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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Entra 7, sai 14.

Fazem alguns anos, na verdade não muitos, que declararam a Independência do Brasil. Comparado a outras nações, o nosso país é um jovem adolescente ainda lidando com as espinhas no rosto. E jovem tem lá as suas características. Discute, desobedece, briga, esperneia, faz pirraça, faz festa em véspera de prova, e todas aquelas coisas que todos nós já fizemos.

O jovem também é inocente, empreendedor, sonhador, irresponsável e imprevisível. Então que desde 7 de setembro de 1822 o Brasil iniciou sua caminhada para ser um país. Sim, porque se nós como seres humanos complexos e com uma construção divinamente perfeita que somos demoramos vários anos para chegarmos a um certo grau de coerência... E mesmo assim está cheio de tiozão fazendo tudo errado... Imagina o país todo, formado por essa tribo toda aí, desde o dia 7, gritando ao vento: Independência ou Morte. Pobre Brasil, Independência ou Morte. Até nossa independência foi uma peça teatral. E aí ficamos furiosos quando deputados dançam em plenário comemorando mais uma impunidade. Ou senadores , ou presidentes, ou todos esses aí encenando ao povo gado. Desde sempre, no Brasil entra 7 e sai 14. Chegam espelhos, sai ouro. Chegam chips de computador, saem cargueiros de minério. No Brasil da Independência ou Morte, entra 7 e sai 14.

As vezes me pego pensando que somos o que somos porque somos apenas um país jovem, tentando achar seu creme para espinhas, e tentando conquistar a coleguinha da escola. Mas temos algumas diferenças de outros grandes países. Nosso 7, veio fácil. Não foi um sangrento 4 de julho. Nem passamos por invasões, nem tivemos que defender nossa bandeira. O Brasil não suou. Além de sua formação, composta com o objetivo de servir de celeiro de riquezas e não de ser um país de verdade. Não tivemos que erguer o escudo, nem usar a espada. Nosso 7 foi teatral, e nenhuma gota de sangue foi derramada. Veio fácil, para sair fácil. Nossa bandeira é colorida e bonita, mas ela custou pouco ao povo. E tudo que custa pouco, tem pouco valor. E aí que somos jovens, bobos e inocentes, mas sem a rebeldia, sem o sangue quente. Aí que temos alguns ingredientes dos jovens, mas outros não. Somos um jovem sem pai. Tem mesada, mas só tem mesada, não vai ter salário. Melhor pagar a mesada, e não ter que pagar salário. Melhor receber a mesada, já que ter salário da muito trabalho. O Brasil precisa crescer. Brigar, lutar.

O brasileiro ganhou uma mina de riquezas, ganhou assim de graça. Com o compromisso de permitir que ela continuasse a ser explorada. E assiste conformado ao próprio teatro, porque afinal de contas, o 7 veio de graça. Desde que entrem 7, e saiam 14.

2 comentários:

  1. A explicação de muitos dos fatos relevantes da nossa história, antiga ou recente, passa, sim, pelo processo de formação desse país. Nossa independência foi convenientemente "calma", e serviu para mater muitos interesses de uma classe dominante que se perpetua até hoje, se não pelos mesmos nomes, pelo padrão. Se bem que de uns 50 anos pra cá, nem mesmo os nomes mudaram.
    Excetuando-se a crítica sutil e comum aos programas de distribuição de renda, doas quais ainda vou escrever algum texto, achei muito bom o artigo.
    O país teve sua independência, mas os valores continuam os mesmos. Isso que nos deixa mal. Mas chega, se não escrevo um artigo dentro do artigo, hehehehe.

    Abs!!

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  2. É, digamos que essa discussão possa ir ao infinito

    Mas o pior: Não iria resolver nada!

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