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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Então, que venha mais um.


Nessa questão de aniversário, eu sou meio assim, meio assado. Tem ano que estou empolgado, quero festa, quero tumulto! Tem ano que fico na boa, quase indiferente, e as vezes até esqueço em que número eu ando. Não sei se é o dia, ou o momento, só sei que eu mudo conforme o ano. E imagino que isso seja bom, afinal, a gente passa o ano todo mudando, então, porque não mudar o comportamento com relação a esta data?

As vezes ouço: Lá se foi mais um ano! E outras vezes: Opa, lá vem mais um ano! São olhares diferentes para o mesmo fato, e com pensamentos diferentes também! Lá se foi é uma comemoração, ou um até logo ao que ficou, enquanto o lá vem é uma expectativa toda positiva para o que está por vir! E eu também entro nessa ciranda, as vezes dando bye, bye, as vezes dando hello. Mas no fim, you say bye bye you say hello, you say hello, hello, hello... (brincando de Paul McCartney). Em resumo, o aniversário é a chegada e a saída, é um marcador, um reinício até. É o marco pessoal, como o 01 de janeiro, só que pessoal, um início de ano particular. E marcos são bons, porque dão oportunidade de dar uma paradinha, uma pensadinha. Fatos que costumam fazer toda a diferença na hora de dar uma avançadinha! E esse é um ano que eu falo bye, bye, mas também falo hello, hello. E até acho que embora sempre tenhamos ênfase em uma ou em outra, ambas as formas são importantes e válidas. Bye, bye para tudo de bom que aconteceu, para tudo que aprendemos e crescemos e um hello para tudo que vem chegando. E esse ano são 33, um número especial. Sim, todos são especiais. Mas esse é particularmente especial, pelo seu significado, e pelo que vem por aí!

Então o nosso marco particular de tempo é também particular na sua leitura, no seu significado. E claro, na sua importância. Conheço pessoas que não dão a mínima para a data. Já outras consideram o principal evento do ano. Mas não tem certo nem errado nesse jogo. Nem juiz, nem torcida. É um jogo individual, é um momento todo particular de como, quando, e porque se revisam algumas coisas, ou se projetam outras. Ou não. E nem importa, o importante é fazer, no dia, ou em outro dia qualquer, ou melhor ainda: O tempo todo. O que importa mesmo, é ver e rever tudo que foi acertado, projetar para que o vem por aí esteja no melhor caminho, e consolidar o conhecimento adquirido. Pode ser a qualquer tempo? Pode. Mas que um marcador ajuda, ajuda. Então, se a vida é um livro, que o aníver seja o marcador. Avançando a cada leitura, nos lembrando onde estamos, e sempre trazendo mais conhecimento conforme vai se movimentando...

Agradecimentos especiais a todos que já se manifestaram, no orkut, msn, twitter, telefone, e-mail... Todos que enviaram suas energias positivas e felicitações, afinal de contas, estamos aqui todos de passagem, e uma das funções de estar aqui é exatamente conhecer, conviver e trocar experiências! Valeu pessoal, valeu família que volta e meia passa por aqui, e beijão especial para minha Co amada. E até homenagem virtual eu ganhei!Fer, obrigado pelo bolo! Mamis, obrigado pelo parabéns!


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dexter


Já fazia algum tempo, na verdade muito, que o pessoal que curte seriado me indicava Dexter, com bastante frequência e intensidade. Por um motivo ou outro, eu vinha negligenciando essa indicação e adiando minha jornada pelo mundo vermelho de Dexter, até poucos dias atrás. Mas eu comecei. Assisti e caí na armadilha desse seriado que consegue colocar de um forma leve a vida de um serial killer com um número bastante significativo de "feitos".

Dexter é um seriado denso, complexo, e com uma receita de muito sucesso para dosar o peso de um serial killer que faz picadinho de suas vítimas sem parecer (e ser) um seriado "forte". É absolutamente surpreendente como Dexter com todo seu peso consegue ser tão leve. A primeira vez que ouvi falar, ou que li a respeito, imaginei um seriado forte, daqueles que requerem um tempo para a "digestão mental" do episódio, e é exatamente aí que reside a agradável surpresa de dexter.

Na verdade, agradável é exatamente a palavra que descreve o serial killer Dexter, um complexo jovem que se julga vazio e sem sentimentos. Se julga. Filho adotivo de um investigador da homicídios, Dexter é reconhecido em sua essência por seu novo pai Harry, e treinado para não ser pego. É direcionado, é um serial que usa sua necessidade de matar como um supervisor da justiça. Onde ela não alcança, ele entra. Um justiceiro requintado, técnico, frio. O pai, falecido, é chamado sempre na memória de Dexter, que trabalha como especialista em cenas do crime onde o sangue da vítima pode levar à suspeitas e resoluções de casos. No mesmo departamento trabalha Deb, sua irmã adotiva, uma esperta e insegura jovem inibida pelo talento do irmão e a ligação de Dexter com o pai. Na verdade, essa ligação era o próprio treinamento de Dexter. Treinamento em sobrevivência, uma aula de como ser um serial killer sem acabar na cadeira elétrica, onde a regra número era não ser capturado.

A vida na homicídios é bem agitada, e alguns personagens como Angel (esq.) denotam um certo tom de descontração e "passion" para os episódios, assim como Masuka (abaixo). Os personagens principais do departamento são também ricos, com histórias de vida interessantes, e os que não tem uma história interessante, levam as pitadas de humor ao dia-a-dia do seriado. Dexter é uma bela surpresa para quem procura medidas certas de algo mais, um prato extremamente bem temperado e atrativo já no primeiro episódio, mesmo que só comece a mostrar a complexidade de sua história mais adiante, no final da primeira temporada.


E a primeira temporada traz uma interessante e surpreendente (mesmo) competição entre killers. Dexter enfrenta e investiga um outro serial, ao qual ao mesmo tempo que admira quer eliminar. Um dos melhores elementos é que Dexter acaba virando a referência do serial, toda a comunicação é direcionada e feita especialmente para o nosso anti-herói. Durante toda a trama as histórias individuais são contadas na dose certa, enquanto vamos conhecendo os pensamentos e modos de Dexter viver sempre com a ajuda do "código de Harry", o conjunto de regras que seu pai adotivo criou para manter Dexter longe da cadeira elétrica e escolhendo apenas vítimas que mereçam ser executadas.

E sim, seriais killers também amam. Ou quase. Ou amam de verdade? A primeira temporada flerta também com a questão da capacidade de um assassino frio e sem remorso amar e se ligar às pessoas. Mas é ainda um flerte leve, de longe, sem a profundidade que a segunda temporada acaba revelando... A primeira temporada termina de forma surpreendente, usando a própria história do nosso anti-herói, em um ritmo quase frenético, em overdoses de surpresas que mesmo em excesso não pecam. É uma história sólida e bem construída, muito diferente do ambiente que transformou o garoto Dexter em um artista da morte. A primeira temporada trata principalmente disso, como Dexter foi construído. Ou desconstruído?


Na segunda temporada o flerte com os sentimentos de Dexter são postos todos a prova, e toda a trama brinca com seu futuro de forma mais efetiva, trazendo novos elementos e mostrando a obra que antes ficava apenas na sombra do oceano. Agora sim são testadas outras capacidades de Dexter, como o de compreender tudo o que foi responsável pelo que ele é, e o que ele pode fazer a respeito disso. Os sentimentos são provocados até chegarmos a conclusão que um assassino frio e calculista também ama. Ou não? A abordagem da segunda temporada é mais profunda que a aventura da caçada de gato e rato da primeira, mas de muita ação e reviravoltas. E assim como na primeira, outros perigosos personagens podem tentar fazer concorrência com nosso anti-herói denso, complexo e silencioso. Dexter experimenta fases e sensações diferentes, toma decisões inéditas, vai e volta, e deixa a temporada cheia de expectativas e sustos. E dizem que as próximas temporadas são ainda melhores...

Entre sem muito barulho, e bem vindo ao mundo reflexivo de Dexter...





segunda-feira, 19 de abril de 2010

Um sopro...


Apenas um sopro. E o velho mundo não consegue mais voar.

No nosso planeta, a vida é assim. Acontece, quando ele permite. Se ele não permite, não existimos. Toda nossa maravilhosa tecnologia é uma falsa segurança. É uma falsa impressão que o planeta é nosso, e dele fazemos o que bem entendermos. Não. Não é. Nós é que pertencemos ao planeta, e ele é quem diz o que pode e o que não pode. Nossa tecnologia hoje permite quase tudo. Nossa expectativa de vida aumenta cada vez mais, nós podemos chegar a qualquer cantinho do planeta rapidamente, nos comunicamos e sabemos de tudo instantâneamente. Tudo isso nós podemos. Desde que, claro, a Terra assim permita.

A nossa tecnologia toda funciona perfeitamente bem em condições normais de temperatura e pressão. A energia nos permite morar onde quisermos, temos luz, temos água, podemos armazenar comida e falar com quem quisermos, em qualquer tempo em qualquer lugar. Também podemos ir e vir rapidamente de qualquer ponto do planeta Em condições normais de temperatura e pressão.

Um vulcão em erupção é uma das mais impressionantes manifestações de força da natureza. É impactante, bela e incontrolável. É um sopro quente que nos faz correr o mais longe possível, nos impede de voar, e ainda define a que distância precisamos ficar da irada montanha. Apenas um sopro, na Islândia, e quase toda a europa perde sua mobilidade, deixa de voar. A nossa tecnologia não tem vez contra a força da natureza, nas suas diversas manifestações. Um vulcão em erupção é uma manifestação natural, talvez uma manutenção, uma resultante do "modos" do planeta existir. Podemos de alguma forma ter colaborado com isso? Talvez algum teste nuclear esquentando o que não deveria? Talvez. Mas com ou sem nossa participação vulcões sempre existiram e sempre irão existir. E da mesma forma outras manifestações da natureza sempre irão existir, independente da nossa existência ou não.

Mas o que impressiona mesmo, é a força e consequência de uma manifestação como essa. Quanto mais tecnologia temos, mais somos afetados, porque cada dia mais somos mais interligados e inter dependentes. Um acontecimento de grande monta reflete e repercute em todos os lugares, e atinge muito mais pessoas do que antigamente. Nesse caso, toda nossa tecnologia joga até contra, porque amplia o grau com que os eventos nos afetam. Com tecnologia ou sem tecnologia, com culpa ou sem culpa, a força da natureza é superior a tudo que conhecemos e pudemos criar até hoje. Essa força nos lembra, volta e meia, que nós é que pertencemos ao planeta. E não que ele nos pertence...


Imagens: Portal Terra.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A constante de Lost

Aviso: A Artigolândia acompanha Lost pelos lançamentos americanos, portanto, há spoilers para quem não acompanha em tempo real.

Quem poderia imaginar, lá nos tempos da escotilha, a importância que Desmond esconde na trama de Lost. Desmond tinha tudo para ser mais um personagem de transição, contando sua história e saindo de cena no momento explosão da escotilha. Mas não. Há muito mais sob responsabilidade do "brotha" do que se poderia imaginar até então.

Já nos episódios em que Lost entrou perigosamente no ramo de viagens no tempo, Desmond já havia figurado como uma constante, alguém que pode estar cá e lá e sobreviver. Essa foi uma breve dica da importância que o personagem poderia ter. E para quem achou que Lost já havia se arriscado com viagens no tempo, veio então mais uma surpresa, e o seriado também abriu negócios no ramo de universos paralelos, quase um modo Fringe de ser. Mais uma vez, Desmond desponta como a grande constante, o personagem que consegue estar lá e cá, e que pode contribuir mais uma vez para que esse "looping" seja resolvido. Ou terá o anti-Jack, men in black ou Lock bad version conseguido eliminar essa constante com um mergulho no posso profundo?

Poderá a realidade paralela ser uma espécie de segunda chance para os personagens? Será que teremos mais um vôo para a nossa querida ilha? E conseguirá a nossa constante fazer com que os "candidatos" a Jacob recuperem a consciência de que aquele não é propriamente o seu verdadeiro lugar? São muitas dúvidas para os episódios que vem a seguir, sem comentar o flerte com o que é realmente a ilha, informação que Richard já recebeu de Jacob, e que infelizmente não quis nos contar! E quanto a Hurley, sim, ele realmente merecia ser ouvido. Desde o início do seriado, ele era o que sabia de tudo, mas não fazia valer sua opinião. Foi o grande amigo e grande acompanhante de todos e de suas ordens. Agora, com a rédeas da trama na mão, quem manda é Hurley. Pelo menos nesse ato.

Tão perto do fim, já com a configuração praticamente confirmada de que Lost sempre foi sobre a eterna briga entre o bem e o mau, a ilha ruma para ser a prisão de uma espécie de "caixa de pandora", o anti-Jacob. E na verdade, o tão importante Jacob pode ser apenas o guarda Belo, aquele, que fica controlando a prisão...

Será?


Promo, Epi 6x13.





A Artigolândia no BBB agora acompanha o Aprendiz 7, clique na imagem:

terça-feira, 13 de abril de 2010

O povo pelo povo.


Sempre defendi um fato polêmico, bem polêmico na verdade, sobre nós, o povo. Quando falo de políticos, e os leitores mais antigos aqui da Artigolândia sabem disso, sempre credito uma boa parcela da canalhice que é nossa política ao povo. Sim, somos também culpados por tudo isso. Na postagem sobre a tragédia no Rio, um leitor comentou exatamente esse ponto, que se o povo não tem educação para manter as ruas limpas, se ele não faz a sua parte, não adianta cobrar da defesa civil ou do governo. E é sim verdade. Não existe medida isolada para o Brasil.

Pegando o gancho da questão dos alagamentos que assolam muitas das nossas cidades, as soluções são ligadas e dependentes. Não, a defesa civil não vai resolver sozinha. Não, só o governo e o plano diretor não vão resolver sozinhos. Sim, o povo precisa participar e fazer sua parte. Mas todos precisam agir, e precisa ser ao mesmo tempo. Nada isolado vai funcionar. Mas porque então os representantes do povo é que são sempre cobrados? Ora, porque eles é que ganham para isso. Esse é o trabalho deles! Mas e o povo? Ah, o povo precisa sim fazer sua parte, lógico que precisa, sem dúvida nenhuma. Sim, eu sei, tem o fator educação, tem o fator condições básicas de sobrevivência, oportunidades... É, tem. Tem muito. Mas um dia precisamos começar, ou nada vai mudar. E quem vem primeiro, a galinha ou o ovo? Bom, nesse caso, de quem cobra quem, de quem faz sua parte primeiro, esse galinheiro precisará ser mágico. Vai ter que ter galinha recém nascida botando ovo! E ovo aparecendo sem galinha para colocá-lo. Ah vai.

O povo precisa sim fazer por ele mesmo. E esse ano mais uma oportunidade se aproxima, é temporada de eleições. É o momento em que o jogo vira, e quem pede são os políticos, e não mais o povo. É temporada de lembrar tudo o que aconteceu, de tomar memorex e lembrar dos ladrões, dos canalhas, dos hipócritas e varrer com eles com a mesma eficiência que as multidões se uniram no último reality show brasileiro, o BBB 10, que quebrou o record mundial de votos. É hora de mostrar que a parte do povo será feita. Pelo menos a parte da escolha correta dos seus representantes. Depois, tem todas as outras...

Sim, eu lembro, eu mesmo disse que o povo não está preparado, não tem educação suficiente, não tem preparo para escolher, o povo troca seu voto pelo pagamento de uma conta de luz, por um rancho, por uma promessa vazia. É, é verdade. Mas também é verdade que boa parcela da população já tem essas condições, e engajada, pode sim preparar quem não está preparado. Pode indicar, pode ajudar a formar opinião, pode fazer a diferença. Mas para isso, claro, não pode haver trocas de favores. Quem o fizer, tem que fazer pelo povo e para o povo. Não pela sua empresa, pelo seu bolso, ou pela sua própria ideologia política, já cega pelo tempo. É tempo da galinha nascer junto com o ovo. É tempo de jogar ovo em quem merece, é tempo de chocar os bons que podem alguma coisa fazer. Mas para isso, nós, o povo, temos que fazer a nossa parte. As eleições estão aí, é um bom começo.

Ou vamos ficar esperando a galinha dos ovos de ouro?


domingo, 11 de abril de 2010

Depreciou? Chama o Síndico!

Uma coisa que me deixa maluco em conversas de buteco, é a tal da depreciação. Quanto é difícil elogiar alguém, sem depreciar outro alguém! Como é difícil! Chega um chefe novo, e todos dizem: Caramba, como esse cara é legal! Muito diferente daquele outro safado que se achava o máximo! Que diferença! E isso vale, com o professor, com o colega de aula, com o vizinho, com o goleiro do time do coração... A lei da depreciação no elogio é tão válida que um elogio sem depreciar outra pessoa soa até estranho!

Então ontem, chegando na portaria do edifício onde moro, encontro o novo síndico, eleito 3 meses atrás. E já chego feliz, elogiando, falando da nova cerca elétrica (já que moro no Brasil, país onde os cidadãos moram no presídio e os bandidos fora dele), das modificações que ele anda fazendo, e claro: Criticando a ex-síndica! Porque agora sim o prédio tem pulso, antes parecia tudo abandonado, ninguém se importava com nada... Enfim. Segui uns 15 minutos naquele caminho que vivo criticando, o elogio depreciativo. Afaga de um lado batendo no outro. Parece que elogio é um artefato finito, que para entregar algum, você precisa fabricar ele retirando de outro lado através da depreciação. Parece que para entregar com a mão direita, precisa tirar com a mão esquerda. É algo que realmente me intriga e me incomoda.

Findada a sessão elogios ao novo síndico, que ouvia tudo em um silêncio perturbador, segui prédio adentro. Mas segui caminhando quase em dúvida, intrigado com a indiferença com a qual o síndico que vinha fazendo um excelente trabalho ouvia a tudo que eu falava. Todos adoram elogios! E esse senhor parecia ficar cada vez mais contrariado ao ouvir o quanto ele era mais competente que a antecessora dele, aquela mulher que ninguém sabia que existia! Então já quase no elevador, o porteiro me chama todo sem jeito:

- Senhor, senhor!
- Fala Zé Mario! Mas senhor não, por favor!
- Então, é só para avisar, que quando for elogiar o síndico, não fale tão mal da esposa dele! A ex-síndica!

É. É moleza ficar intrigado e irritado com o que os outros fazem. Portanto, é como eu digo: Depreciou? Chama logo o síndico!


quarta-feira, 7 de abril de 2010

E o Rio chora...


Mais uma vez, assistimos ao festival de horror de uma enchente em uma cidade brasileira. Desta vez, a vítima foi o Rio. Mas poderia ter sido São Paulo, ou Santa Catarina, ou qualquer outro estado, e principalmente, qualquer grande cidade brasileira. Isso tem sido, e continuará sendo, motivo de tragédias cada vez maiores em nosso país. E porque? Bem, existem dois grandes motivos para o que está acontecendo, e o pior que ainda está por vir. O primeiro é o próprio clima, que está sim mudando e piorando, principalmente no que se refere a intensidades e situações extremas. A outra é a nossa falta de preparo para enfrentar tais situações, tanto no trabalho de base, a prevenção, quanto no trabalho de auxílio, pós evento.

O clima mudou, isso é fato inegável, e sem ser profeta do apocalipse. Mudou, está mais extremo, e será ainda mais já a curto prazo. Índices de chuvas de um mês inteiro precipitando em um dia, ventos cada vez mais forte, mudanças radicais em temperaturas, isso só para ficar no Brasil. Nem vamos abordar neste texto os tremores, tornados, tsunamis e tudo mais que tem assombrado o planeta em vários países.

Nas ocupações de risco como morros e regiões marginais e litorâneas, há de se ter prevenção e consciência do risco que se corre, e medidas de segurança devem ser tomadas. Com o clima como está, ter uma casa em um morro sujeito a deslizamentos é como morar ao lado de um vulcão. Pode não acontecer nada, mas também poderá acontecer, e essa consciência é necessária, e planos de emergência devem ser preparados e as pessoas treinadas.

Nas grandes cidades, planos diretores de utilização de superfície foram esquecidos. Hoje temos o solo impermeabilizado, a água não tem como escoar. E obras de canais, sim, eu sei, são as obras que via de regra patrocinam campanhas, porque são caríssimas. Mas essas obras são soluções posteriores ao problema já criado pelo excesso de superfície impermeabilizada. Quando você constrói sua casa, toda a água que seria absorvida pelo solo que antes era permeável, precisa escoar e ser absorvida em algum lugar, ou irá correr pelas ruas também impermeabilizadas arrastando tudo o que encontrar pela frente. Inclusive você, ou sua casa. Quem controla isso? O plano diretor da cidade. Ou deveria. Retiramos a condição natural da água escoar, agora, precisamos mostrar o caminho a ela, devolvendo superfície permeável, ou obrigando quem constrói a oferecer reservatórios compatíveis com a área impermeabilizada. Ou a água irá encontrar o caminho que lhe convier, e sem prestar atenção no que há pela frente.

Outro ponto é a preparação dos governos e agências para contornar um evento extremo já ocorrido. A defesa civil, precisará ser, e breve, uma secretaria forte, com dinheiro e pessoal para ser capaz de atender a essas demandas de grandes proporções. Talvez o exército precise estar acessível em determinadas situações. Especialistas, treinamentos. O que os governos ainda não entenderam, é que eventos como esses serão cotidianos, e alguns deles chegam a ser semelhantes a um pós-guerra, tal a natureza das devastações provocadas. É necessário profissionalismo no atendimento de fatores ambientais que são fatos irremediáveis a curto e talvez médio prazo.

Não adianta nada correr para todo lado sem saber o que atender primeiro. É preciso profissionalismo e consciência do que estamos enfrentando. É preciso planejar, treinar, disponibilizar recursos e pessoal. É preciso mais, muito mais do que temos feito. E é preciso que o trabalho de base, anterior a tragédia seja igualmente efetivo, eficiente, e cada vez mais cobrado pela população. Ou teremos carros anfíbios e casas flutuantes a venda no mercado, e logo.


domingo, 4 de abril de 2010

Bandeira, o símbolo?


Uma bandeira não é um símbolo qualquer. Uma bandeira é o grande símbolo. Uma bandeira é a instância máxima de um país, estado, município, de uma organização, de um movimento, enfim... É a bandeira que é hasteada nas ocasiões mais nobres. E também todo dia. A bandeira é a própria imagem do que ela representa. Quando um rei ganhava uma guerra, lá em outros nobres tempos, a bandeira vencedora subia bem alto na fortificação derrotada, para mostrar quem era o novo rei. E a bandeira derrotada era enrolada, ou queimada, ou rasgada, em ato de humilhação aos derrotados . Isso porque a bandeira representava o próprio rei posto, representava o seu próprio povo. A bandeira é sim muito importante, e ela deve ser sagrada para os seus defensores.

Quando alguém, ou alguma instituição levanta uma bandeira, na minha humilde opinião, essa bandeira deve ser o motivo real desse movimento. A bandeira é tão importante, que ela não pode ser usada levianamente, ou por interesses pessoais, porque interesses pessoais nunca fecham com os interesses de um país, ou de uma causa, ou do que quer que seja. Porque tudo isso é grande demais para ser usado por uma pessoa em nome de tudo que a bandeira representa. Bom, pode haver um exército de um homem só, mas nesse caso, ele que levante e cuide sozinho de sua própria bandeira.

Eu fico temeroso, realmente temeroso, quando uma bandeira é tomada por interesses pessoais, ou pior, indo até a interesses financeiros, porque isso expõe uma grande idéia, um grande movimento, a algo que não tem sua total representatividade. As vezes. Porque as vezes pode funcionar, mas não sem oferecer algum risco à sua própria bandeira. Recorro então, mais uma vez, a um programa de televisão que acompanho já há anos, para exemplificar a utilização de uma bandeira muito importante e de muita luta em dois casos, distintos, e com desfechos igualmente distintos. Mas ambos fizeram uso de um bandeira para fins pessoais, fato inegável. Alguns anos atrás, o Big Brother Brasil apresentava um participante homossexual assumido. Nada demais. Porém, na primeira vez que votado pela casa, ele iria enfrentar votação popular, esse participante disse ao vivo que foi votado justamente por ser homossexual. Reduziu todo o programa a essa questão, à perseguição à um participante homossexual. Se isso aconteceu ou não, não é agora importante o mérito da questão. O fato é que a bandeira foi usada em razão pessoal. Desta vez a bandeira colorida acabou sendo bem representada, o participante venceu o programa e não comprometeu a causa. Mas usou a bandeira, e poderia tê-la comprometido caso cometesse algum erro mais forte. Porque afinal, ele hasteou a bandeira, se auto-denominou seu representante e a colocou lutando ao seu lado, em jogo que valia 1 milhão.

Em nova edição, a décima, o Big Brother Brasil trouxe três homossexuais, e novamente senti o uso dessa bandeira em pról de objetivos pessoais. Mas fato curioso, não por todos. Um deles, nem usou, foi o que foi, fez sua participação, íntegra, correta, ele mesmo sem apelos. Defendeu sua ideologia, seu modo de viver, ouviu e se fez ouvir. E ganhou respeito, e foi sim respeitado. Outro flertou de leve, mas não abusou, não hasteou, muito. Já um terceiro hasteou. E foi além. Em nome da bandeira, perseguiu, caluniou e acusou outro participante. O acusador, homossexual, visivelmente esperava que fosse atacado e perseguido justamente por quem ele acusou e perseguiu. Usou de conceitos de homofobia bastante perigosos, já que pelas linhas que definiu para assim rotular o participante que acabou como o vencedor do programa, muitos que não amem e defendam a causa pudessem ter alguma, mesmo que muito leve, identificação. Um movimento via de regra injustiçado e que sofre preconceito através dos tempos, e ainda hoje luta por seus direitos dia a dia no mundo todo, na minha visão, luta por respeito, igualdade, e reconhecimento. Mas isso não inclui que todos devam hastear a sua bandeira e ficar na obrigação de amar todo seu modo de vida, que na verdade não é absoluto ao movimento, já que é sim muito pessoal para cada um. Usar de argumentos tênues, em um programa de tanta audiência, pode dar a impressão que um movimento tão sério e que luta por respeito e espaço, pode usar de argumentos que ele mesmo combate: Obrigação de gostar de um modo de vida, exigir comportamentos, rotular e acusar... Entre outros. Mas é claro, e disso não tenho dúvida, que isso é ato isolado, foi uma opção de um participante, que estava em um jogo disputando prêmio de 1,5 milhão de reais, e não a representação oficial de seu sério e justo movimento. Até porque, um movimento desse porte não tem presidente, nem embaixador, nem rei. Há de cuidar portanto, quando se hasteia uma bandeira que representa milhares. Porque uma bandeira, é demais, é demais mesmo, para qualquer pessoa hastear e se julgar representante, e em nome dela acusar e rotular, e pedir que o movimento o defenda, e condene seu oponente pessoal. E isso aconteceu quando se estava em um jogo, onde o prêmio é um cheque pessoal, nominal, e intransferível. Um cheque de 1,5 milhão de reais. Não seria responsabilidade demais fazer uso de uma bandeira tão importante para um fim dessa natureza?

Uma bandeira é muito grande. Uma bandeira é responsabilidade demais. Que as bandeiras sejam sempre respeitadas, e que sejam sempre objeto de sua luta justa e legítima, e que não sejam utilizadas para fins que não sejam justamente os seus, e nada mais. Nada mais.



Amanhã, complementando o fechamento do BBB 10, temos a análise das melhores e piores jogadas desse BBB. Lá na Artigolândia no BBB.
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