Pesquisa personalizada

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Justiça seja feita

Quatro anos atrás um fenômeno eleitoral acontecia no Rio Grande do Sul. Um fenômeno que só não teve maior impacto por ter como um dos agentes o PMDB, partido de maior força do estado gaúcho. PMDB ganhar no Rio Grande não chama atenção de ninguém, é um fato normal. Mas não naquele momento.

Neste evento, assistimos a vitória de uma candidatura que tinha menos de 5% das intenções de voto no início da campanha. Um crescimento esmagador, uma reação impressionante, mas que boa parte do país não entendeu. O Rio Grande do Sul não votou no seu maior partido, o PMDB. O Rio Grande votou no anti PT. O PMDB era a terceira via, correndo por fora contra um governador de salto alto, de partido neutro e desgastado pela militância petista, que na época ainda era quase um exército, tal sua força. Contra o governador Antônio Britto, Tarso Genro, considerado um petista de baixa rejeição. Como pessoa.

Nesse cenário Germano Rigotto, um ilustre desconhecido na cidade Porto Alegre, e da maioria do interior do estado triunfou, passando de viagem pelos outros dois candidatos. No segundo turno, a guerra de carros adesivados e bandeiras pelas ruas impressionavam. Era a força da militância do PT, como sempre, atuando em estado de guerra em Porto Alegre. Do outro lado a reação. Uma reação impressionante. Não do PMDB. Do anti PT.

Rigotto não derrotou ninguém. O povo gaúcho, como sempre na vanguarda das tendências do Brasil, é que decidiu que o PT teve sua chance e não aproveitou bem. Foi varrido. E para não deixar dúvidas da teoria do voto anti PT, varreu este partido também da prefeitura de Porto Alegre, que estava em seu poder a quase duas décadas.

Pois que chega a hora da verdade de Germano Rigotto. A reeleição é o aval da população para o trabalho de quatro anos. O cenário era totalmente favorável. Rigotto foi pré candidato a presidente da República, fez uma excelente votação na convenção, e foi derrotado por um não PMDB que está no PMDB com alta rejeição, por culpa de uma fórmula mágica inexplicável e incoerente. Daquelas coisas que só o PMDB, este monstro atrapalhado é capaz de fazer. Um pré candidato a presidente, com baixa rejeição e alta aprovação do seu governo, tendo como concorrentes um ex governador petista de alta rejeição e uma candidata teimosa várias vezes derrotada. Seria como tirar doce de criança.

Seria. Os problemas de Rigotto começam pelo imposto que ele aumentou, e não deveria tê-lo feito. Passam por um estado que é de conhecimento nacional, é ingovernável, tal a situação financeira. Um estado que leva o gentil apelido de “triturador de governadores”, por alguns cientistas políticos do centro do país. Também passam pela divisão de secretarias ao melhor estilo Britto, privilegiando os demais partidos em busca da governabilidade tão sonhada, e decepcionando a militância do PMDB. Rigotto ainda dá uma ajuda extra aos seus adversários, se pronunciando contra a reeleição e demorando pra anunciar sua candidatura, dando a impressão que não quer mais o Rio Grande. E logo com o povo gaúcho, o mais orgulhoso do seu chão farroupilha. Isso faz com que Rigotto não decole nas pesquises. Ele lidera, mas não esmaga.

Agora Rigotto não é mais a terceira via. É a primeira, com seus desgastes. Assiste a segunda via empacar, com sua implacável rejeição do voto anti PT. Mas também um crescimento da terceira via.

Então vem a pesquisa fatal. Yeda venceria, assim como Rigotto também venceria, Olívio Dutra no segundo turno. E Yeda se aproxima perigosamente de Olívio. Até aqui nenhuma novidade, qualquer cidadão brasileiro bem informado sobre a política gaúcha chegaria sem grande esforço. Mas mais um fenômeno vem aí...

O povo gaúcho, sem pensar duas vezes, vota em Yeda, na ânsia de varrer mais uma vez o PT do governo gaúcho. O voto de Yeda é de Yeda. Mas também é o anti PT. O mesmo voto que elegeu Rigotto quatro anos atrás agora ajuda Yeda a varrer Olívio. Mas aí entra o destino, e a justiça.

Não que Rigotto tenha sido um mal governador. Ele foi bem, dadas as condições. Teve erros, teve acertos. Mas certamente seria reeleito, não há dúvidas. Não foi reeleito porque boa parte dos votos de Yeda eram seus. Mas esses votos eram mais do fenômeno anti PT do que de Rigotto. Eram do medo. Medo de ter o PT por perto. O gaúcho quis atirar no PT, e acertou no PMDB. A mesma mão anti PT que conduziu Rigotto ao poder, o derrubou por engano.

Aposto em qualquer termo, Rigotto contra Olívio, daria Rigotto com vitória esmagadora. Rigotto contra Yeda, daria Rigotto com uma margem tranquila. Mas com todos os ingredientes misturados, a justiça do acaso levou mais uma vez a terceira via ao poder.

O Brasil viu o resultado com curiosidade, pensando no que Rigotto teria escorregado. Em que seu governo teria fatalmente se equivocado. Mas só sabe mesmo a verdade, os milhares de gaúchos que se dirigiram as urnas naquele domingo com um único objetivo: Varrer Olívio Dutra do segundo turno. Errou o tiro, ficou perplexo no domingo a noite quando viu Rigotto, candidato de muitos, fora do segundo turno. Humilhado e com sua carreira política aniquilada. Justiça cruel essa.

No segundo turno Yeda deve esmagar Olívio, Yeda, com os votos de Rigotto, e com os votos anti PT. Ganha a próxima eleição no Rio Grande do Sul, o candidato que souber como atrair certos votos. Nem os da rejeição do atual governador, nem os do seu partido. Mas os votos do anti PT. Esses são os votos que decidem quem manda no Rio Grande.

Agora só resta uma pergunta: Desta vez o Brasil segue o Rio Grande?

Rico da Artigolândia.

domingo, 26 de março de 2006

Foguetinhos Politicos.

Já que o Brasil vai ao espaço, hoje só temos foguetinhos!

- Caseiro quer ir pra longe do Brasil.
Em outros tempos, se chamava exílio. Não é o primeiro a ter que fugir, tem irmão de ex prefeito assassinado que já fez o mesmo...


- Germano Rigotto gera mais um fiasco no MDB. Indica o Jobim para governador.
Se estivesse presente na prévia do partido por mais tempo, saberia que quase todos lá assinaram nota pedindo que esse cidadão lá do Tribunal Superior do Presidente fosse barrado no MDB. Foi o pior de todos lá no Supremo. Talvez o escambo não tenha se confirmado, então tem gente buscando alternativas. Ninguém quer ele de ficha assinada, muito menos candidato a governador. Confirmado Jobim, vai ter muito MDB votando em outros partidos. Sem dúvida. PT feliz da vida no RS! Sem a queda da verticalização, a única maneira de derrotar o MDB no RS é mandar o Jobim para cá. Rigotto, Rigotto...
Escambo?


- Palocci está se despedindo esta semana, não tem como sustentar mais.
É o último dos "capacitados" a deixar o governo a vassouradas. Só ficaram os gargantas. Se segura Brasil, estamos em ponto morto!


- Termina o excelente seriado JK. Globo merece parabéns, foi uma bela produção. Tirando o fato de que foi um aviso, quiça encomendado por alguém. Só para lembrar ao povo que a tomada militar é a pior das opções. Uma porta é sempre uma porta, mesmo quando está pequena. Não custa relembrar o povo né? Ainda mais o brasileiro...


- Duas teorias. Supostas.

Primeira, mais óbvia: Presidente perdeu todos os capacitados. Tentará equilibrar o Brasil na mesma direção que esteve até então. Se mexer na direção, e tiver que escolher novos caminhos, se complica. Foi um desastre para o PT e para o Lula.

Segunda, mais perigosa: Presidente não está muito preocupado com essas perdas. Deixou rolar. Quer ficar o máximo possível parecido com seu grande ídolo lá de Cuba. Nesse caso, o Brasil deveria estar bem preocupado. Desastre para todo o país.

Ainda bem que são só minhas supostas opiniões, não me processem !


Essa campanha vai ser ótima. Artilharia pesada. Sempre fui fã de marketing de guerrilha. Único capaz de vencer políticos que se chamam de "companheiros de armas". Dança conforme a música. Engraçado mesmo é ver os maiores críticos sem qualquer dó nem piedade com mais de 20 anos de ataques, reclamando das pedradas. Telhado de vidro complica tudo, não?


Sinto inveja dos argentinos.
Essa semana explico porque.

terça-feira, 21 de março de 2006

Circolândia Eleitoral !

Pena que não tenho tempo! Queria eu estar percorrendo os bares do Brasil. Quanto mais boteco melhor. Os botecos são a cara do Brasil. E o papo de boteco é a verdadeira voz do Brasil. Eu queria ouvi-los. Sentir o clima nos botecos. Queria mesmo “botequiar”.

As eleições ainda estão muito longe. Distantes urnas eletrônicas nos aguardam nos depósitos do TSE. E após nossa visita as urnas, são eles que as aguardarão. Os candidatos e suas urnas eletrônicas, exemplo mundial de eficiência. As urnas, naturalmente. Nossos candidatos, coitados, nunca tiveram necessidade de mentir tanto como o terão que fazer nesta eleição. Pobres candidatos.

Deputados e Senadores? Não vale a pena perder tempo com os Deputados. Eles são meros coadjuvantes na política nacional. Assim como os Senadores. No máximo proferem ruídos na TV, que quando ficam muito altos, o Superior Tribunal do Presidente emite algum “habeas ladrão” ou um “cala-te X9” e transformam suas CPIs no verdadeiro picadeiro dos palhaços tupiniquins. Coadjuvantes apenas.

Governadores? Governadores da República Federativa do Brasil. Federativa? Não, também não adianta perder tempo falando dos nossos queridos governadores. Alguns até tentam, mas amarrados, vitimados, sem dinheiro e reféns da concentração de riqueza federal, nada tem a fazer. Aliás, aos que tanto pregam a igualdade social, que na verdade querem dizer igualdade econômica, são os mesmos que centralizam todo o poder do Brasil, sua riqueza. Acredite no que eu digo, feche os olhos ao que faço!

E agora? Bom, já discutimos sobre o judiciário, onde se assiste a milhares de milhares de competentes e estudiosos bacharéis em direito estudando anos a fio para concursos que lhes garantam alto salário vitalício, estabilidade e poder. Certos estão eles. Em quase tudo. Erram no poder, o qual eles não terão. Poder só tem quem o presidente assim deseja, e assim nomeia, e assim manda no judiciário. Através do Tribunal Superior do Presidente da República Tupiniquim do Brasil. Mas porque mesmo falar de judiciário se estamos falando de eleições? Ah sim, porque vários dos Ministros do Supremo Tribunal de Justiça do Presidente serão candidatos a cargos políticos. Claro. Senão, porque estariam servindo ao Presidente? Escambo!

E o Presidente? A autoridade máxima do país! Já que estamos esgotados de ler, ouvir, ver e engolir o atual. Vamos pular para as próximas peças do tabuleiro. Que do sorridente sem cultura e sem várias outras coisas menos simpáticas de se dizer, não há mais anda a declarar.

Geraldo Picolé de Chuchu Alckmin. Como alguém que recebe um apelido desses se torna Presidente? Mesmo que do Brasil! (Pobre Brasil!). Mas é possível sim. Não só possível como provável. Me parece um bom cara. Não é simpático como o atual, não tem nada de carismático, como o atual, mas um bom governante. Qual é a triste história do Geraldo Picolé? A triste história do Picolé, é que o bico tucano era grande demais! Demorou a sair! A Serra quase o levou! A novela mexicana promovida pelo PSDB foi o programa de campanha do partido culto que não cria filhos. Os tucanos são os europeus da política brasileira, sabem fazer, são cultos, tem porte, tem pompa e tem circunstância, mas não sabem fazer filhos! É um partido de uma geração só! E esta acabando... Um com pontos nas pesquisas. Outro, preferido do Covas, dominando o partido internamente. E nisso, o atual disparou de novo. O Picolé derreteu, mas vai se recuperar. Resta saber se a tempo...

Anthony Populista Garotinho. Mais uma polêmica figura ilustrada na história política do Brasil. Ainda em dúvida se os senadores biônicos do atrapalhado PMDB o deixarão ser candidato, ou o mandarão de volta ao Rio. Menino do Rio. Garotinho do Rio. O PMDB tem feito fiascos homéricos Brasil afora. Desarticulado, cheio de caciques e nenhum índio, está ao mesmo tempo sentado no colo do Presidente ( ao lado não, no colo mesmo) e na oposição. O gigante sem cabeça. O último fiasco foi a prévia que não foi prévia, que aconteceu mesmo assim e não definiu nada, porque o critério também era uma piada. Cruz credo! Os senadores biônicos impediram a prévia. Sabe-se lá como o Tribunal Superior do Presidente mandou parar tudo. A prévia não valia, porque os homens do Presidente assim desejaram. Mas valentes, Rigotto e Garotinho foram as urnas internas. Depois de terminada a votação, a dúvida: O que fazer com um candidato que fez quase o dobro dos votos de outro, e perdeu as prévias que não eram prévias. Que confusão! O gigantismo tem seu preço. E ele passa pelo fiasco nacional.

Heloísa Radical Helena. São poucas as pessoas realmente admiráveis nessa campanha. Mas a Heloísa com certeza é uma delas. Absolutamente honesta, absolutamente fiel as suas convicções, corajosa e faca na bota! A Heloísa só tem um problema: O sistema de governo que ela acredita, já faliu no mundo todo, não funcionou, não funciona, e nunca vai funcionar, só é bonito no papel. Porque o papel, nós sabemos, aceita tudo.

E ainda vamos conhecer vários outros, de menos visibilidade, que vão ter o seu papel. Todos têm o seu papel. Um pequeno pra atacar, um pequeno pra proteger, um médio pra fazer o corta luz... Quem sabe até outro fenômeno Enéas! Mas que não fale em bomba nuclear, por favor! A política não é fabulosa? E os marketeiros? Ah, esses merecem um artigo exclusivo, mais adiante! Brasileiros e brasileiras... Prestem atenção no que eles dizem, mesmo que eles não digam nada.

Mas quer saber? Chega desse papo, eu vou é pro boteco!

Rico, rumo ao boteco!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Ôoooo, amo los Stones....

Nada contra o Rio. Nada contra o 1,5 milhão de brasileiros que foi a praia de Copacabana ver uma das maiores bandas da nossa história. Mas assistir aos dinossauros do rock na cidade mais fanática por eles... Foi uma escolha fácil!!
Buenos Aires. Uma das cidades mais amadas e comentadas aqui na região sul do Brasil, a capital Argentina vem dando a volta por cima. Depois de alguns anos de crise, BA parece estar se reconstituindo, é possível caminhar em altas horas com relativa tranqüilidade pelo centro e mais do que nunca, está quase falando português.
Mas nem todos os momentos foram flores... A tradicional organização e tranqüilidade dos grandes shows no belíssimo estádio do River Plate foi quebrada. O Monumental de Nunes poderia ter sido palco de uma grande tragédia.

Ato I – A cidade como ela é.

Nossa viagem começou tranqüila, em um respeitável MD11 com suas 3 turbinas e muito espaço! A chegada em Buenos Aires é sempre a mesma, check in no hotel e aquela saída mais rápida possível para a Florida, da qual o hotel sempre é vizinho. O charme de uma cidade "quase européia" seduz rapidamente qualquer turista e logo não há qualquer lembrança de problemas, trabalho e quase nem se lembra de porque mesmo veio até BA. Não precisa de motivo para viajar a Buenos Aires!
O câmbio nos favorece, a comunicação nunca foi tão fácil, o número de turistas europeus e brasileiros impressiona. A irresistível Galeria Pacífico, e as dezenas de restaurantes, com suas pastas e carnes com ótimos preços e qualidades invejáveis. À noite bares, sempre com enormes placas da Quilmes convidam, a falta de pressa de uma cidade que nunca dorme cedo tranqüiliza, e a segurança das ruas permite que se fique por ali indefinidamente.

No fim de semana tem passeios que são indispensáveis, como a Recoleta e sua feira muito parecida com o nosso Brique da Redenção. Um Hard Rock decadente, uma galeria de lojas de design que deixa as pessoas de bom gosto e sofisticação sem saber o que olhar primeiro. E o belíssimo Museu de Belas Artes, que exige pelo menos umas 3 horas para uma rápida apreciada em suas obras.

O bairro da moda, Palermo dá toda a impressão de Europa, com tudo incluído. As lojas de marcas mundiais se enfileiram nas belíssimas e “anchas” avenidas. E vale muito a pena comprar! Retornar da Recoleta ao centro caminhando cansa, mas vale muitíssimo cada passo! Las Cannitas tem uma rua (Baez) que abriga vários barzinhos, é a “Calçada da Fama” de BA, fica atrás do gigantesco hipódromo, e é movimentada de quarta a domingo.

No domingo há a famosa feira de San Telmo, que na realidade é uma venda de velharias, lugar para uma visita única, na primeira vez que se vai a BA, apesar de alguns restaurantes temáticos interessantes. San Telmo já fora um bairro de luxo, abandonado por seus moradores durante a peste...

La Boca com seu “caminito” permanece sempre igual, e oferece os maiores preços de BA para suas lembranças. Lugar totalmente voltado aos turistas, e que deve ser visitado até as 18 horas, a partir de então se torna muito perigoso. O velho porto segue com aquele odor habitual, muito desagradável.

Puerto Madero com seus 16 prédios gigantescos reformados oferece uma infinidade de restaurantes e bares, vizinho da impressionante “disco” Opera Bay, que mais parece uma obra de arte gigantesca. O complexo é seguro, mas se recomenda chegar até ali de táxi. Os táxis argentinos continuam, como sempre, baratos, correndo como loucos e vários sem faróis, depredados e sem manutenção. São 40 mil táxis na cidade, rodando incansavelmente para todos os lados que se olha.

Os amantes do futebol poderiam perguntar: O River mudou de cidade? Não se vê camisas do River por lá, só entrando nas lojas e pedindo. As vitrines são tomadas pelas cores do Boca e da Seleção, estão por todos os lugares.
O sorvete portenho é imperdível, sabor doce de leite mais ainda, as carnes excelentes em qualquer lugar, e as bebidas sempre caras.

Teatro Colon em reforma, ruas não tão limpas como antigamente, e sim, há pedintes por todos os lados. Até uma espécie de carnaval havia por lá.

De qualquer forma, BA continua imperdível, e ainda não conheci alguém que tivesse pressa de ir embora de lá, a partida é sempre o dia da tristeza!




Ato II – E as pedras rolaram.

A primeira recomendação é que não se use camisas de times ou países, e que se chegue cedo, próximo a hora da abertura dos portões. A primeira recomendação é fácil de seguir, a segunda nem tanto. Quem depende de agência para este transporte, deve ser muito incisivo nessa questão, sob pena de ver as pedras rolarem, mas sobre sua cabeça...

Os mais experientes em shows na capital portenha afirmam nunca terem visto tal desorganização da produção de um show. Uma única entrada para as 40 mil pessoas do “campo”, e uma única entrada para as arquibancadas. A fila monumental, tal como o estádio, andou por quatro horas para nosso grupo, mas não conseguiu entrar antes do primeiro acorde ecoar estádio afora. Neste momento, toda a tranqüilidade e educação impressionante do povo argentino, que aguardava calmamente sua vez de entrar em um calor significativo e escutando zoeira da grande massa de brasileiros que tomava conta de grande parte da fila, foram por água abaixo. As 22 horas, assim que os fogos anunciaram a entrada dos dinos do rock, o cenário mudou instantaneamente, e os gritos de “ abre la puerta la puta que te pario” anunciaram uma corrida maluca da fila, dos espertalhões que acompanhavam a fila ao seu lado e da meia dúzia de policiais que só apareciam na porta do estádio. Organizadores não havia. Os fâs estavam por conta, desde as 16 horas por conta. Então, quem ficou por conta foram os caras da revista, que se esconderam, e as roletas, arrancadas pelos próprios cobradores, e muitos fãs, inclusive eu, que entraram correndo, e nem ingresso entregaram. As grades caíram, e todos entraram correndo. Caos, seguido da chegada da tropa de choque, com jatos de água e bombas de gás, atacados a garrafadas pelos fãs que com ingresso na mão perderam o show.

Entramos ao final da primeira música, mais um tempo para se recuperar da correria e do susto significou alguma perda do show, até entrar no clima... Alguns, como meus amigos de Bento Gonçalves que foram exclusivamente ver o show ficaram de fora. Em choque, sem acreditar no que tinha acontecido.

O show foi como esperado, alucinante, com uma platéia que lembrava uma torcida de futebol, tal era a paixão pela banda. Richards ovacionado por quase 10 minutos. Tranqüilidade o tempo todo, empurra-empurra apenas no momento do palco menor avançar até o meio do campo, o que nos permitiu vários minutos de cara com os astros. Show histórico, talvez o último deles pela América Latina. Daqueles que se diz: Eu fui! Enchendo a boca de orgulho. Paint In Black foi o ponto alto do show, na minha visão.

As frases de ordem " abre la puerta la puta que te pario" foram substituídas por um coro impressionante: "Ôoooooo amo los Stonessssss, amo los Stones, amo los Stones, amo los Stoooones" e o Monumental fervia com seu sangue latino.

A saída foi tranqüila. No ponto de encontro só se ouviam celulares tocando, os pais preocupados com os filhos que lá estavam, pois a repercussão do tumulto foi imediata e forte, haviam repórteres na nossa frente na hora da explosão do tumulto.

No segundo show, na quinta-feira, meus amigos de Bento conseguiram entrar, abaixo de muita chuva, com “las puertas” abrindo mais cedo ( as 14 horas) mas ainda assim com novo tumulto do lado de fora. Show com novo set list, incluindo Angie...

Mas enfim, as pedras rolaram...

E eu vi!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

O Brasil a Ferro e Fogo.

É ferro. É fogo.

É básico. Todos sabem. Ninguém poda um arbusto indesejável em um jardim. Arranca-se ele com sua raiz, inteirinha. De nada adianta cortar uma folha ou outra, se é da raiz que ele renascerá.

Vejamos a crise das crises no nosso país. Alavancada pelos políticos que se tornaram os donos do poder justamente por passar a vida toda afirmando ser imunes as velhas práticas políticas eleitoreiras e governistas. Quanto mais folhas são arrancadas, mais se percebe o quão profundas são as raízes.

Mas o que se faz com essas raízes?

Quem já fez campanha algum dia em pequenas cidades pode ver mais de perto porque as coisas são assim. Com certeza já ouviu: “ Tudo bem, teu candidato é simpático, gosto dele, mas o que eu ganho com esse voto? Amanhã é domingo e ainda não tenho carne pro churrasco! Nem fiz o rancho do mês! Estou com a conta de luz atrasada! Ah sim doutor, eu troco o cartaz do outro candidato lá da porta da frente, mas tem que valer a pena né...”

Muitas vezes a mesma mão que bate é a mão que alimenta. Em muitos setores. Na política não é diferente. Quem é culpado, o político que arrecada fundos e costura manobras ou alguns eleitores que “trocam” seu voto?

Os dois. Os dois lados. Dois de dois, ou seja, todos. Não todos os componentes de cada lado, mas alguns. Alguns de ambos os lados. Culpados por corromper. Culpados por serem corrompidos. E ainda, os culpados por saber, e nada fazer.

A corrupção é a violência dos poderosos. O motivo pelo qual um político usa seu poder para outros fins que não o de trabalhar para o povo é o mesmo que leva um assaltante a puxar o gatilho por um tênis falsificado: A impunidade. Essa é a palavra chave para o Brasil.

O ser humano não é perfeito, está muito longe disso. É fraco, é suscetível, é “negociável”, “ajustável”, tem seu limite, e muitos seu preço. Alguns bem baratos, como promoção de final de feira. Claro que existem exceções, mas nem da pra saber se as exceções são os corretos ou os incorretos. Pode-se deduzir, mas não saber. O homem pode sucumbir. Uns menos, outros mais, outros ainda muito mais. Mas o que define mesmo isso é a impunidade. Se quem tem a tendência, e percebe a oportunidade, e sabe que nada acontecerá depois, fará. Se temer o que acontecerá depois, no mínimo pensará.

Mesmo nossas leis velhas, antiquadas e muitas vezes até ridículas precisam ser cumpridas. Mas quem manda nelas? Judiciário. Lindo, cheio de concursos, muito estudo e... Independência? Não. As autoridades máximas do judiciário são, (PASMEM!) escolhidas pelo presidente da república.
Ora. Vamos recapitular. Temos três poderes.O executivo, na figura do presidente. O legislativo, nas figuras dos senhores “com anel de doutor” (segundo definição da nossa atual autoridade máxima executiva), e o judiciário.
O legislativo está ao lado do executivo. Negociando, aprovando, trancando, articulando, as vezes sem mesada, as vezes com. Mas sempre ganhando alguma coisa para direcionar seu voto. Seja ilegalmente, seja “legalmente”, com aprovação de seu projeto, liberação de verba para sua região... Por que afinal de contas, sua região que o coloca lá! Como então liberar verbas e aprovar projetos que beneficiem seus eleitores, se volta e meia não aceitar uma barganha do executivo, necessitado de seu voto para suas aprovações... Há independência entre legislativo e executivo? Nem de longe.
Ah, mas o judiciário é independente, os caras nem negociam com os outros poderes! Sim. Seria ótimo. Se o poder judiciário não tivesse como comandantes ministros. Ministros, escolhidos pelo presidente da república. Opa! Como assim? Assim mesmo. O poder judiciário tem como chefes, pessoas indicadas pelo executivo. Independência? Rá, rá, rá.
Vivemos numa monarquia democrática, mas ninguém nos avisou... E o pior, nossos comandantes há muito não se perguntam: “Que rei sou eu?”.

O Brasil precisa de ferro e fogo!
Todos precisam saber que se não andarem na linha, a linha os cortará.

Ninguém vai querer superfaturar uma obra pública, sabendo que na cadeia não se pode comprar nem uma pizza! Pizzas! O prato preferido dos três poderes. Opa, três? Ou um?
O cinto de segurança existe há muito. Mas só começou a salvar vidas quando teve custo pra quem não usasse. Quem sabe as leis não começam a ser cumpridas, caso se tenha certeza do custo de ignorá-las!

É possível acabar com a corrupção?
Não!
Sempre haverá. É a natureza humana em exercício. Mas podemos suportá-las em níveis “aceitáveis”, banindo um ou outro que se aventura.
Como?
Punindo, prendendo, banindo da política. Arrumando as leis que mandam prender sem fiança quem mata um passarinho a bodocadas e que soltam assassinos condenados em meia dúzia de anos. Quando são presos.
E o povo aquele que troca churrasco por voto, deveria saber, quanto custa ao país, que é dele, aquela carninha de domingo...

Por que da maneira que estamos, logo, logo quem não vai aceitar as pessoas de bem, moralistas chatos e corretos, são os corruptos, covardes e ladrões!

Brasil?
Sim, mas só a Ferro e Fogo!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

POA 40 graus.









Irmãos! Devemos ter nossa participação no sacrifício!

Desligue o ar condicionado, abra a janela e sinta a retribuição do planeta aos nossos cuidados para com ele...

Trabalhe arduamente, sem parar, tome bastante café e muito chimas, não abra a geladeira, esqueça os ventiladores, não ouse cometer o sacrilégio de entrar na piscina, sinta o sopro da natureza, abra os vidros do seu carro, use somente o ventilador, o ar puro e agradável das nossas belas vias asfálticas...

Não é uma maravilha?

Faça isso se você adora jogar garrafinhas plásticas na rua, se você ama jogar o toco de cigarro o mais perto possível da grama, ora ora, se você não dá bola para as queimadas nas matas, se adora uns casacos de pele bem reais, se acha que a madeira tem que vim mesmo boiando rio abaixo para produzir belos armários, se você apóia totalmente a utilização das margens dos rios pra plantar uns pezinhos de qualquer coisa vendável!

Você fica indignado com os alagamentos, que prejuízo absurdo seu carro alagando, seu motor indo pro espaço, a forração, os bancos... Mas você odeia aqueles pavimentos com pequenos blocos de concreto separados por grama, que inferno para os saltos altos! Troquem isso, façam de asfalto, concreto, impermeabilizem tudo! Por meu sapato!

Como assim uma bacia de contenção no prédio? Mas que custo é esse, vejam o preço dessa obra! Pra que isso! Não serve pra nada! Deixe a água que bate em nosso telhado ir para a rua, azar se antes de construirmos essa água penetrava no solo, é tão pouca área perto da cidade toda, não vai fazer direfença...

Então você considera o greenpeace um bando de loucos? Ah sim, então pegue um banquinho, vá até a esquina mais próxima composta por duas ruas asfaltadas, sente-se sob o sol, não beba nada, não use boné, óculos, apenas fique ali por algumas horas, sinta o bronzeado tomando conta de sua pele. De preferência sem camisa. Veremos então, quem é o louco...

Se você acha que a superpotência americana está certa em não assinar tratado nenhum de redução de poluição que cause alguma perda na sua impressionante indústria, ora, vá morar em Nova Orleans!!!

E tem gente que duvida que o “dente por dente, olho por olho" seja o mais perto da justiça...

Veja o olho, o olho do furacão, arrancando telhados e dentes americanos, em um estupendo aviso que não é ouvido, esse é o olho... E quando será a hora da cabeça toda?

E viva a natureza!!!

Por Rico, engenheiro civil, favorável ao progresso, mas a favor da vida, diretamente de Forno Alegre 40 graus, a cidade maravilha da beleza e do caos!

Artigolândia

Buenas, buenas! Bem vindos caros visitantes, a este pequeno ensaio de um apaixonado pela arte da escrita!

Não que eu seja um artista, muito menos que eu escreva arte, mas bem... Vamos tentar traçar algumas linhas interessantes!

Os assuntos serão diversos, os comentários permitidos, as críticas consideradas, e o estímulo ao pensamento garantido!

Aqui na Artigolândia, os maus serão culpados, os bons admirados, e como num conto de fadas, as opiniões respeitadas e discutidas!

Dá-lhe Brasil, o país antes do fim do mundo!


Arti, o Rico da Artigolândia
Related Posts with Thumbnails