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terça-feira, 28 de julho de 2009

Sorvete com Chocolate

Quando eu era pequeno, lá na Interiorlândia, eu conheci a menina da bolha. Era engraçada, muito engraçada a menina da bolha. Desde o apelido, Pitunilda, até o jeitinho de rir, era engraçada. A Pitunilda era uma personagem única. Imagine alguém que só come chocolate e sorvete. Chocolate e sorvete. Fora isso, era na livre e espontânea obrigação.

Mas ela escutava Zé Ramalho. Comia sorvete e chocolate, era pequena, magrinha, baixinha, frágil, mas você corria risco real de vida se contaminasse ela. Ah se contaminasse ela... Dizem a boca pequena, lá na Interiorlândia, que beijo na boca para a Pitunilda era como participar de "No limite". Dizem. Muito amigo eu fui da Pitunilda, sempre curioso acerca da evolução daquela pequena notável. Tímida, extremamente tímida, com aquela risada engraçada, comendo chocolate e sorvete. Soube de um caso, em que alguns amigos foram recebidos na casa da Pitunilda para comer um bolo, de chocolate. Reza a lenda que um daqueles mais salientes (que toda festinha contempla) esboçou se jogar na cama da Pitu. Esboçou. Esboçou porque os físicos se enganaram, e o som do grito sozinho não só segurou o saliente no ar, como também colou o cidadão no guarda-roupas. Pasmem, não era rosa, o guarda-roupas.

Então veio a universidade, a mudança para a Capitalândia e a dúvida: Como a Pitunilda ia reagir a todo esse grau de contaminação!!! Nos primeiros anos, ela surfava no bus. Isso, surfava. Porque ela não podia encostar nos bancos. Nem nas barras de segurança. Nem nas pessoas, a menos que fossem as amigas dela. Então concluí que a bolha seria eterna. Só mesmo chocolate e sorvete.

A vida seguiu, a Capitolândia e seu corre-corre acabou por afastar as turmas, e perdi o contato com a Pitunilda. Até o dia que, em uma balada das fortes, eu vejo aquela cena estarrecedora: Recostada em um pilar (veja bem o grau de contaminação!), cerveja na mão direita, cigarro na mão esquerda está Pitunilda! Sem bolha, sem sorvete, sem chocolate, e pior: Beijando na boca!!! Resisti alguns momentos, conferi, esperei a iluminação ambiente melhorar, e após afastadas todas as dúvidas me apresentei para recolher as risadas que a situação requeria!

Segui achando aquela cena, de décadas atrás, chocante. Mas a Pitunilda continuava a transformação. A menininha que de tudo tinha medo, acabou virando o mundo. Morou em vários países, chegou a ter 3 empregos, e hoje é uma destemida cidadã do mundo. Uma cidadã do mundo de verdade, não daquelas que lê na internet as facetas de cada lugarejo. Ela foi lá, conheceu e se contaminou com muitos recantos mundo afora! Ou todos aqui acham que é fácil se virar lá fora sem família, com poucos amigos, e chocolates de diferentes marcas! Sem falar do sorvete, que cada leite é um leite!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

United Breaks Guitars

United Breaks Guitars




Este é um daqueles casos que nós consumidores vamos a forra! O mundo dos serviços está repleto daquelas empresas gigantossauras, as telefônicas, as aéreas, as TVs a cabo... Todas enormes. São tão grandes que nós, consumidores-formigas deixamos de ter aquela importância. Na totalidade somos seu ganha pão, na individualidade somos nadica de nada. E as gigantossauras não fazem a mínima questão de esconder isso. Casos isolados são tratados como nada mesmo. Te vira aí amigo, que tenho mais o que fazer.

Mas aí, vem alguém com bala na agulha. E aí que a internet não perdoa. Os espertalhões da United Airlines quebraram o violão do músico Dave Carroll. Tudo bem que acidentes acontencem e coisas quebram, embora não devia. Mas pode. Até aí sem problemas. O músico foi ao balcão, afinal era um violão de 3,5 mil dolares, e claro que mandaram ele plantar uma corda para ver se o violão nascia de novo. Sozinho, porque a United não iria regar a corda. Lógico. Gigantossaura é assim mesmo.

Após quebrar o pau com a United na justiça, Carroll resolveu fazer uma homenagem à aérea como ele sabe fazer: Fez uma música, gravou, fez um vídeo, e postou. No You Tube. Isso foi no dia 05 de julho. Já tem mais de 4 milhões de acessos e um pedido de tudo que é coisa da United. Desculpas, perdão, pegue aqui seu violão gratuitamente, blá blá blá.

Não é humor negro não. Mas é muito bom ver as grandonas provar um pouco de pimenta no globo ocular, para saber um pouco que seja, de como é ficar levando trombada e nada poder fazer. Fica a lição para quem quiser escapar de uma saia justa dessas, afinal de contas, o You Tube está aí, e veio para ficar. Lá na hora da verdade com o cliente, é bom lembrar desse detalhe da era digital!


Ps. : Tomei conhecimento do assunto no Crônicas Urbanas, thanks.

domingo, 26 de julho de 2009

Foi Henry Ford

Então Henry Ford disse:

"Como se explica que quando preciso apenas de um par de mãos tenha de lidar com um ser humano?"

Alguém duvida que a maior parte dos problemas que ocorrem no mundo sejam decorrentes do ser humano, e sua complexa natureza? Temos nos esforçado. São milhares de anos de evolução. Milênios de sabedoria oriental, de pesquisa ocidental. São avanços tecnológicos inacreditáveis em todas as frentes, temos construído um mundo diferente, e um planeta doente. Henry Ford estaria orgulhoso dos carros de hoje, das máquinas de hoje, dos motores, de tudo. Mas apesar de todo nosso avanço, tem um fator que ainda não conseguimos controlar. O ser humano.

Lá nas suas fábricas, quando Ford começou a criar os meios de transportes que até hoje nos levam onde queremos ir, ele pagava mais aos melhores. Buscava aos melhores. Henry Ford pagava o dobro, diminuía a jornada de trabalho. Ele tinha os melhores do mercado. Mas mesmo os melhores do mercado eram seres humanos. Nada, nenhum processo produtivo, nenhuma impossibilidade tecnológica, nenhum desafio espacial é mais complexo e paradoxal do que o ser humano. No ser humano nada é exato. Nada é preciso. Nada é sim, nada é não. As organizações de hoje ainda precisam pagar mais para ter os melhores, seja em dinheiro, seja em benefícios que mantenham seu "pelotão de choque"alinhado e em alerta. Nada mudou. E se Ford ainda estivesse no comando de uma grande corporação, ele ainda teria de repetir a frase lá de cima.

Os maiores desafios da humanidade nunca foram as máquinas, ou a lua, ou os computadores. Os maiores desafios da humanidade sempre foram, e sempre serão relativos a própria humanidade. Seu pensamento paradoxal, sua contradição existencial. Nossas mentes vão e vem em uma ciranda sem fim, com o início correndo atrás do fim, e o fim sendo igual ao início. As mentes amam e odeiam, motivam e desmotivam, andam e param, conflitam sem saber porque. As mentes criam o que não vêem. Correm porque a ordem era caminhar. Caminham porque voar é mais fácil. O ser humano é o que é sem saber porque é, e muito menos o que é. Uma organização, qualquer que seja, sem um Recursos Humanos forte é acéfala, um robô desnorteado, seja a parte técnica boa o quanto for. O ser humano é paradoxal demais para simplesmente fazer o que precisa fazer.


Então, eu concordo com Henry Ford.

sábado, 25 de julho de 2009

O Bode e o Leão.

Havia um tempo em que se dizia, quando a situação estava preta, que no mundo dos negócios era necessário matar um leão por dia. Eu estava em início de carreira, e achava o máximo matar um leão por dia. Onça, tigre, o que fosse. Dava logo uma paulada na cabeça. Estou aprendendo, estou crescendo, dizia. Estava mesmo. Bons tempos. Hoje os tempos mudaram um pouco. Um executivo novo, lá no nível de gerência, de coordenação, qualquer cargo estratégico ou mesmo técnico precisam mais que isso. Qualquer profissional que ambiciona alguma coisa em uma organização precisa matar um leão por dia, caçar e fazer sapato com um jacaré, cortar as unhas de um tamanduá e ainda passar o dia cuidando bem de um urso panda. Além, é claro, de colocar os bodes na sala.

E o bode é extremamente importante. No mercado de hoje, quem não sabe lidar com o bode não consegue subir, e talvez nem manter seu posto. As vezes o bode é mais importante do que o leão, o tamanduá e todas as outras feras que desafiam os executivos no dia a dia das organizações. Eu aposto forte no bode. Colocar o bode na sala é "dar a real". Pegar uma informação pelos braços, revistar toda, procurar as condições de contorno, possíveis soluções, impactos na organização, clientes, fornecedores, parceiros, enfim. Colocar o bode na sala é a capacidade de análise de uma situação. Esse é o segredo do jogo. Colocar o bode na sala certa, na hora certa e com todos seus acessórios supra citados. Acredite, o bode pode ser mais importante do que o leão.

Dar porrada, matar leões é bom. Mas nem sempre suficiente. Depende do cargo e da ambição do profissional. Desafiador mesmo é entender a situação como um todo e ler as consequências para a organização lá na frente. Nem estou falando da famosa visão de águia, dos empresários visionários e cia ltda, porque aí sim a exigência está em outro patamar. A questão aqui é capacidade de analise de situações mesmo. Aos matadores de leão, hora de atenção, está todo mundo de olho na sua capacidade de analise da situação!

Nesta visão, pobre do leão. Não é mais o rei da selva no mundo dos negócios. Perdeu, e perdeu feio para o bode. Perdeu para o bode lá da sala...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O Amarelo Vermelho

Hoje, após o trabalho, presenciei uma daquelas cenas que infelizmente se tornaram muito comuns no trânsito das grandes cidades: Carro amassado, moto no chão, motoqueiro rolando e aquela muvuca ao redor. Já vi isso diversas vezes, mas essa me chamou atenção pela particularidade do sinal amarelo. Não contentes em se arriscar no meio do fluxo dos carros, os motoqueiros costumam sair em disparada no momento de segurança da sinaleira. Aquele, em que o sinal aberto vai para o amarelo, e o fechado permanece no vermelho. Esse tempo é justamente para impedir que os apressadinhos que aceleram ao invés de freiar quando vêem o amarelo, não passem por cima dos apressadinhos que ao invés de esperar o verde da sua sinaleira, espiam o vermelho da sinaleira do vizinho! E pronto! Lá se foi a segurança que os engenheiros de tráfego (se é que existe essa espécie no Brasil, porque né...). O fato agora é que, além dos motoristas cuidarem para não sair da absoluta linha reta que são obrigados a andar nas grandes cidades para não transformar um motoqueiro em atum, ainda precisam deixar de ser apressadinhos e pisar no freio no sinal amarelo. Ou podem acabar fazendo parte do famoso número de circo: o homem bala. Claro que entraria como canhão e não como homem bala, essa parte caberia ao motoqueiro! Impressionante o risco que os caras correm. OK, eles ganham por entrega (por tempo, portanto), mas a que custo? Nem quis olhar as estatísticas desse tipo de acidente, porque todos já sabem. Se não sabem, imaginam que é um absurdo fora do normal.

Não vou entrar no mérito de culpas nesses acidentes, até porque a gente sabe o que tem de barbeiro sem noção dirigindo carros erroneamente e passando por cima de tudo que aparece pela frente. Dessas encrencas diárias, é difícil dizer qual a parcela que a culpa é do apressadinho da motoca, e qual é do carro que acaba fazendo algum malabarismo sem aviso prévio. Na verdade, o que temos que fazer é abrir espaços na agenda para pequenos atrasos, fazer o que! Que o trânsito nas nossas cidades está parado, todo mundo sabe, então qual o motivo para tanta discussão? Está com pressa? Vamos lá para a prefeitura pedir melhorias nas vias! Torrar a paciência do prefeito, do secretário, dos honoráveis vereadores! E sim, os motoras precisam pegar leve. Tanto os de quatro, como os de duas borrachas!

E aí que vale a mesma máxima da direção defensiva:
De quem é a preferencial? De quem quer manter seu carro e seu nariz inteiro!

E o sinal amarelo? Ora, quer brincar de bala ou canhão?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Seriado, o vício legal.

Sou viciado. Sou réu confesso nesse processo. Conheço poucos, muito poucos que acompanham tantos seriados como eu. De alguma forma isso me credita para comentar, indicar ou contra-indicar esse viciante passatempo. Não que eu tenha muito tempo disponível, porque ninguém tem. Mas vício é vício, e a gente acaba encontrando uma forma de alimentar eles. Mesmo que a noite de sono acabe reduzida, o que interessa, é o vício.

Claro que nenhum vício é muito bom, caso contrário teria outro nome. Mas entre todos os que tem por aí... Diria que ser viciado em seriados é um sonho de consumo para milhares de pessoas. E o que, afinal de contas, os torna tão interessantes? Qual a magia desse formato que consegue desvirtuar amantes inveterados das salas de cinema, ou mesmo deixar babando ao redor da TV quem nem mesmo tinha esse hábito? Seria a sequência? A inteligência? A oportunidade de desenvolver o tema com mais calma, mais artifícios do que um filme? Uma pergunta interessante que se tem após entrar para o seleto time dos viciados em seriado é: Como um filme consegue se desenvolver em tão pouco tempo???? Alguém consegue imaginar uma versão de Lost para o cinema? O fenômeno Arquivo X tentou. Chega a ser censurável comentar o resultado dos filmes.

Saber porque um seriado atrai tantos seguidores segue sendo um festival de fogos de artifício: Um para cada lado, com cores e explosões diferentes. Os estúdios devem saber. Nós, pobres viciados, seguimos apenas usando sem moderação, explicação ou entendimento lógico. Amamos e pronto. Pelo menos agora temos um dado sobre nosso vício, uma pesquisa sobre quem vicia mais!

Pois bem, a pesquisa elaborada pelo site Lovefilm.com apontou os programas televisivos que mais causaram dependência nos telespectadores americanos:

1. “24 Horas” - 19%
2. “Lost” - 17%
3. “Friends” - 10%
4. “Heroes” - 9%
5. “The Wire” - 7%
6. “Doctor Who” - 6%
7. “CSI” - 5%
8. “Prison Break” - 4%
9. “The Sopranos” - 3%
10. “Sex and the City” - 2%


Alguma surpresa? Não para este viciado. No topo da lista o seriado que tem um formato inédito. Cada temporada é um "filme"de 24 horas corridas, horas reais, horas de pura ação. 24 horas detêm até hoje o meu recorde pessoal de episódios em um só dia: 9. Nem é tanto. Nesse quesito conheço muita gente que me supera. Mas o que nada supera mesmo é curiosidade que 24 horas deixa, desde o primeiro episódio da temporada até o último.


Seguindo a lista, o fenômeno que dispensa apresentações, Lost. Como já escrevi aqui na Artigolândia, o maior seriado de todos os tempos (me arrisco total e conscientemente a dizer isso antes do final, mesmo sabendo o risco que corro de cair na barbárie que foi o final de Arquivo X). Na cola de Lost está Friends. Com outra idéia, outro objetivo, e resultados tão fantásticos que após 5 anos fora do ar ainda é tido como o terceiro programa mais viciante. Nem vou comentar o fato de que Friends não tem necessidade (apesar de ser muito melhor) de ser visto em sequencia. Saudades da Rachel!

Heroes sim, confesso que me surpreendeu um pouco. Já começo a pensar que já entra o fator americano. Ainda mais com The Wire na sequência, apesar de que este apresenta a estrutura mais parecida com 24 horas. Faz sentido. De qualquer maneira, o vicio em seriado vai sendo transferido, de série para série. Alguns com louvor, outros nem tanto. Uns fazem rir, outros chocam. Outros assustam. Outros ainda aceleram o coração. "Os outros..."

E quem, entre os viciados todos, consegue não se emocionar revendo os 6 entregando as chaves...



Quer saber?

Eu amo meu vício!




Na onda do Reality Show

Agora é guerra. O Brasil assiste de camarote uma guerra gigantesca, declarada e já beirando o apelo entre as emissoras. E não entre as principais. Entre todas. Comprando direitos de programas internacionais, a Globo começou lá em 2000 "No Limite", primeiro reality de grande apelo popular. Não chegou no limite do sucesso, porque nosso povo se sensibilizava com o sofrimento dos participantes... Mas a onda pegou. O "Big Brother" chegou em 2002 e se tornou um dos maiores fenômenos da TV brasileira. O SBT já havia lançado "A Casa dos Artistas" em 2001, e atualmente todas emissoras têm seus realitys, bons ou ruins, em uma batalha colossal pela audiência.

Terminada a 9° edição do "BBB", e a 6° do "Aprendiz "(os dois melhores, disparado), a bola da vez é "A Fazenda" da Rede Record. Mesmo com uma produção arrastada, fraca, um apresentador horrível e participantes menos atrativos (teoricamente famosos) que os desconhecidos do "BBB", "A Fazenda" tem dado dor de cabeça aos concorrentes com a fatia de audiência que tem abocanhado. Esse formato de programa teve o efeito da garrafa PET no mundo dos refrigerantes: Possibilitou os menores concorrerem de igual para igual com os gigantes (O maior custo para uma empresa de bebidas era a garrafa), fato esse que desencadeou a guerra dos realitys. Já atordoado pelo próprio desgaste, o Fantástico tem apanhado feio da Fazenda, e a Globo já demonstra desespero total para recuperar o horário nobre do domingo. Colocou no ar um programa medíocre, mal feito, em um formato nada interessante chamado "Jogo Duro". Não colou. Agora está trazendo de volta "No limite", com o excelente Zeca Camargo.

O SBT parte para briga com "NovosÍdolos", versão do sucesso American Idol, já que a Record comprou os direitos do "Ídolos"que o SBT produziu anos atrás. Além de ter levado para sua programação o ícone Roberto Justus, aniquilando o excelente "O Aprendiz" da Record. O SBT ainda tem "Os Astros", que na verdade é baseado no antigo "Show de Calouros", mas não deixa de ser um reality. "Solitária"seria outra arma do SBT, uma espécie de versão do famoso quarto branco do BBB9, além de outros estudos que podem ser lançados em breve. A guerra já chegou a tal ponto, que a Record já admitiu usar a estratégia de "saturar" o público com realitys sucessivos para evitar o sucesso do "BBB10", que deve chegar com premiação de 10 milhões ao ganhador. Na rede já se multiplicam sites de fãs clubes e de comentaristas especializados nesse tipo de programa, indicando que o interesse do público só aumenta.

Outro fator que bate forte nessa questão é a perda de audiência da TV aberta em geral. Os canais abertos tem perdido audiência sistematicamente para TVs fechadas, por assinatura. E os realitys têm se mostrado uma ferramenta para diminuir essa perda. É evidente que esse tipo de formato tem uma rejeição grande da classe mais "intelectualizada" da população. Mas a audiência gigantesca acaba arrastando curiosos para esse time. Eu confesso que acompanho alguns, e assisto outros. O comportamento humano me fascina, e os realitys são uma amostra grátis de pesquisas comportamentais muito interessante.

Nesse baile todo, é indiscutível a superioridade do "BBB". Apesar de todas as suspeitas de direcionamento, manipulação, a produção do "BBB" é fantástica. A parte técnica é impecável. Vemos alguns problemas quanto às regras, mas essa flexibilidade também permite manter estratégias que tornam o programa mais surpreendente durante a exibição. Sem contar o apresentador, Pedro Bial que é um mestre desse formato. Na segunda posição certamente fica "O Aprendiz", ancorado basicamente na figura de Roberto Justus, com uma condução fantástica e muito bem produzido. "No Limite" também tem a qualidade que a Globo traz em suas produções, mas que não funcionou no péssimo "Jogo Duro". E "A Fazenda" tem um apelo bom, mas apesar do sucesso de audiência, o programa é arrastado, chato e muito mal apresentado.
Os do SBT confesso que não tive coragem de assistir mais do que alguns minutos, mas pelo pouco que vi, os participantes não ajudam no andamento do programa, e a audiência acaba ficando na peneira grossa.

De qualquer forma, a guerra deve continuar, provavelmente novos programas serão trazidos e o público será saturado com o formato. O Reality se tornou a grande arma das emissoras, principalmente na questão de patrocínios, pela facilidade de inserir campanhas no formato. Vamos torcer para que a qualidade também aumente, e para quem gosta de analisar comportamento humano, o prato está cheio!

terça-feira, 21 de julho de 2009

100 Anos depois, Gre-Nal é Gre-Nal

Neste fim de semana o Rio Grande viveu um momento diferenciado. O maior clássico do sul, e umas das maiores rivalidades do futebol fez aniversário. E não é qualquer aniversário. Fez 100 anos. Um século de história. Um século de jogos pegados, jogos que deixam o estado todo em alerta, com foguetes e cornetas a postos, e muita, mas muita discussão em cada esquina de qualquer cidade gaúcha.
No geral o Gre-Nal é um jogo feio, de muita marcação, poucos gols e invariavelmente deixa quase metade do estado de mal humor no dia seguinte. O Gre-Nal tem efeito arrasador no time que perde, que normalmente segue perdendo vários jogos até recuperar a moral. Mas também costuma recuperar o time que anda pior, e ganha o clássico. O Gre-Nal tem pancadaria, mas também tem magia.


A mesma torcida que vê um jogo feio, também vê Ronaldinho Gaúcho dar balãozinho em Dunga. Também vê banheiros incendiados, e muita briga na rua. O Gre-Nal é intenso, é vida, é colorido. Em nenhum outro momento os ânimos ficam tão alterados para tanta gente ao mesmo tempo na terra dos Maragatos e Ximangos. O time considerado de elite, contra a reação popular. Mas que inverte a mão, e o que seria de elite, tem a maior torcida. E o teoricamente popular, tem mais sócios. Incoerências que só um Gre-Nal proporciona.
É claro que o mundo todo é recheado de rivalidades. Cada estado, cidade tem seus times que se degladiam em uma disputa sem fim. Aí dois fatores tornam o clássico dos pampas um pouco mais evidente: O primeiro é a polarização em apenas dois clubes. Que excluem outras rivalidades mais diluídas. E o segundo é a importância dos clubes, naturalmente traduzida em títulos, porque é assim que se mede futebol. Não de outra forma. Só com títulos.


Em recente pesquisa, entre as maiores rivalidades do mundo apareceram times da Escócia, Egito, Turquia, Marrocos, Sérvia, enfim. Times sem expressão internacional, sem querer tirar seus méritos, mas nada de muitos títulos importantes. Também aparece rivalidade paulista. Lá tem títulos. Mas se for perguntar para um torcedor de um desses times qual é o maior rival, talvez ele fique na dúvida, ou tenha resposta diferente de outro torcedor logo ali da esquina. Porque não é polarizado. Na lista também tem Boca e River, essa sim certamente uma das maiores rivaldiades do futebol mundial. Mesmo assim a supremacia do Boca tem sido tão grande, que o equilíbrio não permite mais tanta rivalidade. Basta caminhar pelas ruas de Buenos Aires para ver isso. Já no Gre-Nal, não há duvidas. É amor, é ódio. O primeiro time de um gremista é o Grêmio. O segundo é a derrota do Inter, seja contra quem for. E não há um terceiro. Jamais haverá um terceiro time. O inverso naturalmente é verdadeiro, e por isso o Gre-Nal é Gre-Nal.

Dessa dupla já saíram entre tantos outros, Ronaldinho Gaúcho e Falcão, Dunga e Felipão. Os dois juntos somam 2 títulos mundiais, 3 Libertadores da América, 1 Copa Sul Americana, 5 Brasileirões e 5 Copas do Brasil. Somam juntos quase todos os regionais. Tudo com muito equilíbrio. Dois times de nível internacional. Dois times temidos e respeitados em qualquer cenário. E isso tudo, de uma cidade de 1,6 milhões de habitantes. Sem patrocínios milionários, sem apoio incondicional da imprensa (o contrário normalmente é verdadeiro), e via de regra tendo que vencer dentro e fora do campo. Assim são esses dois co-irmãos, que ficam no sobe e desce de uma equilibrada gangorra, deixando as cornetas e bandeiras de lado a lado sempre alerta, nesse clássico que ninguém sabe o que vai acontecer. Afinal de contas, "Gre-Nal é Gre-Nal, e vice-versa" (By Jardel).



Até a pé nos iremos, para o que
Glória do desporto nacional,
der e vier, mas o certo é que nós
Oh Internacional, que eu vivo a
estaremos com o Grêmio onde
exaltar/Levas a plagas distantes,
o Grêmio estiver
feitos relevantes/Vives a brilhar


100 Anos




domingo, 19 de julho de 2009

Stand By Me

Um artigo, que não é bem um artigo. Um texto, interativo. Aumente o volume, clique no clipe, e siga correndo os olhos nas próximas linhas...







Tem dias que são assim.
Tem dias que simplesmente são assim.
Tem dias que a gente fica assim.
Tem dias que é assim mesmo que é, que é assim mesmo que a gente sente, que a gente ri, ou que a gente fica presente... Olhando, mesmo que não tenha nada na frente. O olhar infinito, buscando alguma coisa na memória, racional ou irracionalmente.
Tem dias que nem tem o que olhar, ou porque olhar. Tem dias que é desnecessário olhar. Então para que olhar... Feche os olhos, sinta a melodia que corre ao redor do mundo cantada a uma só voz, porque tem dias que é assim.
Tem dias que estamos assim...
Domingo é dia de estar assim, na maioria dos dias que estamos assim, é domingo. Domingo é dia de estar assim.
Domingo é assim.
Essa música nos deixa assim.
Ela foi feita para nos deixar assim.
Um domingo, com essa música, só podemos ficar assim.
Assim fechamos nossos olhos, abrimos nossa imaginação, e ficamos assim...

Stand By Me.



sexta-feira, 17 de julho de 2009

Milão


Charme.
Não poderia ser outra a palavra para resumir Milão, a capital mundial da moda. Milão não é o destino ideal, digamos assim, para os mochileiros. Não é. Os hostels são ruins e mal localizados. (Lembrando que Milão é uma super cidade, com mais de 4 milhões de habitantes e um dos principais centros econômicos da Europa). Claro que isso também era de se esperar. cidade mais charmosa do mundo, onde as grifes mais caras do planeta se apresentam, não era para ser mesmo lugar de carregar mochila e dormir em hostel. Mas isso perde toda a importância quando se chega na Piazza del Duomo. Nas fotos abaixo, a Galleria Vittorio Emanuele II, construída no século 19 e repleta das lojas mais importantes da moda mundial.

Na Via Montenapoleone (foto abaixo) com a Via Spiga fica o chamado Quadrilátero de Ouro da Moda, onde estão Chanel, Valentino, Gucci, Giorgio Armani, Versace e joalherias como Cartier. Além das super lojas, essa região é uma exposição aberta dos carros mais caros que se podem ver pela rua Não é raro ver mais de uma Ferrari andando na mesma quadra.
Tudo bem, não precisamos ficar tão intimidados, existem várias outlets por perto, onde se podem fazer boas compras das super grifes italianas. Sim, porque encarar a última coleção do Armani não é tirar as moedas do bolso... Mas nas outlets se pode sim fazer ótimas aquisições.
Nem preciso dizer o quanto é agradável tomar um café na Galleria, assistindo o maior desfile de modas a céu aberto do mundo. E melhor, ininterrupto! Mulheres vestidas a rigor, pedalando em bikes nas ruas centrais, com cestinhos a frente são imagens impagáveis, que só comprovam que tudo nessa cidade é charme.
Apesar dessa fabulosa vocação de moda, Milão reserva uma das mais fabulosas edificações que já visitei pessoalmente. Uma das mais célebres e complexas construções do estilo gótico do mundo, a Duomo di Milano é na opinião da Artigolândia, a Igreja mais linda desse mundo. Sem muitas palavras, as imagens falam por si.

Impressionante, não?


Muito oportuno é apreciar um panini na Piazza Duomo, é impressionante como um simples sanduíche pode ser tão saboroso!

Não tem nada de diferente dentro, mas são simplesmente muito bons! É um lanche tão imperdível quanto o sorvete de sobremesa, esteja a temperatura que estiver! O sorvete italiano não tem comparações.

A região central da cidade é muito bonita, as ruas e suas edificações obedecem ao estilo que muitas vezes identificamos aqui no nosso país. Praticamente tudo que é mais interessante a nível de turismo está ao alcance de uma boa caminhada. De qualquer maneira a locomoção não é difícil, o metro é muito eficiente. Ao entardecer a rua central oferece uma vista fantástica, com o Castello Sforzesco ao fundo. O castelo vale uma boa visita, foi construído no século XV e está em excelente estado de conservação. Hoje contempla vários museus temáticos e bibliotecas.


Para quem gosta de futebol, a direita o estádio da Inter de Milão, com uma arquitetura bem diferente dos nossos estádios.






O parque Sempione, recentemente recuperado, é um dos lugares mais agradáveis para se caminhar na cidade. Muito calmo, traz o melhor estilo inglês com espaços verdes ricos em plantas e prados abertos. Vale uma caminhada tranquila em um dia ensolarado. Milão realmente não é aquela cidade para ficar colecionando cartões postais de monumentos a cada esquina, mas é uma cidade que consegue ser cosmopolita sem perder o charme que a torna conhecida como capital mundial da moda.





Perto da Anarquia.

Eu já venho indicado, em alguns artigos que coloco minha opinião, que estamos perto da anarquia. Muito perto. As pessoas não se respeitam mais, e os absurdos começam a acontecer.

Sempre que se fala em política o assunto é delicado, as opiniões são diversas (ainda bem, senão seríamos Cuba...) e tudo é muito controverso. Essa foto acima, é da governadora no Rio Grande do Sul sendo confinada dentro de casa por manifestação orquestrada por partidos adversários (ninguém aqui é inocente para achar que essas badernas são feitas unicamente por entidades de classe né? Opiniões diversas tudo bem. Povo gado não). Mas então, vamos esquecer a governadora do RS e seu governo, e pensar na atitude. A governadora vem enfrentando denúncias e mais denúncias de partidos adversários, claramente focados na próxima eleição, já que as denúncias são referentes a atos de mais de 3 anos... E só aparecem agora, na véspera da próxima eleição. Nada foi comprovado, ao contrário por exemplo do mensalão. O que temos então?

Uma reação completamente desproporcional, incoerente, e absurda. Porque isso não é feito com o excelentíssimo presidente do senado, com quem os escândalos são infinitamente piores! Ou com os figurantes do mensalão? Por um simples motivo, os anarquistas estão do lado dos mensaleiros, e do presidente do senado porque o cacique chefe mandou.

Não vou entrar no mérito da culpa ou não do comitê de campanha da governadora (alvo das denúncias), porque eu não acredito em campanha limpa. Não acredito em nenhuma campanha limpa pelo simples motivo que o sistema brasileiro não permite isso, e muito menos o povo. Já escrevi aqui, no artigo A ferro e Fogo que o povo tem tanta culpa quanto os políticos. Talvez até mais. O que vejo é uma governadora que fez o que nenhum anterior tinha feito: Comprou guerra com tudo e todos para poder sanear o estado falido. Só era possível pagar as contas encrencando com todos, pois era necessário diminuir os gastos em todas em frentes. Quando ela começou, já pensei, é suicídio político. E foi.

Mas a anarquia feita em frente a casa da governadora ontem foi um ato bizarro. Anarquista. Nada digno da democracia. Mas bem digno do Brasil: Desproporcional, incoerente, e claramente motivado por interesses eleitorais. O Brasil segue sem ferro e sem fogo. E quando tem ferro e tem fogo, é com o objetivo errado.

Seguimos para a anarquia, ou coisa pior...

Obs.: Deixo aqui bem claro que não sou eleitor da governadora, nem mesmo do seu partido.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

E-mail bomba!

"Severonildo, pega o documento e larga na sede"

"Re: Aquilildo, tenho mais o que fazer, pega você, não sou teu secretário!"

"Re: Re: Severonildo, todo mundo sabe que você fica fazendo fofoca o dia todo, faça algo de útil pela empresa".

"Re: Re: Re: Aquilildo, sem o devido respeito, vai-te a merda! Que todo mundo sabe que você corre que nem um maluco para todos os lados e não chega a resultado nenhum!"

É bomba. Normalmente em discussão de e-mails como esta acima, temos gerentes, diretores e colegas copiados. Porque não tem graça bater em alguém se ninguém testemunhou. É aí que o outlook vira ringue.


Uma das ferramentas de negócio mais revolucionárias da nossa geração, o e-mail, é também um dos maiores meios de transporte para discussões, intrigas, desentendimento e irritações. Em um mundo de negócios cada vez mais pressionado e tenso, turbinado ainda pela crise financeira do momento, as organizações e seus colaboradores andam no limite do equilíbrio. E o e-mail é uma excelente ferramenta para terminar de retirar o bom senso das pessoas, e provocar um efeito dominó de raiva e ataques interpessoais.

Em menos de 15 dias, assisti de perto (e até participei, dessa vez copiado/de camarote) três eventos desse tipo. Um resultou em funcionário indo para casa no meio de expediente, outro em caso de quase demissão, e outro com direito a uns tabefes e demissão. Não necessariamente da minha organização, porque esse problema é geral. Com graus diferentes, também dependendo do tipo de pressão que a empresa (ou se nicho) opera, mas é geral.

E não vai parar. Aliás, tende a aumentar. As novas gerações utilizam muito mais os canais virtuais, o que aumenta consideravelmente a quantidade de assuntos resolvidos por e-mail, portanto... Mais galo de rinha para os ringues! Adiciona-se a falta de tempo, problemas que exigem cada vez mais respostas rápidas, pressão, pressão, pressão...

E para quem acha que nunca viveu isso eu pergunto: Nunca mandou e-mail bomba para uma namorada(o)? Esse problema não se resume ao ambiente de negócios, mas em todas relações interpessoais que caem na rede. E tudo hoje cai na rede.

A solução é a mesma das discussões normais. Mais difícil por um lado, mais fácil pelo outro. É mais difícil porque sem ver a pessoa se perde metade ou mais da percepção do ênfase da palavra. A linguagem corporal as vezes diz mais do que as palavras, e a falta dessa visão torna muito mais dífícil o controle. O lado mais fácil é que o "contar até 10" pode ser mais de 10. Ou pode ser um cafezinho... Ou chá gelado... O negócio mesmo é esfriar a cabeça, botar a bola no chão e lembrar que não existe vencedor numa situação dessas. O diretor, ou gerente copiado no e-mail nem se preocupa em quem tem razão, porque nenhum tem. E se tinha, perdeu quando entrou nesse jogo. O big boss só pensa uma coisa ao ler um e-mail bomba: "Onde foi que amarrei o meu cavalo!"
baixaria@bomba.bum.gr
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