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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Arranhando o crescimento Verde e Amarelo.

Lá vinha o Brasil, surfando tranquilo em altas ondas do bom momento mundial. Vários anos de crescimento, boas expectativas, exportações em alta, mercado imobiliário em ebulição histórica, tudo azul no país Verde e Amarelo. Todos felizes, cheios de glórias, clima de segurança total! A confiança era tanta, que o número de investidores na bolsa de valores (investimento de risco) crescia como nunca no país. Mas como o mundo é redondo, dá voltas, e tudo aqui é cíclico... Boom! Estourou a bolha.

No início não se sabia o tamanho do rombo. Mas as instituições atingidas sugeriam que não era brincadeira de peixe pequeno. Grandes bancos americanos (em especial os bancos de investimento) intoxicados por títulos podres, baseados em empréstimos hipotecários de alto risco que dificilmente serão pagos, sendo vendidos ou perdendo o controle. Gigantes do ramo imobiliário americano começaram a ruir. Fannie Mae e Freddie Mac ficaram a beira do abismo. Imediatamente foram arrastados bancos de nível mundial por todo o planeta. A europa, mais frágil do que se pensava, caiu rápido. Japão também. GM, Chrysler, AIG, e outros gigantes com baixa liquidez foram instantaneamente ameaçadas pela retração avassaladora no crédito mundial. Elas e toda sua poderosa cadeia, evidentemente. Já era fato consumado então, a maior crise mundial desde 1929. A família americana abarrotada de cartões de créditos, dívidas e sem poupança sinalizava que o problema não era apenas das grandes corporações. Os abonados executivos de Wall Street antes aclamados, agora eram caçados e demitidos. O mundo todo trancava o dinheiro para saber o quanto realmente tinha no cofre. As bolsas foram ao chão. Os governos anunciaram planos bilionários de ajuda às empresas mais afetadas, e o pânico estava totalmente estabelecido nos meses de agosto e setembro de 2008, auge da crise. O ouro explodiu. O ouro, que não é investimento, é proteção ao patrimônio. O mundo então voltava os olhos para os BRICs, enquanto curiosamente o dolar americano, epicentro da crise, valorizava.

BRIC é a sigla criada por um economista do Goldman Sachs que designa os quatro principais países emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia e China. Os gigantes em tamanho e população que de uma hora para outra se tornaram o último pilar seguro do planeta. No início se previa que eram os únicos a continuar crescendo. Mas aos poucos esses países vão entendendo que nem eles escaparão da recessão.
Então chegamos ao Brasil. Nosso presidente falava em marolas, autoridades governamentais elogiavam a força do Brasil e sua blindagem. Mas o discurso otimista não se sustentou. A Bovespa seguiu o caminho das bolsas mundiais e beijou a lona, apavorando investidores e empresas. As multinacionais barraram imediatamente investimentos, e logo começaram a demitir. As grandes empresas se preparavam para sobreviver à crise, cortando na carne, encolhendo. De qualquer forma, os BRICs se comportam até o momento muito melhor que a tendência mundial, a China deve crescer, e o Brasil deve ficar do mesmo tamanho, ou muito próximo disso.

O governo segue mantendo um discurso sempre um pouco mais otimista do que a maioria dos economistas, e tem tomado algumas medidas tentando impedir a queda do consumo. Tirou IPI sobre veículos (uma das cadeias mais afetadas pela crise, e representa quase 25% do PIB industrial brasileiro), sobre alguns eletrodomésticos e deve baixar o rendimento da poupança. Tudo para fazer o dinheiro Verde e Amarelo circular.

E nas ruas, o que acontece? De fato a redução do IPI dos veículos zero Km gerou um fenômeno no mínimo curioso. Mundo em crise, desemprego aumentando, e as concessionárias de veículos novos com filas de espera para alguns modelos. Filas nos populares, ruas cheias de camionetes luxuosas, provocando a tendência mundial. Agora resta a dúvida, está sobrando dinheiro no bolso do brasileiro, ou a empolgação venceu o conservadorismo que nos manteve a salvo da crise antes, e estamos, agora, comprando apartamentos acima do valor de mercado (financiados...), colocando mais carros nas ruas com financiamento a perder de vista, exatamente como fez o americano alguns anos atrás...

Ciclo?

Boa sorte Brasil, de Verde e Amarelo.

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