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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Nós, da Terra

Existe uma grande confusão na relação do ser humano com o planeta Terra, que está muito antes do absurdo que temos feito com ele. A confusão é a pretensão com a qual nos referimos ao planeta: Nosso planeta. Nossa Terra. Nossa? Não, a Terra não é nossa. Nós é que somos do planeta Terra. Nós é que pertencemos a ele. Estamos aqui de passagem, e é uma passagem tão breve, tão ridiculamente pequena perto dos demais habitantes que já estiveram por aqui que chega a ser patética a nossa pretensão com relação à Terra.

Mil, dois mil, 5 mil, 10 mil anos e nada são exatamente a mesma coisa, para a medida de tempo do planeta. Nossa existência mal começou, e já fizemos tanta besteira que o planeta precisou tomar medidas imediatas com o ser humano. Imediatas sim, praticamente instantâneas no tempo da Terra. Nessa faísca de tempo que aqui estamos fizemos um estrago tão grande que colocou o próprio planeta em risco. Acelerou de forma absurda seus ciclos e agora vamos assistir as consequências da nossa total irresponsabilidade, prepotência e burrice.

O planeta azul perdeu a paciência, e qualquer observador com o mínimo de senso percebe o que nos espera logo ali na frente. Tsunami aqui, terremoto ali, furacão acolá, aquecimento global, degelo... Praticamente toda semana se observa alguma coisa fora da normalidade que conhecemos, os ciclos dessas manifestações da natureza estão cada vez menores. E a nossa fragilidade é tão gigantesca frente a uma manifestação do planeta que só vem a confirmar o quanto somos pretensiosos frente ao espaço maravilhoso que nos foi concedido para viver. Teorias e previsões catastróficas existem muitas. E muitas delas a curtíssimo prazo. É bem verdade que estamos falando do tempo do planeta, e o tempo do planeta pode ser uma eternidade para nós, seres humanos. Mas os sinais deixam claro que o acerto de contas está próximo, os sinais apontam para a reprovação do nosso comportamento ainda nessa geração. Não estou falando em fim do mundo em 50 anos, não é isso. Mas é bem provável que nossas preocupações deixem de ser dinheiro e poder a curtíssimo prazo, e passem a ser sobreviver com as dificuldades e manifestações ambientais que nós mesmos criamos (ou aceleramos violentamente). Já fica difícil dizer: Faça a sua parte. Talvez nesse momento isso fizesse algum sentido se fosse em uma reunião com todos os presidentes do mundo. Tenho minhas dúvidas se algo menor faria alguma diferença, neste estágio que nos colocamos.

Nós da Terra pisamos na bola. Nós da Terra fracassamos em cuidar da nossa própria casa. E cuidar significava apenas não estragar o que já era perfeito. E conseguimos estragar. Tudo. O que vem a seguir? Quem duvidar assista, porque infelizmente é bem provável que já na nossa geração as cobranças vão chegar.




Talvez ainda haja luz para o ser humano aqui na Terra, mas é apenas talvez. E um talvez bem pequeno, do tamanho da nossa existência por aqui...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sem juiz


Os dois capitães jogam a moeda. O ganhador escolhe a goleira. O outro coloca a bola no centro do gramado e o time verde sai tocando. O primeiro ataque do jogo é bonito, só na bola, ninguém bate em ninguém. Não há impedimento, e também não há gol. Linha de fundo. Goleiro pega a bola e sai jogando. Parece que falta alguma coisa, ninguém sabe o que. O jogo segue, time amarelo no ataque, jogada bonita, cai um, cai dois, goleiro defende e sai jogando rápido. De novo a sensação que falta alguma coisa. A partida é no Esplanadão, lá na Brazucolândia. Time verde rouba a bola, atacante em velocidade vai em direção ao gol mas... Derrubado! Lance violento, até os jogadores do amarelo se ressentem. Todos param, todos se olham, mas nada acontece. Ninguém diz nada. Nenhuma bandeira levanta, nenhum apito soa. O juiz! Falta o juiz! O verde e amarelo não tem juiz!


Acima, Eduardo Suplicy, Senador da República Federativa do Brazil, fazendo o papel que não existe no país. De juiz. Suplicy é senador pelo partido do presidente. O presidente apóia por motivos eleitorais o ex-presidente da República, José do Brazil Sarney, que hoje é presidente do senado. José do Brazil está comprometido até o pescoço com atos obscuros ditos secretos. Mas não é julgado, porque no jogo verde e amarelo não há juiz. Os fatos são engavetados por ordem superior. Quem ousa não concordar é chamado ao gabinete do dono do campo, e volta atrás com o rabinho entre as pernas. Sem juiz. Jogamos um jogo sem juiz. As faltas acontecem, e ninguém marca. Todos se olham, e nada acontece. Se o gol está impedido não importa, porque ele não será anulado.
No Brazil, não há mais graça nenhuma em ler sobre escândalos, roubos, fraudes, desvios, tudo está banalizado de forma irreverssível. Nada mais vale a pena ser discutido. Não adianta prender se não há juiz para condenar. Nada mais adianta no Brazil. Assim está e nada mudará. Existem eventualmente alguns grandes homens, mas que nada podem porque não há juiz. De verde e amarelo, o grande juiz ausente assiste a tudo, de longe, de fora do campo. O grande juiz acha que o campo não é dele, e essa tarefa não lhe cabe. O grande povo não quer ser o juiz. O povo não entende o país como dele, e então não quer ser seu juiz.



Apesar de jogar sem juiz, o curioso mesmo no Brazil, é que o verde joga contra o amarelo...

Retomando os cifrões.

Retomada.

A palavra do momento na economia mundial é retomada. Os países mais afetados pela crise dos dólares virtuais americanos já deixaram de cair. E nas previsões que se fazia até algum tempo atrás, isso é fantástico. É claro que essa estabilização não significa que todos os problemas estão resolvidos. Não estão, e muitas organizações ainda vão amargar dificuldades homéricas nos próximos momentos. Mas pelo menos o caos já está controlado, o crédito já está se restabelecendo e as organizações começam a voltar a normalidade. É claro que a indústria deve continuar com dificuldades por um período maior, afinal de contas estava em crescimento, ampliando sua capacidade instalada e seu mercado (no geral) caiu. E caiu abaixo da capacidade antes das ampliações. E lá se vai um longo período até o consumo dar conta da capacidade ociosa da indústria.
Nos Estados Unidos as dificuldades ainda são grandes, e se pode medir pelas empresas brasileiras que estão presentes lá. Estas estão tendo que usar receitas daqui para cobrir os estrondosos prejuízos realizados na terra do Tio Sam. A Europa segue estacionada, e países menos afetados como o Brasil já começam a apresentar números favoráveis. O fato é que lentamente ou com melhor velocidade, todas as pontas estão com perspectivas positivas. Quem acabou pagando boa parte do "pato" foram os governos, que investiram e investiram pesado na recuperação. Fortunas foram aplicadas diretamente em empresas estratégicas e em bancos, e até a diminuição do impostos foi adotada.

A retomada econômica já é um fato, mas não se pode pensar que o preço da crise já foi pago. Não foi, e não vai ser pago assim tão rapidamente. O tsunami já passou, mas os ventos continuam fortes e as ondas altas. As finanças públicas de vários países passam por dificuldades assim como as grandes empresas. As cidades menores nem chegaram a sentir com força a crise, e devem ser afetadas muito suavemente, ao contrário das regiões de grandes empresas, que seguem sofrendo mais.

Resumindo a ópera, o mundo segue em frente, mas com o freio de mão puxado. O Brasil já está soltando o freio, mas carrega alguns riscos na atual conjuntura. Ou alguém ainda acredita que todos esses carros novos e caros que estão nas ruas e os apartamentos completamente acima do valor real serão pagos nesses financiamentos a perder de vista? Sentimos pouco a crise mundial, mas estamos criando a nossa própria...

domingo, 23 de agosto de 2009

American way of life.



Preciso confessar. Eu não gostava de americanos. Nem dos Estados Unidos da América. E não era recalque, só porque eles são os poderosos. Juro que não era. Eu levava outros fatores em consideração. Um deles é a maneira fácil e sem constrangimento com que eles brincam com a vida alheia para criar oportunidades de negócio. Os EUA são os maiores especialistas do planeta em criar oportunidades de negócio. O Iraque que o diga... Não são os mais inteligentes, nem os mais dedicados, nem os mais nada. Eles simplesmente sabem criar oportunidades de negócio. Outro fator que sempre bati, é que o povo americano no geral é bobo. Doutrinado para seguir o que os líderes determinam. E esses sim, os líderes, são exaustivamente preparados para dominarem o mundo. Atualmente o ponto que mais me incomoda neles é sobre o planeta, que eles insistem em destruir. Eu sei que os outros países também. Mas falando em emissão de poluentes, nada chega nem perto dos EUA, e eles não querem mexer nisso...

Agora, algumas dessas minhas opiniões seguem comigo. Outras não. Mas o teor delas mudou, algumas para pior (caso do respeito ao planeta e as pessoas) e algumas melhoraram (sobre o modo de vida americano, e sobre a inocência do povo gado). Sempre temos que admitir que nossos opiniões podem mudar até porque estamos aqui para evoluir e aprender. E aprendendo nossas opiniões devem ficar mais embasadas, precisas. E temos que admitir que os EUA tem sim mais coisas a nos ensinar, e trago abaixo o relato da Pituia, uma grande amiga que vive nos EUA, sobre algumas das coisas do famoso modo de vida americano.

"Quem nunca viu algum filme americano onde os moradores da cidade se reúnem para decidir os assuntos pertinentes a vida comunitária dos habitantes e todos os moradores participam... Eu achava que isso fazia parte da vida das pessoas ha algumas décadas, e, mesmo assim achava que era uma ou outra pessoa que comparecia! Pois aqui em Winsted isso ainda existe. Terça-feira o "grampy" (avo) das criancas depois da janta (as 5 da tarde) pegou o seu barco e foi para uma reunião para discutir sobre o "rumo" ecológico para os próximos 10 anos aqui na cidade! Dizem que faz mais de meses que ele, bem como os outros moradores, vem estudando sobre o assunto para a dita reunião. Não tive oportunidade de conversar com ele para saber o que foi discutido, mas estou curiosa. As pessoas aqui levam as coisas a serio!! Elas se preocupam muito com o meio ambiente, com a saúde. Os idosos são ativos, nadam no lago, cuidam com as próprias mãos as suas terras, as mulheres além disso trabalham como voluntarias em lojas como a Goodwill (tipo brechó com preços muito baratos), dirigem barcos, vão a jantares. No Brasil todo mundo trata os velhos (com seus 70 anos pra cima) como incapacitados.... Mesmo os que são bem de saúde não ficam saracoteando pra lá e pra cá. Ficam em casa, recebem a visita dos netos e pronto (posso estar errada, mas é essa visão que eu tenho). Na Europa e principalmente aqui nos EUA isso não acontece. Mesmo os que dependem de cadeiras de roda tem seus carros adaptados e vão pra lá e pra cá! Visitam os filhos, vão nas lojas, gastam dinheiro com roupas, acessórios, cremes e levam uma vida como qualquer outra pessoa! Quando eu ficar velhinha, quero ser dessas que passa viajando pra visitar os parentes, as amigas, gastando o dinheiro da aposentadoria com roupas, presentes, que vai pra praia desfilar as rugas com chapeu gigante pra proteger do sol e reclamar que aqui na america nao da pra beber caipirinha na beira da praia!"

É. Temos muito o que aprender com eles. E não é só criar oportunidades de negócio. Por outro lado, eles também têm muito o que aprender. O planeta Terra que o diga...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O milho do piá

Essa foi outra pós festa. Era tudo o que havia pra fazer lá no Balneário, o que podíamos inventar se não era possível entrar na água? Festa ué. O dia pertencia ao sono. E a noite... Bem a gente tomava conta da noite. Em uma dessas noitadas, pegamos o tradicional bondinho da barra para casa. Dessa vez claro que eu estava muito esperto e não cheguei perto de trailer nenhum. Desci no lugar certo. Como o dia estava amanhecendo, sentamos na frente do prédio e ficamos esperando notícias do outro parceiro que já tinha vindo mais cedo.

Então o Babus morto de fome foi pegar um milho. Eu admiro quem acorda cedo para trabalhar. Na boa, eu odeio acordar cedo. Agora imagine sair as 5 da manhã de casa para vender milho verde. A senhora do milho verde era uma guerreira. As 6 da manhã o milho da senhora já estava na beira da praia, esperando os virados chegar das festas. E vinha o Babus atravessando a rua feliz da vida, babando grãos de milho para todo lado. Só que aparecem dois argentinos. Eu gosto da Argentina. Sei que a maioria dos brasileiros odeia argentinos. Mas eu amo tanto Buenos Aires, que não me importo com eles não. Até admiro o sangue quente deles, que tanta falta faz no nosso povo molenga que aceita tudo. Mas vinha lá aquela dupla de hermanos, grandes, eram grandes mesmo. Mas o fato é que os argentinos também tinham fome. E eram grandes. Como eles tinham fome, um deles pediu uma mordida do milho Babus. O Babus estranhou, respondeu que não, que ele é que tinha fome, e seguiu andando. Ou tentou. Porque o maior deles parou o Babus e disse em bom português: "Magrão, você não está entendendo, me dá o milho!"

E lá veio o Babus, ainda com um grão de milho no dente esbravejando: "Fui roubado, me roubaram o milho! E você seu filho da mãe, pára de rir! Eu fui roubado! Roubaram o milho do piá!".

Ainda sem conseguir parar de rir, entramos no elevador. Eu vivia zoando aquele elevador. Como sempre dei um cascudo na porta com ele em movimento. Ele deu aquela parada brusca mas muito legal, como sempre. O Babus furioso, porque dizia ele estar precisando comparecer ao Wilson Carlos (WC) para o número 1. Mas depois do episódio do milho, sinceramente duvido. Devia ser o número 2. Certamente o 2. Já que ele tinha tanta pressa dei a segunda porrada no elevador, que via de regra colocava ele de novo para funcionar. Via de regra, porque dessa vez não funcionou. Eu quase passei mal. De rir. O Babus ficou tão furioso, e eu ria tanto que mal podia ficar de pé. O cara ficou mesmo furioso, certo que era o número 2. Certo. Várias porradas depois, e nada do elevador se mexer. Não tinha jeito, tivemos que pagar o mico de soar o alarme e acordar o prédio todo as 6 da manhã para sermos resgatados. E fomos, depois de quase 20 minutos soando o alarme... E o Babus lá, enquanto eu ria, segurando o número 2!





O divã do 302.

Como sempre, as coisas são deixadas para a última hora. E assim foi na questão do ap da Capitolândia, quando Cresponildo, Gorducho e eu saímos da tranquilidade de casa para encarar a tal da faculdade. As aulas começavam meados de março. E já era dia primeiro de março e ainda não tínhamos onde morar. Então do dia para a noite achamos esse ap. Cheio das particularidades, todo mobiliado e com um estilo nada convencional. Era no coração do centro, um movimento maluco, mas bem localizado perante os endereços dos amigos e futuros colegas. Fomos lá para a Capitolândia fazer o contrato e ficou acertada a data da entrada: Na segunda-feira, uma semana antes do início das aulas, para efeito de deixar mês fechado no contrato. Mas como as aulas só iniciavam na semana seguinte, falamos que iríamos na sexta.

Eu quis aproveitar as férias até o último minuto. Só iria no domingo. Mas os guris resolveram organizar as coisas antes e pegaram o trem ainda na quinta-feira. O trem bala leva 6 horas até a Capitolândia, e chegava as 5 da manhã. Então chegaram ao novo lar as 5 meia, cansados e loucos por uma cama. Contam eles que ficaram quase 1 hora, com todas as malas e caixas adequadas a uma mudança de casa tocando a campainha e batendo na porta. Eles tinham a chave, a chave abriu, mas a porta ainda tinha uma tranca interna, que curiosamente estava fechada. O ap já estava a nossa disposição, mas como falamos em chegar na sexta poderia haver alguém ainda lá. Apesar que ele já estava desocupado...

Finalmente alguém veio abrir a porta. 1 hora depois, quando os guris já estavam imaginando chamar um chaveiro. E quem abre a porta, toda se desculpando era uma moça enrolada em uma toalha. Toda sorridente e surpresa pela inesperada visita. Se desculpou por estar ainda lá, lembrou que tínhamos falado que só chegaríamos um dia depois, e voltou para o quarto. Os guris ficaram na sala esperando, como ela disse, "a vontade". Eles se jogaram no sofá, ligaram o rádio, mas não puderam deixar de ouvir os sons que vinham do quarto. Ora, era a filha do dono do ap, mandando ver com alguém lá dentro! E seguiram mandando ver até as 8 da manhã...

Depois de terminada a festa, saíram do quarto que seria o do Cresponildo, se despediram tranquilamente dos guris, e deixaram o 302 já deixando a chave... Aí sim os guris foram vistoriar os quartos, se acomodar e dormir um pouco. Como o ap estava vazio, lá estava o divã em pêlo, onde o casal fazia a festa, apresentando algumas manchinhas que acompanharam aquela fantástica peça da mobília pelos 2 anos que lá estivemos. O divã era a própria cama daquele quarto. Um divã de casal, grande, confortável, e manchado... Minha dúvida sempre foi: Será que naquela primeira leva de malas e caixas, o Cresponildo tinha alguns lençóis para cobrir o divã?













A maionese


E aqui vai mais um, dos primórdios do 302...

1994. Meu primeiro ano na Capitolândia. 16 anos na cara. Um piá metido a besta. Neste ano, apesar de ser no 302, os personagens eram outros. Eu morava com o Cresponildo (sim, o mesmo das escadas) e com Gorducho, que nem era mais gorducho. Primeiro ano a gente só aprende e se ferra. Mas faz festa. O cardápio nosso de cada dia era risolis e cerveja. Sim, naquele tempo eu bebia. Lembro que íamos no mercado, lá do outro da cidade. De bus. Caceta, um daqueles hipermercados gigantescos, cheios de gente carregando caixas de leite na cabeça. Que fase! Uma das vezes compramos tanta coisa (caixas de cerveja, massa de pizza, e claro, risolis e nugets) que decidimos voltar de lotação. Pena que fomos para o lado errado. Os caras da lotação, que burros. Tinha o nome da nossa rua escrito! Só não sabíamos que havia outra rua com o mesmo nome lá do outro lado da Capitolândia. Burros, os caras. Da lotação, né?

Então em 1994 a Capitolândia ia receber o maior show do Brasil. Íamos ver Legião Urbana. Era o auge, eu era tão piá que seria o maior show da minha vida. E o show mobilizou multidões. Naquela época, haviam poucos da Interiorlândia morando na Capitolândia, então o evento acabou sobrecarregando a casa. O 302 era imenso. Sério que era. Duas cozinhas lembram! E tinha banheira! Ih, lembrei de outra história agora, da banheira... E foi para o mesmo show! Tá, mas foi um dia antes, vou contar depois.

Compramos as caixas de cerveja, os litros de Grants vieram lá da Interiorlândia e começamos a receber os convidados. Na verdade não havia uma lista de convidados, todos iam chegando. Ninguém lembrou de verificar quantos cada um tinha convidado, muito menos se iam dormir lá ou não. Até onde eu consegui contar, eram mais de 40. Na concentração pré-show. Esse número me deixou ligeiramente preocupado, porque boa parte era de fora, e tinha a impressão que haveria risco de superlotação quando o ap fosse virar alojamento. Por via das dúvidas, passei a chave no quarto, porque tempos atrás eu já havia ficado sem travesseiro em uma dessas badernas. Odeio dormir sem travesseiro!

Depois de algumas horas esmagados na porta do lugarejo lá, onde ia ser o show, conseguimos entrar, aquela população toda. Nem preciso dizer que foi um show fantástico, para nunca mais sair da memória. Ainda mais que em seguida o grupo acabou. Mas foi realmente um show daqueles! Claro que só não apanhamos porque éramos quase um bus lotado, porque só o Damésio berrando "Puton! Puton!" para o Renato Russo quando ele jogava rosas no público já alertou e provocou a íra de toda a vizinhança para os baderneiros de plantão. Mas obrevivemos. E voltamos todos a pé, cantando, zoando, fazendo aquelas coisas de guri novo na rua. Tortos, malucos e em bando. Ainda não era possível saber o que ia acontecer no ap, ou quantos iam dormir lá. Sim, porque o pós show também foi lá. Não sei ao certo que horas o povo começou a ir embora. Não havia problema de barulho, pois embaixo morava uma família de japoneses, que cozinhavam feijão toda noite a 3 metros da minha janela. Ao lado nossas amigas árabes. E na frente sei lá, diziam que era um gigolô profissional.

28. Foram 28 pessoas que dormiram naquela noite. 28 pessoas dormiram no 302 na noite do show do Legião Urbana. E o pior de tudo, ninguém tirou uma foto sequer! O pior de tudo foi não ter tirado uma foto sequer! O banheiro, coitado, que já estava com problemas seríssimos da noite anterior (artigo) era praticamente um zoológico em reformas. Era muito, mas muito difícil caminhar pelo 302 sem pisar pisar na cabeça de alguém. Na segunda noite tranquilizou, apenas 14 pessoas dormiram no 302. Já era bem viável, para aqueles tempos... E na terceira só estávamos nós e o Damésio. Naquela manhã, 3 dias depois do show, decidimos que seria um bom momento para iniciar o processo de desinfecção e limpeza da casa. Essa questão estava ficando bem acima do preocupante. E o nosso normal já era bem preocupante para cidadãos civilizados. Antes de decidirmos entregar a guerra para a sujeira, o Damésio achou um pote de maionese. E antes que percebessemos, ele comeu o pote todo. Com algumas bolachas que vagavam pelo chão. Tudo bem com as bolachas, mas ficamos ligeiramente preocupados com a maionese, porque ela estava fora da geladeira desde antes do show. 3 dias atrás...






terça-feira, 18 de agosto de 2009

Óculos ou banana?

Aqueles anos eram mesmo pura bagunça. Até tinha alguma aula no meio, mas o que imperava mesmo era a bagunça. Para quem vem acompanhando a Artigolândia, o ap era o mesmo do Sabugo e a Coca. Assim como o trio de primos. Só que um deles, o Vanzolin "cheirador de merda" que na verdade nunca pitou um cigarro, usava óculos. E não era qualquer óculos. O Vanzolin tinha simplesmente 23 graus. Era o autêntico FGL (Fundo de Garrafo Legítimo). Naturalmente que ele passava a maior parte do tempo com lentes de contato. Mas tinha um momento que o óculos entrava em cena: A hora de dormir.
Aí é que entra a banana. A banana é uma fruta muito prática. Se descasca fácil, tem substância, e principalmente era uma ferramente de provocação com a torcida do time rival. Que lá na Capitolândia a rivalidade no futebol é uma das maiores do mundo. E voava banana da sacada nos dias de jogos! E claro que o Vanzolin era dessa torcida.

E lá ia ele colocar o óculos. Lavava as lentes, guardava e ia para o quarto com o FGL. Deitava, colocava o óculos na mesa de cabeceira e se preparava para dormir. Nesse momento eu e o Babus, o terceiro e mais velho primo, entrávamos em cena. Roubávamos o óculos e saíamos em disparada. Porque o Vanzolin era maior que nós, e ficava realmente brabo com esse furto. Mas a cena valia a pena! Ele saia enfurecido do quarto, passava voando por nós, encostados na parede do corredor. Vasculhava a casa toda até nos encontrar (isso acontecia quando a gente se mexia...). Aí começava o arremesso de bananas. "Pega o óculos aí Vanzolin!" E voava a banana. As vezes ia um cacho! E ele tinha que pegar cada uma delas, pois os 23 graus não permitiam diferenciar os dois objetos, e deixar o óculos cair no chão seria um péssimo negócio. Apesar que quase todas as bananas caiam no chão de qualquer maneira...
Maldade, eu sei. Mas se for considerar que o Sabugo e coca foi idéia dele... Além do mais, me senti menos sacana anos depois, quando o Vanzolin já morava com outros amigos, e um deles ao invés de jogar banana quando escondia o óculos, batia palmas e dizia: Segue o tubarão...Segue o tubarão... Tubarão é que sabe seguir som, segue o tubarão...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Férias, para que?

Não sei ao certo que momento foi esse. Mas foi. Foi alguns anos atrás, que decidi que só tiraria férias para viagens mais longas. No verão, a praia é tão perto aqui da Capitolândia que é possível ir todo fim de semana. Sair de férias para ficar em casa eu já considerava um absurdo completo.

Viagens mais curtas, fazia em feriadões e tal. Tranquilo. Aproveitava bastante. E as férias ficavam para as aventuras de maior vulto. Funcionou por um tempo. Fiz algumas viagens, aproveitei bem as férias, até o dia que as coisas convergiram para não saírem mais viagens. Quando queria, não conseguia sair da empresa. Quando pensava em programar a longo prazo, acabava mudando de idéia no meio da jornada. Cheguei a reservar passagem duas vezes nos últimos 2 anos. Cancelei. Ou era um motivo, ou outro. E fui indo, sem férias. O tempo foi passando, e eu achando que férias, só para viajar. Não precisava descansar por descansar. Perda de tempo. Ia tocando minha pesada rotina com cursos, trabalho, e muito esporte. Então, como meus amigos sedentários costumam dizer: Vocês atletas é que vivem machucados, os sedentários nunca se lesionam. Certo. Me lesionei, e fiquei de molho algum tempo, sem o esporte forte para relaxar. Mas mantinha minha idéia. Férias, só para viajar.

Então o stress começou a pegar. Mas quando percebemos que o stress começou a pegar, é porque o momento está pesado no trabalho. E adivinha? Quando o momento está pesado no trabalho, aí sim que não se consegue sair de férias. É paradoxal. Mas é lógico. Quando você precisa mesmo de férias, é o exato momento em que não poderá sair da empresa de jeito nenhum. E esse é o momento em que o stress te lembra porque ele é um dos assuntos mais batidos da atualidade. Então eu entendi que férias não é para viajar. Até pode viajar. Se puder, deve. Mas não, viajar não é o objetivo principal das férias. Descansar é que é o ponto. O corpo e a mente. Mais a mente do que o corpo, porque a mente manda no corpo. Mas o corpo não manda na mente. A grande moral é: Tirar férias é bom, excelente, essencial, fundamental. Mas precisar de férias pode complicar. Então não espere precisar. Tire férias antes de precisar, que essa sim vai ser aproveitada. Se já estiver precisando, vai acabar só descansando. E só descansar é exatamente o que eu sempre quis evitar...


Curtir umas férias é vital. Pode ser um breve momento, pode ser para dormir em casa, pode ser uma viagem longa, pode ser nacional, internacional, ou pode ser como ele, o ícone do cinema que sabe curtir a vida... adoidado!


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O sabugo e a coca

Nos primeiros anos na Capitolândia tudo era festa. Barbaridade, que nossos pais não saibam disso. Mas era só festa. No segundo ano nós morávamos em 3 primos. 3 meses de diferença de idade cada um. Mas eles não eram primos, eu é que era primo dos dois. Do Babus, e do Vanzolin. O apartamento por si só era uma aventura. Ele era de um ex comandante da Varig, e decorado com peças e acessórios de todos os cantos do mundo. A mesa de centro era italiana. Nas paredes, pistolas e adagas árabes. Tinha duas cozinhas, 3 quartos (um deles não tinha cama, tinha um divã) formando um clima todo meio sombrio.

Nos arredores do apartamento, leia-se um raio de 3 ou 4 quadras, haviam uns 30 colegas e amigos, que faziam do 302 o lugar mais movimentado do velho centro. Não havia dia sem passar por lá no mínimo umas 10 pessoas. Mas tinha um deles que era quase um morador. O Sabugo. O Sabugo vinha de uma cidade de macho meio metido a valente, e recebeu esse saudoso apelido da seguinte forma:
Primeira prova de cálculo na poderosa Universidade Federal da Capitolândia, cidadão segura as folhas do teste e profere as seguintes palavras em alto e berrante som: "Se eu não tirar 10 nessa prova, meto um sabugo no "bolso" (não era bolso, ok?)". Por todo o resto do semestre, a cada aula, havia um Sabugo pendurado no quadro negro. Sempre havia.
Pois o Sabugo era praticamente o quarto morador do 302. E resolvemos fazer uma homenagem a ele.

O Sabugo era um gaudério reto, direito. Nós também. Então resolvemos entortar a linha para ver no que dava. Colocamos o Vanzolin no quarto enquanto o Sabugo chegava para a visita diária, e começamos o falatório.

- E aí gurizada, como estão as coisas?
- Pois é, andando Sabugo. Estão andando.
- Vocês estão com umas caras de bunda, que que houve?
- Nada demais, alguns problemas em família. Fica tranquilo.

Tempo em silêncio, expressões entristecidas...

- Me contem seus merdas! O que que houve!
- Tudo bem Sabugo, vamos te contar. É o Vanzolin. Ele se perdeu na vida. Caiu no pó. A situação está insustentável.
- Como que caiu no pó? Como assim?
- Tá viciado. Cheira o dia todo. Já anda metendo a mão nas nossas carteiras. Ontem pegamos ele saindo com a TV. Tá complicado Sabugo, tá muito complicado.
- E agora?
- Não sei, não sabemos o que fazer

Vanzolin então passa do quarto para a cozinha, com um prato raso e uma colher na mão. Fica uns intantes na cozinha, passa pela sala olhando a todos, e retorna ao quarto.

- Vai começar de novo.

- O que vai começar?
- Espera um pouco Sabugo, você logo vai ver.
- Ahhhh, blow, bléin, ploft!
- O que é isso?

- Fica aí Sabugo, já volto! Já volto!


Silêncio...

- Ahhh, blow, bléin, ploft!
- Não adianta, ele está maluco de novo.
- Como maluco?
- Pois é Sabugo, ele tem tido essas crises, quebra tudo...

Vanzolin tenta passar pela sala mais uma vez, e aí...

- Vem aqui seu cheirador filho da mãe, vou fechar teu nariz a soco seu merda...
- Calma Sabugo, segura, segura, calma Sabugo, não bate no Vanzolin, calma...
- Melhor você ir Sabugo, volta outra hora!
- Eu vou! Eu vou! Mas eu te pego seu cheirador de merda, eu te pego!

Como esperávamos, o Sabugo surtou, queria bater no Vanzolin, e quase conseguiu, mesmo com dois segurando... E quando estávamos no auge do riso, rolando no chão da sala, escutamos os gritos lá de baixo, de fora do prédio...

- Vem aqui embaixo seu cheirador filho da mãe, desce aqui que vou te ensinar a ser homem seu merda! Desce aqui seu cheirador de merda!

- Cala boca Sabugo, eu cheiro o que eu quiser!
- Vem aqui seu merda, vem aqui!

- Vai para casa Sabugo! Não grita aí da rua! Olha a vizinhança...

Rolava. Rolava de rir. Todo mundo rolava de rir. E após algumas horas nos recuperando de tanta risada, fomos na casa do Sabugo contar sobre o trote. Tocamos o interfone, e disse a velhinha que alugava o quarto para ele: " Ah, ele estava muito nervoso, chegou muito nervoso, ele saiu de novo!"

No dia seguinte, o Vanzolin estava todo borrado, com medo de apanhar na rua. Ficou em casa de molho, nem foi pra aula. Mas quem acabou apanhando fui eu, quando contei a história toda pro gaudério, no meio da aula. E isso nem foi o pior! O problema mesmo eram os olhares da vizinhança durante todo o ano seguinte...




quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A luz de velas...

Um ensaio sobre o mundo sem energia.

Antigamente, quando morava lá na Interiorlândia, eu adorava quando faltava luz. Se fosse dia, a aula parava. Se fosse noite, eu pegava o carro e sair por aí. Era uma sensação estranha, tudo apagado. Uma civilização sem reação. Não é a mesma sensação em um acampamento no meio do nada. Eu amava acampar também. O céu é maravilhoso em um acampamento. Quem nunca acampou não sabe, mas deveria buscar saber. Deveria conhecer aquele céu sem poluição visual. Aquela sopa exclusiva de estrelas com lua. É imperdível um céu de acampamento. Mas na cidade é diferente. Na cidade não ter luz é paradoxal, porque a cidade foi feita para ter luz. Ela não é preparada para ficar às escuras. Os cruzamentos com sinaleira que o digam... Ah, meu aquário também! E ontem faltou luz, então fui ensaiar...

Eu acordo. Meu despertador tem pilha. O celular já não me acorda mais. A bateria acabou, e não tenho aquele carregador que pluga no carro. Banho gelado ou esquentar água no fogão? Lavei o rosto e fui, fazendo de conta que a pergunta do banho nunca existiu. Saí mais cedo, já que não tem sinaleira, tem confusão. Mas não adiantou, acabei chegando atrasado do mesmo jeito. Quer dizer, na frente da empresa cheguei na hora. Mas não tem interfone, nem câmera, então, tive que esperar alguém se dar conta e buscar as pessoas lá fora...

Nas primeiras horas do dia fiquei confuso. Nas segundas horas também. Quase 50 funcionários e só um telefone, porque sem central... Os celulares todos também estavam sem bateria, então... Mas o estranho mesmo é tentar trabalhar. Tentar né. Porque a gente não pode receber nem enviar email. Precisa entrar na fila para receber ou fazer um telefonema. Ih, o tempo nublou, mal consigo ler o que estou escrevendo, em papel. Uma tarefa de 1 minuto, agora virou tarefa de 10 minutos. E pior, precisa dos 10 minutos cada vez que tiver a necessidade, não mais os 30 segundos do "Open File" - "Print File".

Está tudo estranho lá na empresa, as coisas parecem que não andam. As pessoas parecem estar de férias. Mas estão mais calmas, afinal as coisas não andam, mas as pessoas não tem culpa disso. O almoço é diferente. O restaurante parece mais chique. Tem todo um clima, tem velas. Engraçado, as pessoas estão com menos pressa. O silêncio é maior, mas as bebidas não são geladas. Gostei do almoço, eu sempre comi lentamente.

De tarde nada mudou. Tudo como de manhã. O inverno fez com que o turno terminasse um pouco mais cedo. É lindo dirigir na cidade apagada, sempre gostei. Os shoppings estão fechados, os bares com mais clima, mas estou cansado e vou para casa. Eu moro no décimo andar, então não preciso de academia. Também não tenho mais peixes para tratar, porque o aquário... O lanche ficou mais artesanal, e a conversa virou o prato principal. As velas são românticas, mas derretem rapidamente. Os assuntos vão terminando, tudo mais vai acontecendo, desenvolvendo, e as velas derretendo... E o relógio praticamente não passa. Agora sim, esquentar água, tomar aquela espécie de banho, e aí curtir o derreter das velas.

A contagem do tempo é diferente. É. Antes eu contava por minuto. Agora eu conto por hora. Antes eu tinha tanta coisa para fazer e nenhum tempo, e agora tenho tanto tempo que nem sei o que fazer. Então eu resolvi fazer o balanço do ensaio. Daquele ensaio, de imaginar o dia sem luz. Passei, repassei, pensei, repensei, e de tantos os problemas, dificuldades que encontraria, o que mais me fascinou foi o tempo. O tempo ficou mais lento. Até o planeta parece estar girando mais devagarinho, o dia está com mais de 24 horas, certamente. Antes eu precisava de 30, e ainda assim seria pouco. Agora me sobram 10. Já que completei todas as tarefas do dia, e a vela está acabando, vou dormir...





Ah, o último que sair, por favor, apague a luz...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Números mentirosos

Com o termômetro na Gripe A.

Ela começou assim. Toda midiática. Uma pirotecnia midiática. Assombrou o mundo, e depois revelou uma face menos sombria. Será? Em alguns países nem chegou a ser sensação. Em outros, assombrou geral. Chegou a fechar cidades. E então chegou no Brasil, em pleno inverno.

Por aqui ela foi chegando devagarinho. Começou como visita, presente apenas em quem vinha de fora. Mas não demorou, se tornou da casa, e agora já anda por aí por conta própria. Não tem mais o que vigiar. Antes tinha, mas não foi feito. Se alguém acha que foi feito, é porque não foi a aeroportos. Eu fui. Não havia vigilância não.

Então ela começou a encrencar, e o governo brasileiro a delirar. Quando devia abastecer a população de remédios, escondeu eles. Controlou, e não libera. Se você acha que tendo os sintomas dessa gripe, vai ir ao hospital e sair medicado... Surpresa: Não vai. Vão esperar que seu estado agrave, para aí sim medicar. E talvez não dê tempo. É assim que está. E se acha que não, ligue para o seus conhecidos que trabalham em hospitais. Hospitais? Aí vem o bobão da TV dizer que está tudo sob controle, tudo preparado para atender a população. Adivinha? Não está não. Nas emergências, estão todos juntos. Quem quebrou o braço, com os gripados. Acha que não? Vai lá conferir. Eu estive lá. Não estava gripado, e fui parar no meio deles. Claro que não fui atendido, porque o hospital estava o caos, nada funcionava. Parecia um hospital no meio de uma cidade em guerra. Civil. Estou falando em dia de semana, horário comercial. E não era um hospital de referência para a gripe.

Aí mandam um infectologista explicar que se liberar o remédio nas farmácias, as pessoas iriam tomar quando não devia e o vírus acabaria ficando resistente. Claro, porque o mundo não pensou nisso antes. Só os gênios brasileiros pensaram nisso. Gênios. Fizeram isso porque provavelmente não há remédio suficiente, está na cara. Se fosse para controlar, controla então. Passa o procedimento para controle similar ao de faixa preta. Segura a receita, pega a identidade. Fácil. Os países desenvolvidos tem remédios para todos. Nós não. Ei governantes, só para avisar, vocês são pagos para isso. Protejam seu povo, porque são pagos para isso. Se não conseguem, contratem alguém inteligente para fazer isso.

Aí dizem que a mídia toda é para vender remédio. Talvez seja, mas tem gente morrendo. E não são os números esses que aparecem nos jornais. Qualquer um que tenha pelo menos um contato dentro de hospitais sabe que o número de mortes é absurdamente maior. Não o dobro. Não o triplo. Muito mais. Muito mais. Depois de tanta burrada, mentem para evitar o pânico. Será que eles esqueceram que precisam é evitar mortes? Azar do pânico, desde que ninguém morra. Mas sem medicar as pessoas que não estão em estado grave, com um atendimento porco, ridículo, e mentindo para evitar o pânico, não se resolve nada. Se poderia haver pânico, a culpa é do governo que retirou os remédios e não preparou os hospitais para isso. Agora que já fizeram tudo errado, que permitam o pânico. Fechem uma semana as cidades mais atingidas e acabem com a dissiminação do vírus. Sete dias depois, voltaríamos ao início. Casos conhecidos, vírus fora da rua. Quando voltar para a rua, se foi o inverno. E isso muda tudo.

Tempos atrás escrevi um artigo chamado "A ferro e fogo". Era sobre os comandantes do nosso Brasil. Eu acreditava que com ferro e fogo, dava. Dá não. Precisa inteligência também.





sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Ser...Grande

Ser Grande

Muito se fala em ser grande. Em ter foco no que realmente interessa. Muito se fala em deixar passar o que não é relevante, e buscar o que realmente faz a diferença. Ser grande. Ser grande não é ocupar um gigatesco espaço com nossa "massa", mas sim com idéias. Ocupar espaços com novas concepções, conceitos, resolver situações sem se preocupar com o que não leva a lugar algum. Fazer a diferença. E não procurar diferença no irrelevante.

Como quase sempre, e em quase tudo, fazer o diagnóstico não chega a ser tão difícil. Apontar o problema sempre é mais fácil do que dar a solução para resolvê-lo. E o problema aqui é ser grande. Manter o foco. O difícil de se concentrar no que realmente interessa, é que para isso precisamos desligar do que não é importante. Ou pelo menos saber relevar. Ou administrar. Ou apenas tomar conhecimento. Mas quanto menos se envolver com besteiras, mais resultado se consegue na difícil tarefa de cuidar do objetivo final.

Na prática do dia a dia essas questões são muito importantes em duas situações, que são as que mais impactam no nosso tempo: O trabalho e os relacionamentos pessoais. Imagine que no trabalho, onde o stress anda pegando muito forte e cada vez mais forte, para ser grande você precise se afastar do que é pequeno. Isso significa não discutir com o colega ao lado por besteira, em insistir em uma solução mais ou menos porque quer que a sua solução seja a adotada, ao invés de buscar outra mais efetiva. Imagine ter que não perder tempo falando daquela picuinha que o colega da mesa 45 criou a seu respeito. Não se alterar com fatos que não façam diferença na sua vida, mas te incomodam naquele instante. Estamos falando de um policiamento intensivo de si mesmo, até conseguir atingir o ponto de equilíbrio e maturidade para ser assim, e não estar assim, grande.

Fora do trabalho, vem a gama de relacionamentos pessoais, familiares, amorosos, de amizade e tudo mais que compõem a nossa vida. Como gerenciar tudo isso sem bufar de brabo com uma situação de trairagem de um amigo. Ou daquele ciume teimoso do grande amor. Ora, não seríamos humanos se pudessemos separar tudo isso. Nem teria graça o nosso dia sem todas essas emoções. Mas a grande jogada mesmo é saber até onde se pode ir. Quanto tempo, e principalmente quanto desgaste queremos impor aos nossos pares com coisas pequenas que irão ficar logo ali na esquina, para nunca mais serem lembradas.

Algumas perguntas dirigidas a nós mesmos podem ajudar a clarear nossa mente em situações que caminham para desgastes:
- Vale a pena elevar a discussão sobre esse tema? Essa discussão irá gerar algo positivo ou o que está em jogo não é um fato relevante?
- O que essa pessoa significa na minha vida? Vale a pena ir até este ponto de discussão com ela? Vai acrescentar algo na nossa vida? Ou simplesmente o descontrole emocional é que está estabelecido?
- Porque várias pessoas tem me dito que estou agressivo? Estou? Porque? Vale a pena? Precisa?

É claro que tudo isso não quer dizer que devemos ser robôs que verificam automaticamente todas as questões para verificar quando vamos atuar ou não. O ser humano precisa viver as situações para aprender e evoluir. Mas é necessário lembrar que nossa exposição ao stress, excesso de informações, e a rapidez com que nossa era exige que vivamos nos trouxe uma sobrecarga. Então podemos ser sim, mais coerentes e peneirar as situações do dia a dia para melhorar nossa qualidade de vida e nosso rendimento em todos os âmbitos.

Para ser grande, é preciso ser grande.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

21s08

Cielo, mais uma prova de ouro.

Não poderia, de forma alguma, ficar sem citar o feito totalmente relevante que este brilhante atleta realizou no mundial de natação de Roma.

Somente uma vez na história um nadador repetiu nessa prova a medalha olímpica e o ouro no mundial. E isso é muita coisa. A prova dos 50m é decidida no piscar de olhos. Sem respirar, sem errar, sem nem ao menos pensar. É uma prova de máxima concentração e total explosão, muscular. Para quem não nada, 50m parece bem pouco. Para quem nada também, é bem pouco. Mas 21 segundos é mais pouco ainda. Quase nada. Quase tempo nenhum, admitindo erro nenhum.

O melhor, é que não é só Cielo. A natação brasileira vem mostrando uma evolução bastante consistente, nesse esporte de ponta e extremamente competitivo. Nas piscinas e nas águas abertas, o Brasil vem conquistando algum espaço. Em vários esportes isso vem acontecendo. Uso a natação como exemplo porque é também meu esporte, mas principalmente porque é um dos grandes esportes olímpicos. E é justamente nas olimpiadas que mostramos que o Brasil é o Brasil. Nas olimpiadas que mostramos que levaram todo ouro daqui, e só sobrou lata. Nas olimpiadas nossos favoritos fracassam. Mesmo sendo os melhores do mundo, fracassam. Sempre defendi que o fracasso dos nossos inúmeros favoritos, campeões mundiais, e que quase sempre fracassam na olimpiada tem relação com o país que eles defendem. É uma coisa tão absurda para um brasileiro ter uma medalha olimpica, que mesmo ele sendo o melhor do mundo, o feito praticamente fica impossível. Alguns usam a expressão "pipocar". Eu prefiro ver como herença. Herança de um país que tem medo do ouro. Alguns ganham. Mas isso é menos, bem menos do que o número de medalhas que nossos atletas poderiam trazer. Se não tivessem medo do ouro. Experimente tirar das nossas medalhas douradas, os atletas que treinam fora do Brasil, para ver o quanto sobra...

Por isso os "Cielos" são tão importantes. Atletas que não tem medo do ouro. E que precisam contaminar os demais com esse absurdo.

Vale a pena ver de novo:

sábado, 1 de agosto de 2009

É isso aí.

Marca é isso aí.

É impossível não falar de marcas sem lembrar da Coca Cola. Certamente um dos maiores cases de sucesso de todos os tempos, a Coca Cola atravessa gerações na liderança. Não importa o quanto os concorrentes tentem ou gastem em publicidade. Coca Cola é sempre Coca Cola, em qualquer lugar do mundo.

Provavelmente uma das poucas besteiras que fez na sua história foi viabilizar as tubaínas (refrigerantes locais). Sim, foi a própria Coca que viabilizou as tubaínas. Foi a Coca que capitaneou e apoiou a introdução da embalagem PET no mercado dos refrigerantes, para facilitar a distribuição. O detalhe esquecido é que a Coca já tinha a melhor distribuição do mercado. Pior que isso. A maior dificuldade de todo e qualquer concorrente menor sempre foi o custo com os "cascos"de vidro. Mais caros que o próprio conteúdo.

Sem o excessivo custo da embalagem, as tubaínas tiveram seu caminho aberto para ampliar a sua distribuição, e ameaçar cada vez mais o reinado da gigante insuperável. Localmente se pode ver marcas vendendo, e vendendo muito refrigerante, mesmo com a blindagem das grandes marcas (não só da Coca) através de acordos de exclusividade com inúmeros estabelecimentos.

Independente disso, a velha Coca, que na verdade começou como remédio para o estômago, continua liderando. E mais. Todos os outros mudam. Todos os outros atacam a Coca. Mas a Coca não precisa mudar, porque Coca Cola é isso aí!





A concorrente bate...






A local esfola...




Mas no fim... Coca-Cola é isso aí!

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