada em uma toalha. Toda sorridente e surpresa pela inesperada visita. Se desculpou por estar ainda lá, lembrou que tínhamos falado que só chegaríamos um dia depois, e voltou para o quarto. Os guris ficaram na sala esperando, como ela disse, "a vontade". Eles se jogaram no sofá, ligaram o rádio, mas não puderam deixar de ouvir os sons que vinham do quarto. Ora, era a filha do dono do ap, mandando ver com alguém lá dentro! E seguiram mandando ver até as 8 da manhã...

Depois de terminada a festa, saíram do quarto que seria o do Cresponildo, se despediram tranquilamente dos guris, e deixaram o 302 já deixando a chave... Aí sim os guris foram vistoriar os quartos, se acomodar e dormir um pouco. Como o ap estava vazio, lá estava o divã em pêlo, onde o casal fazia a festa, apresentando algumas manchinhas que acompanharam aquela fantástica peça da mobília pelos 2 anos que lá estivemos. O divã era a própria cama daquele quarto. Um divã de casal, grande, confortável, e manchado... Minha dúvida sempre foi: Será que naquela primeira leva de malas e caixas, o Cresponildo tinha alguns lençóis para cobrir o divã?













A maionese


E aqui vai mais um, dos primórdios do 302...

1994. Meu primeiro ano na Capitolândia. 16 anos na cara. Um piá metido a besta. Neste ano, apesar de ser no 302, os personagens eram outros. Eu morava com o Cresponildo (sim, o mesmo das escadas) e com Gorducho, que nem era mais gorducho. Primeiro ano a gente só aprende e se ferra. Mas faz festa. O cardápio nosso de cada dia era risolis e cerveja. Sim, naquele tempo eu bebia. Lembro que íamos no mercado, lá do outro da cidade. De bus. Caceta, um daqueles hipermercados gigantescos, cheios de gente carregando caixas de leite na cabeça. Que fase! Uma das vezes compramos tanta coisa (caixas de cerveja, massa de pizza, e claro, risolis e nugets) que decidimos voltar de lotação. Pena que fomos para o lado errado. Os caras da lotação, que burros. Tinha o nome da nossa rua escrito! Só não sabíamos que havia outra rua com o mesmo nome lá do outro lado da Capitolândia. Burros, os caras. Da lotação, né?

Então em 1994 a Capitolândia ia receber o maior show do Brasil. Íamos ver Legião Urbana. Era o auge, eu era tão piá que seria o maior show da minha vida. E o show mobilizou multidões. Naquela época, haviam poucos da Interiorlândia morando na Capitolândia, então o evento acabou sobrecarregando a casa. O 302 era imenso. Sério que era. Duas cozinhas lembram! E tinha banheira! Ih, lembrei de outra história agora, da banheira... E foi para o mesmo show! Tá, mas foi um dia antes, vou contar depois.

Compramos as caixas de cerveja, os litros de Grants vieram lá da Interiorlândia e começamos a receber os convidados. Na verdade não havia uma lista de convidados, todos iam chegando. Ninguém lembrou de verificar quantos cada um tinha convidado, muito menos se iam dormir lá ou não. Até onde eu consegui contar, eram mais de 40. Na concentração pré-show. Esse número me deixou ligeiramente preocupado, porque boa parte era de fora, e tinha a impressão que haveria risco de superlotação quando o ap fosse virar alojamento. Por via das dúvidas, passei a chave no quarto, porque tempos atrás eu já havia ficado sem travesseiro em uma dessas badernas. Odeio dormir sem travesseiro!

Depois de algumas horas esmagados na porta do lugarejo lá, onde ia ser o show, conseguimos entrar, aquela população toda. Nem preciso dizer que foi um show fantástico, para nunca mais sair da memória. Ainda mais que em seguida o grupo acabou. Mas foi realmente um show daqueles! Claro que só não apanhamos porque éramos quase um bus lotado, porque só o Damésio berrando "Puton! Puton!" para o Renato Russo quando ele jogava rosas no público já alertou e provocou a íra de toda a vizinhança para os baderneiros de plantão. Mas obrevivemos. E voltamos todos a pé, cantando, zoando, fazendo aquelas coisas de guri novo na rua. Tortos, malucos e em bando. Ainda não era possível saber o que ia acontecer no ap, ou quantos iam dormir lá. Sim, porque o pós show também foi lá. Não sei ao certo que horas o povo começou a ir embora. Não havia problema de barulho, pois embaixo morava uma família de japoneses, que cozinhavam feijão toda noite a 3 metros da minha janela. Ao lado nossas amigas árabes. E na frente sei lá, diziam que era um gigolô profissional.

28. Foram 28 pessoas que dormiram naquela noite. 28 pessoas dormiram no 302 na noite do show do Legião Urbana. E o pior de tudo, ninguém tirou uma foto sequer! O pior de tudo foi não ter tirado uma foto sequer! O banheiro, coitado, que já estava com problemas seríssimos da noite anterior (artigo) era praticamente um zoológico em reformas. Era muito, mas muito difícil caminhar pelo 302 sem pisar pisar na cabeça de alguém. Na segunda noite tranquilizou, apenas 14 pessoas dormiram no 302. Já era bem viável, para aqueles tempos... E na terceira só estávamos nós e o Damésio. Naquela manhã, 3 dias depois do show, decidimos que seria um bom momento para iniciar o processo de desinfecção e limpeza da casa. Essa questão estava ficando bem acima do preocupante. E o nosso normal já era bem preocupante para cidadãos civilizados. Antes de decidirmos entregar a guerra para a sujeira, o Damésio achou um pote de maionese. E antes que percebessemos, ele comeu o pote todo. Com algumas bolachas que vagavam pelo chão. Tudo bem com as bolachas, mas ficamos ligeiramente preocupados com a maionese, porque ela estava fora da geladeira desde antes do show. 3 dias atrás...






terça-feira, 18 de agosto de 2009

Óculos ou banana?

Aqueles anos eram mesmo pura bagunça. Até tinha alguma aula no meio, mas o que imperava mesmo era a bagunça. Para quem vem acompanhando a Artigolândia, o ap era o mesmo do Sabugo e a Coca. Assim como o trio de primos. Só que um deles, o Vanzolin "cheirador de merda" que na verdade nunca pitou um cigarro, usava óculos. E não era qualquer óculos. O Vanzolin tinha simplesmente 23 graus. Era o autêntico FGL (Fundo de Garrafo Legítimo). Naturalmente que ele passava a maior parte do tempo com lentes de contato. Mas tinha um momento que o óculos entrava em cena: A hora de dormir.
Aí é que entra a banana. A banana é uma fruta muito prática. Se descasca fácil, tem substância, e principalmente era uma ferramente de provocação com a torcida do time rival. Que lá na Capitolândia a rivalidade no futebol é uma das maiores do mundo. E voava banana da sacada nos dias de jogos! E claro que o Vanzolin era dessa torcida.

E lá ia ele colocar o óculos. Lavava as lentes, guardava e ia para o quarto com o FGL. Deitava, colocava o óculos na mesa de cabeceira e se preparava para dormir. Nesse momento eu e o Babus, o terceiro e mais velho primo, entrávamos em cena. Roubávamos o óculos e saíamos em disparada. Porque o Vanzolin era maior que nós, e ficava realmente brabo com esse furto. Mas a cena valia a pena! Ele saia enfurecido do quarto, passava voando por nós, encostados na parede do corredor. Vasculhava a casa toda até nos encontrar (isso acontecia quando a gente se mexia...). Aí começava o arremesso de bananas. "Pega o óculos aí Vanzolin!" E voava a banana. As vezes ia um cacho! E ele tinha que pegar cada uma delas, pois os 23 graus não permitiam diferenciar os dois objetos, e deixar o óculos cair no chão seria um péssimo negócio. Apesar que quase todas as bananas caiam no chão de qualquer maneira...
Maldade, eu sei. Mas se for considerar que o Sabugo e coca foi idéia dele... Além do mais, me senti menos sacana anos depois, quando o Vanzolin já morava com outros amigos, e um deles ao invés de jogar banana quando escondia o óculos, batia palmas e dizia: Segue o tubarão...Segue o tubarão... Tubarão é que sabe seguir som, segue o tubarão...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O sabugo e a coca

Nos primeiros anos na Capitolândia tudo era festa. Barbaridade, que nossos pais não saibam disso. Mas era só festa. No segundo ano nós morávamos em 3 primos. 3 meses de diferença de idade cada um. Mas eles não eram primos, eu é que era primo dos dois. Do Babus, e do Vanzolin. O apartamento por si só era uma aventura. Ele era de um ex comandante da Varig, e decorado com peças e acessórios de todos os cantos do mundo. A mesa de centro era italiana. Nas paredes, pistolas e adagas árabes. Tinha duas cozinhas, 3 quartos (um deles não tinha cama, tinha um divã) formando um clima todo meio sombrio.

Nos arredores do apartamento, leia-se um raio de 3 ou 4 quadras, haviam uns 30 colegas e amigos, que faziam do 302 o lugar mais movimentado do velho centro. Não havia dia sem passar por lá no mínimo umas 10 pessoas. Mas tinha um deles que era quase um morador. O Sabugo. O Sabugo vinha de uma cidade de macho meio metido a valente, e recebeu esse saudoso apelido da seguinte forma:
Primeira prova de cálculo na poderosa Universidade Federal da Capitolândia, cidadão segura as folhas do teste e profere as seguintes palavras em alto e berrante som: "Se eu não tirar 10 nessa prova, meto um sabugo no "bolso" (não era bolso, ok?)". Por todo o resto do semestre, a cada aula, havia um Sabugo pendurado no quadro negro. Sempre havia.
Pois o Sabugo era praticamente o quarto morador do 302. E resolvemos fazer uma homenagem a ele.

O Sabugo era um gaudério reto, direito. Nós também. Então resolvemos entortar a linha para ver no que dava. Colocamos o Vanzolin no quarto enquanto o Sabugo chegava para a visita diária, e começamos o falatório.

- E aí gurizada, como estão as coisas?
- Pois é, andando Sabugo. Estão andando.
- Vocês estão com umas caras de bunda, que que houve?
- Nada demais, alguns problemas em família. Fica tranquilo.

Tempo em silêncio, expressões entristecidas...

- Me contem seus merdas! O que que houve!
- Tudo bem Sabugo, vamos te contar. É o Vanzolin. Ele se perdeu na vida. Caiu no pó. A situação está insustentável.
- Como que caiu no pó? Como assim?
- Tá viciado. Cheira o dia todo. Já anda metendo a mão nas nossas carteiras. Ontem pegamos ele saindo com a TV. Tá complicado Sabugo, tá muito complicado.
- E agora?
- Não sei, não sabemos o que fazer

Vanzolin então passa do quarto para a cozinha, com um prato raso e uma colher na mão. Fica uns intantes na cozinha, passa pela sala olhando a todos, e retorna ao quarto.

- Vai começar de novo.

- O que vai começar?
- Espera um pouco Sabugo, você logo vai ver.
- Ahhhh, blow, bléin, ploft!
- O que é isso?

- Fica aí Sabugo, já volto! Já volto!


Silêncio...

- Ahhh, blow, bléin, ploft!
- Não adianta, ele está maluco de novo.
- Como maluco?
- Pois é Sabugo, ele tem tido essas crises, quebra tudo...

Vanzolin tenta passar pela sala mais uma vez, e aí...

- Vem aqui seu cheirador filho da mãe, vou fechar teu nariz a soco seu merda...
- Calma Sabugo, segura, segura, calma Sabugo, não bate no Vanzolin, calma...
- Melhor você ir Sabugo, volta outra hora!
- Eu vou! Eu vou! Mas eu te pego seu cheirador de merda, eu te pego!

Como esperávamos, o Sabugo surtou, queria bater no Vanzolin, e quase conseguiu, mesmo com dois segurando... E quando estávamos no auge do riso, rolando no chão da sala, escutamos os gritos lá de baixo, de fora do prédio...

- Vem aqui embaixo seu cheirador filho da mãe, desce aqui que vou te ensinar a ser homem seu merda! Desce aqui seu cheirador de merda!

- Cala boca Sabugo, eu cheiro o que eu quiser!
- Vem aqui seu merda, vem aqui!

- Vai para casa Sabugo! Não grita aí da rua! Olha a vizinhança...

Rolava. Rolava de rir. Todo mundo rolava de rir. E após algumas horas nos recuperando de tanta risada, fomos na casa do Sabugo contar sobre o trote. Tocamos o interfone, e disse a velhinha que alugava o quarto para ele: " Ah, ele estava muito nervoso, chegou muito nervoso, ele saiu de novo!"

No dia seguinte, o Vanzolin estava todo borrado, com medo de apanhar na rua. Ficou em casa de molho, nem foi pra aula. Mas quem acabou apanhando fui eu, quando contei a história toda pro gaudério, no meio da aula. E isso nem foi o pior! O problema mesmo eram os olhares da vizinhança durante todo o ano seguinte...




terça-feira, 28 de julho de 2009

Sorvete com Chocolate

Quando eu era pequeno, lá na Interiorlândia, eu conheci a menina da bolha. Era engraçada, muito engraçada a menina da bolha. Desde o apelido, Pitunilda, até o jeitinho de rir, era engraçada. A Pitunilda era uma personagem única. Imagine alguém que só come chocolate e sorvete. Chocolate e sorvete. Fora isso, era na livre e espontânea obrigação.

Mas ela escutava Zé Ramalho. Comia sorvete e chocolate, era pequena, magrinha, baixinha, frágil, mas você corria risco real de vida se contaminasse ela. Ah se contaminasse ela... Dizem a boca pequena, lá na Interiorlândia, que beijo na boca para a Pitunilda era como participar de "No limite". Dizem. Muito amigo eu fui da Pitunilda, sempre curioso acerca da evolução daquela pequena notável. Tímida, extremamente tímida, com aquela risada engraçada, comendo chocolate e sorvete. Soube de um caso, em que alguns amigos foram recebidos na casa da Pitunilda para comer um bolo, de chocolate. Reza a lenda que um daqueles mais salientes (que toda festinha contempla) esboçou se jogar na cama da Pitu. Esboçou. Esboçou porque os físicos se enganaram, e o som do grito sozinho não só segurou o saliente no ar, como também colou o cidadão no guarda-roupas. Pasmem, não era rosa, o guarda-roupas.

Então veio a universidade, a mudança para a Capitalândia e a dúvida: Como a Pitunilda ia reagir a todo esse grau de contaminação!!! Nos primeiros anos, ela surfava no bus. Isso, surfava. Porque ela não podia encostar nos bancos. Nem nas barras de segurança. Nem nas pessoas, a menos que fossem as amigas dela. Então concluí que a bolha seria eterna. Só mesmo chocolate e sorvete.

A vida seguiu, a Capitolândia e seu corre-corre acabou por afastar as turmas, e perdi o contato com a Pitunilda. Até o dia que, em uma balada das fortes, eu vejo aquela cena estarrecedora: Recostada em um pilar (veja bem o grau de contaminação!), cerveja na mão direita, cigarro na mão esquerda está Pitunilda! Sem bolha, sem sorvete, sem chocolate, e pior: Beijando na boca!!! Resisti alguns momentos, conferi, esperei a iluminação ambiente melhorar, e após afastadas todas as dúvidas me apresentei para recolher as risadas que a situação requeria!

Segui achando aquela cena, de décadas atrás, chocante. Mas a Pitunilda continuava a transformação. A menininha que de tudo tinha medo, acabou virando o mundo. Morou em vários países, chegou a ter 3 empregos, e hoje é uma destemida cidadã do mundo. Uma cidadã do mundo de verdade, não daquelas que lê na internet as facetas de cada lugarejo. Ela foi lá, conheceu e se contaminou com muitos recantos mundo afora! Ou todos aqui acham que é fácil se virar lá fora sem família, com poucos amigos, e chocolates de diferentes marcas! Sem falar do sorvete, que cada leite é um leite!

domingo, 12 de julho de 2009

A entrevista


E essa foi no carnaval.

Lá na Interiorlândia, nosso grupo tinha um bloco de carnaval muito atuante. Era bacana. Chegou a ter mais de 400 personagens. Sim, personagens, né. Nas pequenas cidades as coisas vão acontecendo assim, mais facilmente, vocês sabem... E então o bloco tinha uma entrevista para dar na rádio local. Foi convocado o presidente, o Vinpresidencial, que levaria mais alguns personagens para o evento. Uma comissão.

Estariam lá, na emissora local mas bastante ouvida, outros tantos representantes de blocos concorrentes. Naquela época, nos interiores por aí, carnaval era festa grande. Não se ia para a praia molhar o pé na água gelada não. O povo todo voltava para a cidade curtir aqueles dias. Então sim, era um evento bem relevante, o tal carnaval. A entrevista então, foi repassada aos convidados como um compromisso importante, e que não deveria de forma alguma contar com atrasos, pois o programa era ao vivo e cronometrado.

A entrevista era em um sábado de manhã, e conhecido por algumas peripércias eventuais e clássicas, um dos convidados mais antigos do nosso bloco teve recomendações especiais para que não se colocasse em situação de atraso. Mesmo assim, a comissão responsável pela agenda do bloco sugeriu que o personagem fosse recolhido em sua casa antes do evento. Não poderiam haver atrasos, e nem uma equipe desfalcada, já que mesmo nas entrevistas de rádio a rivalidade das agremiações esquentava o clima.

Então, no sábado de manhã, a comissão cumpriu a agenda e foi recolher o convidado em casa. Como eram todos muito amigos, o Vinpresidencial chegou e já foi adentrando casa e quarto do colega. Então ele pula da cama, acordando de sono profundo, totalmente vestido, a rigor e inclusive com sapato... Mostrando que mais alerta que ele, não havia ninguém! Pulou da cama e já foi se dirigindo à porta do quarto, em posição de "viram só seus panacas". Duvidou naquele momento, e desafiou a quem se mostrasse contra, a provar quem entre toda a comissão dormira mais em alerta que ele!









Tive que concordar. Mais alerta que ele, definitivamente não havia... Imaginei ele na véspera de um curso de mergulho, que também tem hora marcada...

As escadas vão rolar..


De certa forma estava ansioso, não posso negar. Afinal de contas, era um território novo, pessoas novas, casa nova... Eu e meus 16 anos no primeiro dia de cursinho.

Chovia. Recomendações, lotação, e chegava eu ao cursinho. Na verdade uma revisão de menos de 30 dias, antes do vestibular. Um dos meus melhores amigos estaria na mesma sala. Viemos os dois lá da Interiorlândia, direto para a Capitolândia do Estado. Na Capitolândia é que estava a maior e melhor universidade do estado, uma das melhores do país também. Queríamos nosso lugar por lá. Mas chovia... Nossa sala era na matriz do cursinho, no centro. Mas tinhamos que subir uma escada, grande, alta, estreita...

A aula foi boa. Mais do que revisar a matéria, serviu para transmitir confiança. Apesar de um segundo grau muito forte, numa escola aplicação de uma universidade local, com aula em turno integral e média 8,0... Tínhamos medo. Conquistar uma vaga na toda poderosa Universidade Federal da Capitolândia era uma tarefa muito difícil. Mas tinha muito Capitalino falando besteira na aula. Dava pra encarar a concorrência. A moral subiu. A aula andou e terminou.

Saímos eu e meu grande amigo, Cresponildo, falantes, animados, olhando tudo e comentando tudo e mais um pouco. Então veio a escada. Molhada, alta, de ferro, lisa, imponente e traiçoeira. Todas as salas do cursinho liberavam ao mesmo tempo, não menos de 500 alunos circulavam no pátio do cursinho. Atentos, curiosos, afinal era o primeiro dia de aula!

Aí rolou. Rolou magnificamente. Não dois ou três degraus. Rolou quase toda escada. Parte de bunda. Parte rolando. Que tombo! Que "pialo"! A escada de metal proporcionava uma trilha sonora para o movimento ora de bunda, ora com movimentos de rolagens que não cessavam... 500 olhares que oscilavam entre a surpresa e o riso se voltavam para a movimentação, enquanto os que desciam a escada na frente do rolo compressor se apressavam em sair da linha de fogo! Eu, um passo atrás do Cresponildo não sabia se corria para tentar ajudar, se sentava e ria, ou se continuava fazendo o que estava: Olhando, arregalado aquele tombo impressionante e pensando... Bem, nossa moral que tinha subido durante a aula, acaba de descer, rolando, pelo menos uns 200 degraus...









terça-feira, 9 de junho de 2009

Artigolando.


-Ei, o que você está fazendo?
-Estou blogando.
-Hã?
-Blogando, eu tô blogando!
-Ah bom! Tô twittando.
-Twittando?
-É, tô twittando.
-Tá bom, twitta aí, que eu blogo aqui.
-Falou.

Então eu pensei: Será que sou blogueiro? Daí eu rodo aqui pelo mundo da blogolândia. Daí vejo fotos e pequenos textos. Bem pequenos. Daí eu penso: Será que sou artigoleiro? Porque artigo é mais extenso?

Ninguém tem tempo de ler. Nem saco. Daí nasceu o twitter. Ah bom! Twitter parece um mini-blog que vai onde você está. É a idéia pelo menos. Ou deveria.Tá bom. Qual a diferença mesmo? Tamanho? Conceito?





-Tô blogando! Tô blogando!
-Tô vendo, to comentando.
-Comentando o que?
-Ah, to aqui comentando, tem um cara que não sabe o que ele escreve, quer dizer, não sabe o nome do que ele escreve. Quer dizer, ah, mané indecisão! Tô comentando. Ele escreve e tô comentando.
-Legal, comenta aí que eu tô blogando!





Então eu continuo pensando: Ah, o twitter é pra jogo rápido. O blog pra jogo mais demorado. Quanto demorado? Tem blog mais foto do que poesia. Tem blog mais poesia do que foto. Tem blog sem foto nem poesia. Tem blog que nem tem! Tem nem que nem tem blog!

Mané pensando! E lá isso é coisa de se pensar? Não é pra pensar! Twittando, blogando,qualquer coisa -ando a idéia é sempre a mesma: Povo todo se expressando!

Ah, legal, entendi. Segue aí twittando, que eu vou blogando, e o cara lá que não sabe o nome do que ele faz, ele que vá artigolando!!!!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Derretendo pára-choques!

Baseado em fatos reais.

-Vamos Harry, por aqui! Rápido, eles estão chegando perto!
-Calma Hermione, estou tentando correr e te paquerar e não deixar o Rony perceber! É muita coisa!
-Deixa de ser tarado Harry! Você tem a eternidade para me paquerar! Temos que fugir agora!
-Por aqui, encontrei a saída! Eles nunca nos acharão! Harry! Onde está o Rony?
-Ele estava logo atrás de mim!
-Pessoal, por favor se dirijam rapidamente para a saída de emergência! Pessoal, por favorse dirijam à saída de emergência!!!

Opa? Essa frase está meio fora do contexto...
Pensei, hã? Lord Voldemort incendiando o cinema? Hoje? Agora? Tenho que sair? E a Hermione? Hã fogo? Calma, me esperemmmmmmmm!!!!!!!!!


Ao mesmo tempo em que todas as pessoas iam se levantando, naquele misto de pressa e indecisão, medo e dúvida, aquela coisa toda que passa tão rápido e tão lentamente, naquele pensamento que presta atenção em tudo e nada vê, nada ouve. É um daqueles momentos da nossa vida onde as emoções não só se misturam, como são paradoxais e confusas. Ok, eu não entrei em pânico. Mas também não estava fumando o cachimbo da paz de tanta tranquilidade.

Foi assim que vivi, lá na Capitolândia, a experiência de ser "evacuado"de um grande estabelecimento em chamas. Ora, e se não era justamente a edificação que mais tempo dediquei na minha vida profissional, entre as diversas fases da monumental obra. Claro que era. Pelo menos eu conhecia como ninguém os caminhos que levavam ao lado de fora. Alguma vantagem devia ter. E o fogo?

-Por aqui não, voltem, vamos sair pela praça de alimentação!

Fumaça! Fumaça! E preta! Fumaça de plástico! Qual loja? De onde vem? Corredor terminando, mais uma porta. Não há fumaça. Pessoas se empurram. Algumas gritam. Ninguém ouve nada. Os olhos só procuram a saída. As pessoas pela frente não fazem parte da paisagem. Só andava. Corria, caminhava. Haviam obstáculos. Não, eram pessoas. A saída se aproxima. Nada explodiu ainda. Estamos saindo! Saímos! Saímos!

-Aqui, aqui, saiam por aqui! Rápido, para fora!

E o carro? Tento lembrar onde estacionei. As pessoas pulam a cerca, estão indo em direção ao estacionamento. Vou junto! Chave na mão, fumaça no pulmão! Fumaça preta, olhos com enxaqueca! Eu corro, eu páro! Não deu, a fumaça me venceu. Eu volto. Páro, penso, continuo voltando. Não acho o foco do incêndio. Só fumaça. De plástico, é tóxica, densa, explosão? Pequena. Uma maior. Páro de novo, penso: Mas que besteira entrar lá! Está maluco? O que te deu? Compra outro carro! Teu pescoço é que não tem na concessionária pra vender! Telefone celular, estou ligando para o meu antigo diretor.

-Chefe, nossa obra está em chamas.
-Aé? Ok, amanhã eu passo lá.
-Chefe, realmente está em chamas, está ruindo o setor E.
-Tô indo.

Existe um apartamento amigo por perto. Água. Sofá. Nada na TV. Ansiedade, bombeiros, barulho, não lembro onde estacionei. Volto pro local. Não tem como ficar longe. Ansiedade. Queria entrar lá. Cade a droga do meu crachá? Eu ajudei a construir esse lugar! Tenho direito de entrar lá! Saco, eu me demiti! Troquei de empresa! Não tenho mais esse crachá! Escuto as pessoas falando!

-Vai cair?
-Dizem que está sendo controlado.
-E as lojas? 400 lojas! Quantas foram atingidas?
-Desabou!Desabou a laje! A parede abriu!

O setor E ruiu, os demais estão pretos. Era o prédio principal, o maior. As explosões continuam. A sala de controle está no centro do fogo. Lojistas desesperados. Alguns fazendo cena, a TV filma, a rádio transmite. As horas passam. Mais pessoas falando.

-Meu carro estava naquele canto, chegamos de viagem hoje, as bagagens estavam lá, somos do interior.
-O meu está lá também, mas não lembro...não lembro em que setor estava!

4. Já eram 4 da manhã. Fogo perdendo. Bombeiros ganhando. Setor E derrotado. D também. Setor C avariado. A e B parecem ter sobrevivido. Os outros 6 prédios do complexo estão intactos. Não houve vítima. Ufa! Hora de ir para casa. Taxi. Banho. Filme passando na cabeça. Não era Harry Potter. Caceta, perdi o final do filme! Eu adoro a Hermione! Cama. Cara de churrasco. Dia amanhace, sol nasce, se desenvolve, mas não explode.

-Rico!
-Tudo bem chefe!
-Onde estacionaste teu carro?
-Acho que no setor C, não tenho certeza.
-Então te safou, no C os carros só estão sujos, e alguns com os pneus no chão. Já no D e E...
-Tá no C! Tá no C! Agora tenho certeza!

Almoço, TV, caminhada, banho. Noite chegando. É sábado. Eu fico repassando a noite anterior. Gostei do meu comportamento. Saí tranquilo. Ansioso. Mas tranquilo. Ajudei pessoas que travaram a andar. Encarei a fumaça até ela me derrubar. É o rápido mais demorado que já vivi. As sensações individuais, e as reações são imprevisíveis. Gostei das minhas. Realmente gostei. Poderia dizer que sou sangue frio. Cheirei fumaça demais. Preta, plástica, tóxica. Estou doidão? Delegacia, registro. Passadinha básica pelo local. Movimento, lojistas desesperados. Prédio interditado. Nenhuma notícia. Alguns meses atrás e eu estaria ali junto na avaliação das condições do prédio, tinha trocado de empresa. Primeira troca da carreira. Primeiro incêndio da vida também.

-Rico!
-E aí chefe, como está nossa obra?
-Tá de pé, fora o setor E...
-Então tá tranquilo, é botar de pé de novo e reabrir as lojas.
-Rico! Tava no D. Teu carro tava no D. Lamento informar, mas teu carro meio que derreteu. Tá arrastando o pára-choques no chão...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sr. Leitor, estaremos...

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