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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A mulher na direção.

A mulher na direção.

Desde muito, talvez de sempre, que existem dois pré-conceitos com relação à mulher. (Eu sei, a palavra preconceito já existe, mas ela reflete melhor o significado dela sendo escrita de forma separada, explicitando o julgamento feito de forma precoce, ou sem propriedade). Um deles, "mulher no volante, perigo constante," é um fato até reconhecido pela maioria delas. E aí vem o outro, usado menos como piada, mas igualmente ativo até hoje. Mulheres em cargos de direção no ambiente de negócios.

Pois bem, os dois pontos são pré-conceitos reais, e também são fatos indiscutíveis. Não sou machista. Mas também não pago de defensor da igualdade onde ela não existe. No geral, as mulheres dirigem pior. Eu falei no geral. Mas na outra ponta a questão já não é bem assim. A mulher vem conquistando seu espaço no mundo dos negócios, e vai crescer cada vez mais nisso. Não há dúvida. E também não há dúvida que tem todas as ferramentas para isso. Essa igualdade será sim construída, a despeito dos antigos carrancudos que fumavam seu cachimbo enquanto dirigiam suas empresas, sem ao menos participar suas esposas do que acontecia. Cachimbo ainda não vi, mas charuto a mulher moderna já encara sim.

De fato ambos os assuntos já são amplamente discutidos, seja nas piadas de mulher no volante, seja nas sérias conversas sobre a evolução feminina nos altos cargos. Nesta semana, vivemos lá na empresa uma situação que me induziu a escrever sobre estes temas.

Estávamos saindo para o almoço boa parte do grupo gestor da empresa. Três caras e uma mulher. Ela, gerente de recursos humanos da empresa, alvo, portanto, de todo e qualquer tipo de pegação de pé relativo a comportamento dentro da organização. Como é uma empresa de serviço, e, acima disso, de conhecimento e inteligência, a importância da gerência de RH é vital para que tudo funcione. Vital mesmo. Então já temos o primeiro ponto: Uma das gerências mais importantes da organização é ocupada, e com propriedade, por uma mulher. Ponto para as mulheres. Mas até aí, nada de novo, nada de extraordinário pelo menos. Engraçado foi mesmo os 3 caras, evidentemente que como todo brasileiro apaixonados por carros, entrando no carro... Dela! Sim, ela é que tem carro mais apropriado para um almoço de negócios, dos 4 envolvidos. Sem abordagem das questão de valores de cada carro, o que estamos levantando é questão de posição corporativa. Então virou uma gargalhada geral, quando entramos todos, como caroneiros, no carrão preto cheio de pompa da nossa gerente, que vestia um traje rosa, e nos levou ao restaurante. Alguma coisa demais? Nada. Mas ainda assim é engraçado. E a cara dos manobristas do restaurante (que nos conhecem) confirma. Aquela cena antiga, das imagens dos carrancudos de negócios postados na sala ao lado regada a fumaça e whisky enquanto as esposas tricotavam acabou. Mas a cena da gerente de traje rosa, levando os três para o almoço, essa ainda impacta. Dois ainda usavam terno, ao que pareciam seguranças dela. Só faltando para isso que um fosse o motorista.

Para quem não acredita, a mulher está sim na direção. E mais, na direção correta. Seja em qual ambiente for. Ou tem algum cidadão aí que ainda prefere a mulher no tanque do que produzindo riqueza para a família? Mas apesar disso, algumas cenas ainda são curiosas, e tenho que admitir, boas risadas saíram daquele almoço, a nossa gerente rosa-choque que o diga...





Vai uma carona aí?

sábado, 24 de outubro de 2009

Computopia

Algumas previsões, entre tantas feitas, acabam se confirmando. A pequena imagem acima, tem 40 anos, e veio do Japão. 40 anos atrás, os japoneses vislumbraram a interação homem máquina, o avancó tecnológico controlado e a serviço da humanidade. Previsão ou delírio, boa parte se confirmou, ou está a caminho da confirmação. Estamos realmente evoluindo rápido com a robótica, com a inteligência artificial, e isso que nem temos a informação atualizada. Até pode ser paranóia minha, mas sempre imagino que estamos pelo menos 10 ou 20 anos defasados das descobertas de ponta. De ponta, eu quero dizer das pesquisas onde tudo realmente acontece, e certamente isso não é em laboratórios com endereço e CNPJ.

Deixando a paranóia de lado, é interessante ver uma previsão como essa, fazendo 40 anos de idade estar tão próxima da realidade. As vezes nos superamos em alguns fatores, talvez com alguma ajuda externa, talvez sozinhos, de qualquer maneira fica muito difícil saber alguma coisa aqui do lado de fora. Entende-se o que quero dizer com lado de fora, né? É fato que a ciência está voando rápido, nas questões que interessam, obviamente. Sim, porque a medicina só avança rápido mesmo em relação às doenças de massa, de grande volume de venda, de medicamentos. Nas de menor ocorrência, bem... Claro que não é só na medicina, em outras pontas tecnológicas é o mesmo caso. Ou alguém aí tem dúvida que já existem soluções para a substituição do petróleo à décadas? Ih, mas hoje esse artigoleiro está mesmo cheio de paranóias. Quem sabe. Talvez daqui a 40 anos possamos saber, assim como essa imagem japonesa nos mostrou sua perspectiva de realidade.

E se fossemos agora, neste fim de 2009, montar uma imagem de um momento 40 anos mais velho, que cara ele teria? Será que ele se pareceria como a imagem japonesa, mais aperfeiçoada, com computadores com cara de Steve Jobs, ou será que iremos para o lado contrário? Será mesmo que nossa meta será a evolução tecnológica, avanços, inovações? Ou teremos um novo ciclo, ou melhor, o retorno de um velho conhecido ciclo... Será que nossa sede pela "evolução" não acabou ferindo o maior dos organismos vivos que conhecemos? E se isso realmente aconteceu, e ao que tudo indica já aconteceu, quais serão as consequências? Talvez, e apenas talvez, a evolução que se espera de Nós não seja bem à relativa a computadores, máquinas e outros brinquedos. Ou talvez também seja, mas que essa evolução não pudesse nos fazer esquecer das demais, e principalmente, essa evolucão permitisse que o nosso maior organismo vivo, e a única razão da nossa existência continuasse sem ferimentos.
Tarde demais? Ainda não sabemos. Mas esse organismo, o maior deles, a Terra, tem nos avisado. Ou comunicado. Ou avisou, não adiantou, e agora está nos comunicando, com no mínimo um grande desastre natural por semana, que talvez nosso próximo desafio seja bem mais simples e ao mesmo tempo bem mais complexo, do que criar máquinas e subir arranhacéus.


Nós da Terra podemos imaginar que desafio seria esse?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cidade do Cristo.

Sacrilegious.

Nunca fui ao Rio. Sou brasileiro, moro no Brasil, e nunca fui ao Rio. Amo viajar. Viajo sempre que posso, conheço muitos lugares, tanto no Brasil quanto fora dele. Mas não conheço o Rio. O mundo todo vai ao Rio passear sob o olhar sereno do Cristo, o mundo todo se interessa pelo Rio, que é sim uma das cidades mais lindas do mundo. E eu nunca fui ao Rio. Inicia temporada de férias, termina temporada de férias, e eu vou deixando o Rio para depois. E deixo por um simples motivo: É das cidades mais bonitas, mas requer algum cuidado. Quem vai, geralmente volta dizendo que é tranquilo, que as notícias exageram, aquela coisa toda midiática para produzir notícia fresca (todos sabem que o que mais vende na mídia da informação é sangue)! Mas eu acabo ficando com aquela pontinha de desconfiança, acabo achando que requer sim algum (grande) cuidado. Como estamos falando de férias, não quero ter cuidados. Cuidado é exatamente o que eu quero evitar. Quero relaxar, ficar tranquilo, estou de férias! E o Rio fica para a próxima. Já estive a ponto de ir para o Rio várias vezes, mas outras opções mais "tranquilas" acabaram tendo a preferência "dessa vez". E o tempo vai passando, e eu ainda não conheço o Rio.

Agora as Olimpíadas vem ao Rio, já escrevi sobre isso, sobre como será interessante. E vai ser. Ou não? O Rio costuma ser a mais visada cidade brasileira. Quem manda é Brasília, quem tem dinheiro é São Paulo, mas o Rio é que é a vitrine do Brasil. Isso é quase que inegável. O mundo sabe do Rio. Então quando tem notícia relevante do Rio, o mundo fica sabendo, o mundo se interessa. E sendo uma sede olímpica, a vitrina aumenta. E muito. Nesta semana, o mundo todo e mais um pouco, soube que um helicóptero da polícia foi derrubado por traficantes. Eu conheço alguns europeus, e volta e meia recebo alguns aqui na ponta de baixo do Brasil. É claro que eles chegam preocupados, cheios de medo, colhendo informações, tendo o máximo cuidado. Tentamos sempre aliviar a imagem, mas sem os deixar relaxados demais. Mas aí, precisamos manter nossos cuidados diários, na hora de estacionar liga-se alarme, coloca-se tranca, e escolhemos o local que "se pode" estacionar. Então nossa tentativa de aliviar essa imagem se torna vã. Porque uma coisa tão banal para nós, brasileiros, como ter o carro roubado para eles é algo de alto impacto. E se isso é feito de arma em punho, aí já toma proporções que eles definitivamente ignoram e acabam ficando apavorados. Não é questão de imagem, é questão de que é verdade.

Então eu, acostumado a me cuidar o tempo todo, tentando me convencer a cada férias, que está no momento de ir ao Rio, falando com as pessoas que voltam de lá tranquilas (que sim, é a maioria), vou me convencendo, vou me convencendo, e aí vem uma questão que assim como o roubo de carros, é verdade: Um helicóptero é derrubado. Ora, só no Iraque, no Afeganistão e em guerra helicópteros são derrubados, e mesmo lá isso é notícia mundial. Mesmo durante a guerra do Iraque, era notícia quando um helicóptero era abatido. Então vamos imaginar o mundo recebendo essa notícia, o mundo que se impacta com um roubo de carro, recebendo uma informação que até em guerra é notícia, e da cidade dos Jogos Olímpicos...

Não vou colocar aqui imagens de helicópteros sendo derrubados, nem de fuzis e metralhadoras, nem de nada de negativo. Eu quero ver o Rio como ele é, a cidade maravilhosa. Quando eu for ao Rio, quero olhar o Cristo, e quero fazer isso sem me preocupar se meu bolso vai estar com ou sem carteira quando baixar o olhar. Quero poder ir tranquilo, de férias, a passeio, e não tendo todos os cuidados... É claro que o Rio não será visto por nós tão seguro como Zurich, talvez nem por nossos filhos ou netos. Mas quero ir ao Rio sem saber que um ônibus acabou de ser incendiado. Quero ir ao Rio sem saber que um helicóptero foi abatido! Quero tirar a mancha do meu currículo de viajante, de nunca ter ido ao Rio!

Alow Rio, quero te conhecer!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

FlashForward

2:17

Imaginem se o mundo inteiro apagasse. Todas as pessoas deste planeta desacordadas por exatos 2 minutos e 17 segundos. Aviões caindo, carros batendo, tudo, absolutamente tudo parado por 2 minutos e 17 segundos. Ao acordar, cada pessoa teria visto seu futuro, 6 meses adiante, pelos 2 minutos e 17 segundos.

Quais as possibilidades para o desfecho desse evento? E nem estou falando a nível mundial. Para cada pessoa. Imagine você vivendo esse fato. E na visão, nada. Apenas a escuridão... Estava dormindo? Ou... Imagine você se vendo ao lado de outra pessoa, que não é seu par... Imagine se a sua visão mostra alguém que você já perdeu, como seria? É claro que a dúvida de se realmente é futuro o que foi visto acontece, mas e se ela vai sendo derrubada por pequenas partes da visão que vão se confirmando? Você viveria sua vida como ela seria levada normalmente, ou a visão vai influenciar diretamente suas decisões? E se a visão mudar tudo, influenciar tudo e gerar um novo futuro? Um dos melhores filmes que já vi abordam com maestria essa questão, Efeito Borboleta.

Quando os visões começam a se complementar, alguém que você viu viu o mesmo que você, as suspeitas de que essa verdade relativa se confirmará vão ganhando força, ao mesmo tempo que direcionam as decisões para que isso aconteça. Neste seriado que começa prometendo muito, até por entrar no horário de Lost, é exatamente isso que acontece. E já no terceiro episódio, sabe-se que isso foi artificialmente provocado. Não teve uma causa natural. Então, possivelmente alguém manipulou isso. Então, alguém manipulou as visões para manipular o futuro. E se as pessoas influenciam suas decisões por acreditar que o inevitável irá acontecer, estamos frente a frente com a perda da maior responsabilidade do ser humano: O livre arbítrio.

Assim como os últimos grandes seriados da atualidade, Flashforward aborda por trás da ação toda, um tema extremamente forte, que na verdade enfrentamos todos os dias, mesmo sem saber. Ou alguém pensa que não somos testados todos os dias por esse tipo de jogo?


Então, o que você viu?

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Os anéis do Brasil

Foi então, escolhido o Rio de Janeiro. Em 2016, o Rio será o palco da maior celebração do esporte mundial. É claro que um evento desse porte traz a tona mil e uma discussões, conceitos, opiniões. Sediar uma Olimpíada impacta no país todo e de todas as formas, e a maioria das pessoas acaba se posicionando a respeito.

Um dos primeiros pontos discutidos é referente as condições do país. Como um país com tantos problemas na área da saúde, da educação, com tanta pobreza se dispõe a bancar um evento desses? Pois bem, eu acho mesmo que temos sim que bancar. Se vai ser gasto X ou Y, não é isso que faz diferença em um país tão rico que joga tanto dinheiro fora com desvios, má aplicação e outras "cositas más" que conhecemos tão bem. Não é isso que vai arrumar a casa do nosso país. Pelo outro lado, sediar uma olimpíada pode nos ajudar em vários pontos que temos dificuldades. A começar pelo nosso marketing externo. Só vendemos um Brasil de carnaval, futebol, de morenas peladas e corrupção. Vendemos uma imagem de favelas e praias, e não sabemos fazer diferente disso. Talvez o mundo nos mostre como fazer isso. Talvez o mundo nos veja, nos conheça realmente (não, o mundo não conhece o Brasil, acreditem!) e nos mostre como devemos nos vender. Talvez o mundo nos compre, sem precisarmos nos vender. Quantas são as organizações que são compradas, e nem precisam saber se vender? Agora, um país toda vida roubado e diminuído tem a oportunidade de colocar os anéis do esporte. Cabe a nós aproveitarmos essa oportunidade que as circunstâncias criaram e cumprirmos a nossa obrigação. A obrigação de dar condições do mundo saber quem somos, e fazer valer a criatividade que é um dos grandes diferenciais do nosso povo multi-racial. Talvez seja a oportunidade de deixarmos um pouco de nos concentrar nos nossos problemas, e passemos a analisar mais as soluções. O mundo todo estará nos olhando, curioso com esse gigante adormecido que possui todas as riquezas mas alimenta todas as pobrezas.


Então que venham os anéis olímpicos, que chegue ao Brasil o maior evento esportivo do planeta. Que o mundo conheça não apenas o que burramente divulgamos, carnaval, futebol e favelas. Mas que conheça tudo mais que temos por aqui, e não é pouco. Infelizmente sem rumo, e sem um povo sério para fazer funcionar. E apesar disso temos muito, à oferecer, e a ensinar ao mundo, que os gigantes do planeta também não são tão bons assim. Que venham os anéis, e que a cidade maravilhosa seja maravilhosa, e faça o mundo reler seu conceito do Brasil.

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