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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O disjuntor e os três patetas

Foi lá no 302, naquele fabuloso primeiro ano de Capitolândia, que aprendi alguma coisa sobre instalações elétricas. Os personagens ainda eram o Cresponildo, o Gorducho e eu. O 302 era aquela residência caricata que já descrevi, mas ainda tinha algumas particularidades extras, que ainda vou contando...

Uma delas era o quadro de disjuntores do apartamento. Ele ficava atrás de um espelho todo cheio de estilo, talvez indiano, ou algo oriental não bem definido. Ele estava na lista mas não me lembro da origem dele, e nem do preço. Sim, existia uma lista, anexada ao contrato de aluguel, que citava cada item do apartamento (que era realmente mobiliado de cima a baixo), e informava o seu preço. Em dólar. Nunca esqueço das almofadinhas. 6 dólares cada. Esse item era caro. As pistolas árabes custavam em torno de 100 dólares, e confesso que quase "comprei" uma quando saímos. Mas lá estava o espelho. E atrás dele, aquilo... Um emaranhado de fios tão cretino que nem vou exemplificar visualmente agora, pois não cairia bem considerando minha profissão. O fato é que volta e meia esse monumento a segurança elétrica criava vontade própria. Se comunicava com a gente. Manda sinais de fumaça, sinais luminosos, e até sinais sonoros. Muito tranquilos, os dois estudantes de Eng Civil, o Gorducho e eu, administrávamos aquela entidade.

Em uma daquelas sexta-feiras, sempre muito movimentadas, a entiade quadro de disjuntores resolveu se manifestar de forma mais contundente. Emitiu sinais sonoros, luminosos e de fumaça. Todos ao mesmo tempo. E traduzindo elas com o protocolo de comunicação que desenvolvemos com a entidade concluímos: Este curto-circuito foi muito forte. Então nos pegamos literalmente de mala na mão, porque estávamos indo os três para a Interiorlândia. Não havia tempo de chamar um eletricista. Na verdade, se tivesse também não iríamos chamar. Mas também não havia tempo de conversermos a entidade a não queimar nossa casa. Então algum dos três genios, que não consigo lembrar qual foi, sugeriu: Desligamos a chave, e quando voltarmos domingo a noite, tentamos alguma coisa. Feito.

Viagem tranquila, 6 horas através da noite, para ficar menos de dois dias na Interiorlândia. No sabadão almoço de família reunida, conto feliz da vida da nossa perspicaz idéia de desligar tudo, eliminando assim o iminente risco de incendiar meio centro da Capitolândia. Então meu pai, que é do tipo quietão, mas quando fala ou é muito engraçado ou tem razão, pergunta: Desligaram é? Então imagino que tenham esvaziado a geladeira, porque na semana passada vocês levaram caixas e mais caixas de resfriados e congelados para lá...

Ops...

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