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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sem juiz


Os dois capitães jogam a moeda. O ganhador escolhe a goleira. O outro coloca a bola no centro do gramado e o time verde sai tocando. O primeiro ataque do jogo é bonito, só na bola, ninguém bate em ninguém. Não há impedimento, e também não há gol. Linha de fundo. Goleiro pega a bola e sai jogando. Parece que falta alguma coisa, ninguém sabe o que. O jogo segue, time amarelo no ataque, jogada bonita, cai um, cai dois, goleiro defende e sai jogando rápido. De novo a sensação que falta alguma coisa. A partida é no Esplanadão, lá na Brazucolândia. Time verde rouba a bola, atacante em velocidade vai em direção ao gol mas... Derrubado! Lance violento, até os jogadores do amarelo se ressentem. Todos param, todos se olham, mas nada acontece. Ninguém diz nada. Nenhuma bandeira levanta, nenhum apito soa. O juiz! Falta o juiz! O verde e amarelo não tem juiz!


Acima, Eduardo Suplicy, Senador da República Federativa do Brazil, fazendo o papel que não existe no país. De juiz. Suplicy é senador pelo partido do presidente. O presidente apóia por motivos eleitorais o ex-presidente da República, José do Brazil Sarney, que hoje é presidente do senado. José do Brazil está comprometido até o pescoço com atos obscuros ditos secretos. Mas não é julgado, porque no jogo verde e amarelo não há juiz. Os fatos são engavetados por ordem superior. Quem ousa não concordar é chamado ao gabinete do dono do campo, e volta atrás com o rabinho entre as pernas. Sem juiz. Jogamos um jogo sem juiz. As faltas acontecem, e ninguém marca. Todos se olham, e nada acontece. Se o gol está impedido não importa, porque ele não será anulado.
No Brazil, não há mais graça nenhuma em ler sobre escândalos, roubos, fraudes, desvios, tudo está banalizado de forma irreverssível. Nada mais vale a pena ser discutido. Não adianta prender se não há juiz para condenar. Nada mais adianta no Brazil. Assim está e nada mudará. Existem eventualmente alguns grandes homens, mas que nada podem porque não há juiz. De verde e amarelo, o grande juiz ausente assiste a tudo, de longe, de fora do campo. O grande juiz acha que o campo não é dele, e essa tarefa não lhe cabe. O grande povo não quer ser o juiz. O povo não entende o país como dele, e então não quer ser seu juiz.



Apesar de jogar sem juiz, o curioso mesmo no Brazil, é que o verde joga contra o amarelo...

2 comentários:

  1. Excelente a metáfora; mas lamentável, é a dura realidade nacional.
    Esse e outros fatos já causaram revolta, indignação, mas agora são tão banais que não passam de meras notícias diárias (comuns).
    Já fiquei muito revoltado e indignado, também, com essa e outras atitudes de nossos representantes.
    Se pararmos para pensar ficamos loucos em razão de toda essa sujeira.
    Por isso a resposta tem que ser dada nas urnas, boicotar esses sem vergonhas e, além de tudo, tentar, eu digo tentar, porque é quase impossível, abrir os olhos do povo e cobrar de autoridades que possam fazer algo por um Brasil mais sério e honesto.

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  2. Autoridades?

    Não, chega de autoridades. Elas não vão resolver.

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