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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Assim toca Johnny Rivers


Cheguei cedo, vestindo aquele uniforme de show. Aquele mesmo, o jeans envelhecido, o tênis confortável, e a camiseta preta. Bom, era frio, então a camiseta estava disfarçada. Menos mal, porque eu nunca me dou conta a respeito do uso desse uniforme em shows que não seguem essa regra. Meus colegas de trabalho foram de camisa, de botão. Claro que tirei onda, e ainda chamei de iniciantes na carreira de shows assistidos. Pois é. Mas esqueci que o evento, sim, o evento, era em teatro. E que o cantor gravou o primeiro disco em 1960. E sim, o público dele quase vestia terno. E sim, encontrei velhos professores, colegas de trabalho, e por pouco não pego algum diretor de empresa do meu ramo por lá. Bendito uniforme de show...

Rivers já vendeu mais de 25 milhões de discos, é o dono de Do You Wanna Dance e Secret Agent Man, entre outros. E seu público quase usa terno. Rivers era compositor apenas de Johny Cash e Elvis Presley, coisa básica, feito simples. E ele estava ali. Tem gente que é até contra, acha que é "assistir ex-banda", que prefere ficar com a imagem antiga, que esses shows fora de hora não são a mesma coisa. Pois o mesmo Rivers que levou 60 mil pessoas no Ibirapuera em 98 esteve a poucos 5 ou 6 metros da minha poltrona, onde eu assistia o cara que se mete a figurar com Presley e Sinatra em popularidade e vendagem de disco nos EUA. E não, não tinha nenhum traço de ex-show no palco. Muito pelo contrário.

Rivers entrou leve, brincando, parecia um gurizão zoando no palco. Não cansava, não perdia a voz, não fazia pausas, e claro, não errava nota alguma. Rivers fez show, foi um show. Quase não acredito nos amigos rockeiros que perderam esse show, o pessoal amante da música, aqueles que respondiam a pergunta "O que está fazendo?" prontamente: "Ouvindo música!". Lá no tempo onde isso era uma atividade exclusiva, sem msn, redes sociais ou portais on line dividindo o prazer de uma boa música. Quase não acredito que minha velha turma do vício musical não estava lá. Envelheceram eles, porque Rivers não envelheceu. Fez um show perfeito, desde a entrada, passando pela simpatia ao tratar o público (que para minha vergonha alheia, não lotou o teatro), até as brincadeiras, pegadinhas como quando flertou no início do hino Do you wanna dance, arrancando do público o clima que ele trazia ao palco. Leveza, alegria, não aquela obrigação de artista que volta ao palco porque o dinheiro acabou. Mas porque ama a música, porque tinha uma banda que tocava com prazer, como se não fosse a profissão. O público mais apurado sempre sabe, se o músico está lá a trabalho pura e simplesmente, ou se está lá trabalhando e se divertindo, sentindo a música e adorando estar lá.

Eu sou um fanático da velha guarda, dos que ouvem música desde sempre, desde que isso era uma atividade exclusiva, um colecionador de CDs e shows, muitos shows. E esse foi um show no literal sentido da palavra, não foi uma apresentação como tantas que aparecem por aí, foi um show de música, de respeito ao público, um show do grande artista que leva a grandeza de seu nome a sério. É dos shows que levam negrito na extensa lista, daqueles que ficam na memória, daqueles para lembrar, que assim toca Johnny Rivers.

Thanks You Tube, pelo momento mágico do show:




Mais? Aqui.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Ôoooo, amo los Stones....

Nada contra o Rio. Nada contra o 1,5 milhão de brasileiros que foi a praia de Copacabana ver uma das maiores bandas da nossa história. Mas assistir aos dinossauros do rock na cidade mais fanática por eles... Foi uma escolha fácil!!
Buenos Aires. Uma das cidades mais amadas e comentadas aqui na região sul do Brasil, a capital Argentina vem dando a volta por cima. Depois de alguns anos de crise, BA parece estar se reconstituindo, é possível caminhar em altas horas com relativa tranqüilidade pelo centro e mais do que nunca, está quase falando português.
Mas nem todos os momentos foram flores... A tradicional organização e tranqüilidade dos grandes shows no belíssimo estádio do River Plate foi quebrada. O Monumental de Nunes poderia ter sido palco de uma grande tragédia.

Ato I – A cidade como ela é.

Nossa viagem começou tranqüila, em um respeitável MD11 com suas 3 turbinas e muito espaço! A chegada em Buenos Aires é sempre a mesma, check in no hotel e aquela saída mais rápida possível para a Florida, da qual o hotel sempre é vizinho. O charme de uma cidade "quase européia" seduz rapidamente qualquer turista e logo não há qualquer lembrança de problemas, trabalho e quase nem se lembra de porque mesmo veio até BA. Não precisa de motivo para viajar a Buenos Aires!
O câmbio nos favorece, a comunicação nunca foi tão fácil, o número de turistas europeus e brasileiros impressiona. A irresistível Galeria Pacífico, e as dezenas de restaurantes, com suas pastas e carnes com ótimos preços e qualidades invejáveis. À noite bares, sempre com enormes placas da Quilmes convidam, a falta de pressa de uma cidade que nunca dorme cedo tranqüiliza, e a segurança das ruas permite que se fique por ali indefinidamente.

No fim de semana tem passeios que são indispensáveis, como a Recoleta e sua feira muito parecida com o nosso Brique da Redenção. Um Hard Rock decadente, uma galeria de lojas de design que deixa as pessoas de bom gosto e sofisticação sem saber o que olhar primeiro. E o belíssimo Museu de Belas Artes, que exige pelo menos umas 3 horas para uma rápida apreciada em suas obras.

O bairro da moda, Palermo dá toda a impressão de Europa, com tudo incluído. As lojas de marcas mundiais se enfileiram nas belíssimas e “anchas” avenidas. E vale muito a pena comprar! Retornar da Recoleta ao centro caminhando cansa, mas vale muitíssimo cada passo! Las Cannitas tem uma rua (Baez) que abriga vários barzinhos, é a “Calçada da Fama” de BA, fica atrás do gigantesco hipódromo, e é movimentada de quarta a domingo.

No domingo há a famosa feira de San Telmo, que na realidade é uma venda de velharias, lugar para uma visita única, na primeira vez que se vai a BA, apesar de alguns restaurantes temáticos interessantes. San Telmo já fora um bairro de luxo, abandonado por seus moradores durante a peste...

La Boca com seu “caminito” permanece sempre igual, e oferece os maiores preços de BA para suas lembranças. Lugar totalmente voltado aos turistas, e que deve ser visitado até as 18 horas, a partir de então se torna muito perigoso. O velho porto segue com aquele odor habitual, muito desagradável.

Puerto Madero com seus 16 prédios gigantescos reformados oferece uma infinidade de restaurantes e bares, vizinho da impressionante “disco” Opera Bay, que mais parece uma obra de arte gigantesca. O complexo é seguro, mas se recomenda chegar até ali de táxi. Os táxis argentinos continuam, como sempre, baratos, correndo como loucos e vários sem faróis, depredados e sem manutenção. São 40 mil táxis na cidade, rodando incansavelmente para todos os lados que se olha.

Os amantes do futebol poderiam perguntar: O River mudou de cidade? Não se vê camisas do River por lá, só entrando nas lojas e pedindo. As vitrines são tomadas pelas cores do Boca e da Seleção, estão por todos os lugares.
O sorvete portenho é imperdível, sabor doce de leite mais ainda, as carnes excelentes em qualquer lugar, e as bebidas sempre caras.

Teatro Colon em reforma, ruas não tão limpas como antigamente, e sim, há pedintes por todos os lados. Até uma espécie de carnaval havia por lá.

De qualquer forma, BA continua imperdível, e ainda não conheci alguém que tivesse pressa de ir embora de lá, a partida é sempre o dia da tristeza!




Ato II – E as pedras rolaram.

A primeira recomendação é que não se use camisas de times ou países, e que se chegue cedo, próximo a hora da abertura dos portões. A primeira recomendação é fácil de seguir, a segunda nem tanto. Quem depende de agência para este transporte, deve ser muito incisivo nessa questão, sob pena de ver as pedras rolarem, mas sobre sua cabeça...

Os mais experientes em shows na capital portenha afirmam nunca terem visto tal desorganização da produção de um show. Uma única entrada para as 40 mil pessoas do “campo”, e uma única entrada para as arquibancadas. A fila monumental, tal como o estádio, andou por quatro horas para nosso grupo, mas não conseguiu entrar antes do primeiro acorde ecoar estádio afora. Neste momento, toda a tranqüilidade e educação impressionante do povo argentino, que aguardava calmamente sua vez de entrar em um calor significativo e escutando zoeira da grande massa de brasileiros que tomava conta de grande parte da fila, foram por água abaixo. As 22 horas, assim que os fogos anunciaram a entrada dos dinos do rock, o cenário mudou instantaneamente, e os gritos de “ abre la puerta la puta que te pario” anunciaram uma corrida maluca da fila, dos espertalhões que acompanhavam a fila ao seu lado e da meia dúzia de policiais que só apareciam na porta do estádio. Organizadores não havia. Os fâs estavam por conta, desde as 16 horas por conta. Então, quem ficou por conta foram os caras da revista, que se esconderam, e as roletas, arrancadas pelos próprios cobradores, e muitos fãs, inclusive eu, que entraram correndo, e nem ingresso entregaram. As grades caíram, e todos entraram correndo. Caos, seguido da chegada da tropa de choque, com jatos de água e bombas de gás, atacados a garrafadas pelos fãs que com ingresso na mão perderam o show.

Entramos ao final da primeira música, mais um tempo para se recuperar da correria e do susto significou alguma perda do show, até entrar no clima... Alguns, como meus amigos de Bento Gonçalves que foram exclusivamente ver o show ficaram de fora. Em choque, sem acreditar no que tinha acontecido.

O show foi como esperado, alucinante, com uma platéia que lembrava uma torcida de futebol, tal era a paixão pela banda. Richards ovacionado por quase 10 minutos. Tranqüilidade o tempo todo, empurra-empurra apenas no momento do palco menor avançar até o meio do campo, o que nos permitiu vários minutos de cara com os astros. Show histórico, talvez o último deles pela América Latina. Daqueles que se diz: Eu fui! Enchendo a boca de orgulho. Paint In Black foi o ponto alto do show, na minha visão.

As frases de ordem " abre la puerta la puta que te pario" foram substituídas por um coro impressionante: "Ôoooooo amo los Stonessssss, amo los Stones, amo los Stones, amo los Stoooones" e o Monumental fervia com seu sangue latino.

A saída foi tranqüila. No ponto de encontro só se ouviam celulares tocando, os pais preocupados com os filhos que lá estavam, pois a repercussão do tumulto foi imediata e forte, haviam repórteres na nossa frente na hora da explosão do tumulto.

No segundo show, na quinta-feira, meus amigos de Bento conseguiram entrar, abaixo de muita chuva, com “las puertas” abrindo mais cedo ( as 14 horas) mas ainda assim com novo tumulto do lado de fora. Show com novo set list, incluindo Angie...

Mas enfim, as pedras rolaram...

E eu vi!
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