Agora é guerra. O Brasil assiste de camarote uma guerra gigantesca, declarada e já beirando o apelo entre as emissoras. E não entre as principais. Entre todas. Comprando direitos de programas internacionais, a Globo começou lá em 2000 "No Limite", primeiro reality de grande apelo popular. Não chegou no limite do sucesso, porque nosso povo se sensibilizava com o sofrimento dos participantes... Mas a onda pegou. O "Big Brother" chegou em 2002 e se tornou um dos maiores fenômenos da TV brasileira. O SBT já havia lançado "A Casa dos Artistas" em 2001, e atualmente todas emissoras têm seus realitys, bons ou ruins, em uma batalha colossal pela audiência.
Terminada a 9° edição do "BBB", e a 6° do "Aprendiz "(os dois melhores, disparado), a bola da vez é "A Fazenda" da Rede Record. Mesmo com uma produção arrastada, fraca, um apresentador horrível e participantes menos atrativos (teoricamente famosos) que os desconhecidos do "BBB", "A Fazenda" tem dado dor de cabeça aos concorrentes com a fatia de audiência que tem abocanhado. Esse formato de programa teve o efeito da garrafa PET no mundo dos refrigerantes: Possibilitou os menores concorrerem de igual para igual com os gigantes (O maior custo para uma empresa de bebidas era a garrafa), fato esse que desencadeou a guerra dos realitys. Já atordoado pelo próprio desgaste, o Fantástico tem apanhado feio da Fazenda, e a Globo já demonstra desespero total para recuperar o horário nobre do domingo. Colocou no ar um programa medíocre, mal feito, em um formato nada interessante chamado "Jogo Duro". Não colou. Agora está trazendo de volta "No limite", com o excelente Zeca Camargo.
O SBT parte para briga com "NovosÍdolos", versão do sucesso American Idol, já que a Record comprou os direitos do "Ídolos"que o SBT produziu anos atrás. Além de ter levado para sua programação o ícone Roberto Justus, aniquilando o excelente "O Aprendiz" da Record. O SBT ainda tem "Os Astros", que na verdade é baseado no antigo "Show de Calouros", mas não deixa de ser um reality. "Solitária"seria outra arma do SBT, uma espécie de versão do famoso quarto branco do BBB9, além de outros estudos que podem ser lançados em breve. A guerra já chegou a tal ponto, que a Record já admitiu usar a estratégia de "saturar" o público com realitys sucessivos para evitar o sucesso do "BBB10", que deve chegar com premiação de 10 milhões ao ganhador. Na rede já se multiplicam sites de fãs clubes e de comentaristas especializados nesse tipo de programa, indicando que o interesse do público só aumenta.
Outro fator que bate forte nessa questão é a perda de audiência da TV aberta em geral. Os canais abertos tem perdido audiência sistematicamente para TVs fechadas, por assinatura. E os realitys têm se mostrado uma ferramenta para diminuir essa perda. É evidente que esse tipo de formato tem uma rejeição grande da classe mais "intelectualizada" da população. Mas a audiência gigantesca acaba arrastando curiosos para esse time. Eu confesso que acompanho alguns, e assisto outros. O comportamento humano me fascina, e os realitys são uma amostra grátis de pesquisas comportamentais muito interessante.
Nesse baile todo, é indiscutível a superioridade do "BBB". Apesar de todas as suspeitas de direcionamento, manipulação, a produção do "BBB" é fantástica. A parte técnica é impecável. Vemos alguns problemas quanto às regras, mas essa flexibilidade também permite manter estratégias que tornam o programa mais surpreendente durante a exibição. Sem contar o apresentador, Pedro Bial que é um mestre desse formato. Na segunda posição certamente fica "O Aprendiz", ancorado basicamente na figura de Roberto Justus, com uma condução fantástica e muito bem produzido. "No Limite" também tem a qualidade que a Globo traz em suas produções, mas que não funcionou no péssimo "Jogo Duro". E "A Fazenda" tem um apelo bom, mas apesar do sucesso de audiência, o programa é arrastado, chato e muito mal apresentado.
Os do SBT confesso que não tive coragem de assistir mais do que alguns minutos, mas pelo pouco que vi, os participantes não ajudam no andamento do programa, e a audiência acaba ficando na peneira grossa.
Os do SBT confesso que não tive coragem de assistir mais do que alguns minutos, mas pelo pouco que vi, os participantes não ajudam no andamento do programa, e a audiência acaba ficando na peneira grossa.
De qualquer forma, a guerra deve continuar, provavelmente novos programas serão trazidos e o público será saturado com o formato. O Reality se tornou a grande arma das emissoras, principalmente na questão de patrocínios, pela facilidade de inserir campanhas no formato. Vamos torcer para que a qualidade também aumente, e para quem gosta de analisar comportamento humano, o prato está cheio!
Fazia tempo que esperava que algum 'blogueiro' de plantão, ou até mesmo que um reporte qualquer, abordasse esse tema. Não da para passar em branco, os 'realitys shows' são febre em nosso pais e em qualquer lugar do planeta. Mesmo que seja cultura inútil, e não admitimos que de vez em quando demos uma olhadela despercebida, é fato que causa maior debate em nosso dia-a-dia e enorme audiência para as emissoras. Bom, se o primeiro mundo aprovou os 'realitys shows' porque o Brasil não pode. Parabéns pelo artigo e pela maneira como escreve, digno de um cronista.
ResponderExcluirMazah! Escreveu tão bonito que quase publiquei como novo post!
ResponderExcluirObrigado pelos elogios, quem sabe um dia saia algum esboço de cronista! Com sorte né!
Abs